segunda-feira, 27 de abril de 2015

A POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGA


Disponível: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAXdEAK/politica-na-grecia-antiga. 27/04/2015.

A organização política da Grécia era dada pelas condições geográficas e econômicas, pois ela era dividida em pequenas unidades econômicas, assim não foi capaz de criar grandes sistemas políticos. Para se proteger de ataques, constroem refúgios fortificados no topo das colinas, e o começo das cidades, que logo se tornam o centro da vida religiosa, social e política, morada dos reis e dos sacerdotes. O sistema de vida dessas comunidades é descrito por Homero (poeta grego séc. VIII ou VII a.C) na Ilíada e na Odisseia. “Esses poemas descrevem o passado, não o presente: eles se referem ao tempo em que a redistribuição dos ramos gregos estava ocorrendo por toda parte, e quando não poucas características do passado egeu eram observáveis na vida da aristocracia” 1 O que se observa é que, econômica, social e politicamente o elemento dominante comum a todas as cidades descritas por Homero é a aristocracia, corporificada nas famílias. Cada família é dividida em grupos – fatrias- de natureza militar e religiosa, abaixo vem à população, dividida segundo a ocupação, posição social e residência. Os membros dessa classe plebeia é que formam o Demos, há os que possuem terras, outros são locatários ou servos e cultivam a terra dos senhores, outros alugam seu trabalho, existem os artesãos que vivem nas cidades e há também os escravos produtos das guerras. Não se sabe como surgiu esse sistema social considera- se essas famílias governantes como descendentes de heróis, isso está mais relacionado com os mitos mais antigos sobre deuses e heróis. Apesar da origem divina, o rei não era um déspota, não se considerava um deus nem senhor dos seus súditos, era sim o líder o chefe do clã, da família que tinha descendência divina. Com o avanço das tribos guerreiras (Dórios, Eólios) houve uma migração e uma redistribuição do povo grego na Ásia Menor, no platô de Anatólia. “Uma das conseqüências das invasões dórias teria sido a destruição quase total da civilização micênica” 2 Quando os grupos vindos da Grécia conquistaram os reinos da Anatólia, a primeira providência foi a de estabelecer seu poder, definir as relações com os colonos. Eles pouparam os templos, essa política pode ser vista na cidade de Éfeso no famoso templo de Ártemis, com toda probabilidade os gregos e a aristocracia governante nas cidades conquistadas se uniram para criar uma só classe dominante, com a população local de lavradores e pastores trabalhando para eles. A prosperidade dos gregos da Ásia Menor afeta a sua vida social e política, ao lado da aristocracia surgem os mercadores, os proprietários das vinhas e das fabricas e isso leva a uma ruptura nas famílias. A vida do fazendeiro pobre expulso pelos grandes para as colinas e pântanos é descrita na poesia de Hesíodo, um camponês beócio. “Ele descreve a vida árdua num pequeno pedaço de terra sem nenhuma animação no presente, e com a constante preocupação pelo amanha e sem nenhuma esperança para o futuro.” As despesas da minoria, o luxo com que se cercavam a exploração das massas e o número maior de escravos não foi suportado e gerou uma luta desumana e cruel entre as classes. Durante os séculos que se seguiram a invasão dos Dórios, nasceu lentamente à civilização grega propriamente dita, não como um milagre, e sim pelos conhecimentos aprendidos e adaptados de outras civilizações era uma unidade cultural básica, mas apresentava variantes em relação ao elemento humano que a compunha, as regiões, as paisagens e as influências. O desenvolvimento político e social da Grécia acompanhou o crescimento econômico, a formação e estabelecimento das cidades-estado é a principal característica, mas esse processo não foi simultâneo ou idêntico em todo lugar. Durante muitos séculos algumas regiões mantiveram o sistema de governo do tipo clã e todas as peculiaridades do período homérico. Nas cidades-estado, a vida política é concentrada num único lugar a cidade, ela é considerada o centro religioso, econômico e político do distrito unido em torno dela, todos os habitantes desse território são cidadãos e, juntos organizam a vida política, econômica e social. Os estrangeiros, servos e escravos são os únicos excluídos da categoria de cidadão. Nessas cidades-estado, o poder político passa das mãos do rei do clã para um grupo de cidadãos, primeiro para as famílias importantes ligadas ao antigo rei, em seguida para os proprietários rurais e, finalmente para os cidadãos, o primeiro momento é chamado “aristocracia” e o ultimo “democracia. No inicio a cidade grega verá muito rapidamente a diminuição do poder dos reis e um controle reforçado dos nobres sobre o conjunto social e político, foi nos círculos aristocráticos e guerreiros que se pensaram os modelos políticos que serão utilizados pelas cidades, com a expansão progressiva do número de pessoas que deveriam fazer parte desse novo modelo político. Ao fim das monarquias o que se viu foi o monopólio dos nobres sobre os assuntos coletivos, com o controle da justiça e da religião, a base do poder dos nobres era o controle da terra, em sua maior parte a produção nos campos assegurava o ajuste das massas rurais. As lutas políticas se desenvolviam no interior destes grupos, cujo poder era garantido pela força da sua ideologia. No entanto certas forças vão levar à mudança, uma crise agrária ameaçava o Demos com a escravidão, este processo foi resolvido durante algum tempo com a colonização, a exigência de justiça serviu para que o povo ficasse mais consciente na luta por maiores direitos. As lutas nas classes aristocráticas já não se resolviam no interior da sua camada, o clima tenso obrigou os aristocratas a aceitar legisladores que colocassem ordem nos assuntos coletivos e trouxessem a paz, através de medidas que quase sempre contrariavam seus interesses, como o perdão das dividas. Governando entre as rachaduras internas e o descontentamento popular muitas vezes com o apoio dos ramos secundários das elites, nasce o tirano, personalidade nova que inaugura o poder pessoal, no lugar do antigo poder aristocrático, esse golpe de estado se faz contra a aristocracia e o seu exclusivismo em alguns casos parte da nobreza se entende com o tirano e até o apóia.
Ele busca no Demos apoio contra o monopólio aristocrático, quando o golpe é violento, ele exila as famílias nobres e faz a partilha das suas terras, no meio urbano pratica a política das grandes obras (fontes, templos, teatros), no social quebra os quadros que garantiam o controle dos nobres sobre o povo e por fim para limitar o papel desempenhado pelos nobres na justiça rural, cria os juízes itinerantes dos Demos. Como lhe faltam tradições e justificações religiosas, o tirano atrai para sua corte poetas e sábios de todo tipo que interferem no domínio cultural e religioso. No campo político ele pouco ou nada intervém, só toma o cuidado de preencher os cargos de magistrados com aqueles que são fiéis a sua pessoa. Por suas próprias medidas eles fazem desaparecer as causas que possibilitaram a sua ascensão ao poder e prepararam uma intervenção mais autônoma do Demos nos assuntos da Polis. Os gregos inventaram a política, o fato de a política ser central na vida do ser humano era algo tão claro para eles, que é isso o que os faz distinguir o homem dos deuses e dos animais. O homem é um animal político, está, portanto destinado a viver em sociedade segundo a célebre expressão de Aristóteles (filosofo grego 384-348 a.C). Na Grécia Antiga o que vai prevalecer na época clássica e a divisão entre os que têm, possuem o direito de participar e os que não têm e não possuem nenhum direito, quando os gregos pensam em política, eles pensam primeiro nos cidadãos, seus debates, instituições e lutas. A mobilização política não é um fim em si, age-se em certas condições, na medida das possibilidades do momento, a procura de algum resultado, o esforço necessário e o sucesso são avaliados em relação aos resultados esperados. Nós como historiadores, pelo estado de espírito e pelo tipo de ética que sustentou a política na Grécia Antiga, devemos compreender e tentar explicar a surpreendente estabilidade da democracia, devemos buscar a razão desse fascínio em relação à real importância que esta instituição despertou ao longo da história na antiguidade e nos tempos modernos.


domingo, 26 de abril de 2015

FOI FALAR DO QUE VIU, ATIROU NO QUE NÃO VIU

(O CLAUDICANTE FUNCIONALISMO PÚBLICO BRASILEIRO)

Por: Claudio Fernando Ramos, 26/04/2015. Cacau “:¬)


Ao comentar a situação dos concursos, a ministra Cármen Lúcia afirmou que, por conta do número alto de candidatos, no Brasil, "concursos são feitos para eliminar uma vasta gama", quando deveriam ser feitos para "selecionar os melhores".
https://br.noticias.yahoo.com/stf-decide-justi%C3%A7a-pode-rever-crit%C3%A9rios-usados-concurso-200100651.html

Essa proposição da ministra do Supremo expõe, de forma simples, mas contundente, as vísceras dos concursos públicos no Brasil e  põe por terra algumas teses absolutistas aventadas, com grande estardalhaço, pela maioria dos professores de cursinhos preparatórios: “Não existe concurso difícil, o que existe são candidatos mal preparados”; “Se houver foco, dedicação, perseverança e disciplina chega-se a qualquer lugar”; “O céu é o limite”; e por aí vai.
Nós, a exemplo do que convém a todo e qualquer tipo de pensador, sempre fomos céticos quanto à validade dessas “verdades” estrategicamente construídas pelos bem intencionados colegas da docência.

Por fim, com todo cuidado para não tirar a ministra do seu contexto original, ou seja, dizer que ela disse o que nunca teve a intenção de falar, talvez, mesmo que sem querer, ela nos tenha dado a chave de resposta para uma das perguntas que sempre nos deixou intrigado: por que é que os serviços prestados a população pelo funcionalismo público nacional, nas três esferas da federação, onde teoricamente deveríamos ter os melhores quadros, é, majoritariamente, de nível C, D e E, quase nunca de níveis A e B? Em outras palavras, são péssimos e ruins, dificilmente bons e excelentes. Esses fatos se aplicam, sem exceções, aos médicos, professores, bancários e a quaisquer outras categorias profissionais arroladas aos municípios, estados e federação. Cacau ":¬)      

sábado, 11 de abril de 2015

POR QUE TODA UNANIMIDADE É BURRA?

(O pagode na berlinda)
 Por: Claudio Fernando Ramos, 11/04/2015. Cacau “:¬)



Lembro-me, não faz tanto tempo assim, quando do meio de uma roda de “samba”, ou quase isso, de repente, sem ter porque, nem para quê, alguém saia com o tal do Pimpolho, Dança da Vassoura e por aí vai (a famigerada lista é imensa, cansativa e inócua, por isso dois desses casos já são suficientes); como os sambistas ficavam chateados (confesso que sempre fiz parte desse seguimento que se chateava). Hoje sou obrigado a admitir: bons tempos aqueles! Peço que me desculpem pela  corrosiva ironia, mas não vejo outra maneira de externar toda a minha frustração musical nesse país tão comezinho. Antes o que me deixava frustrado era ver e ouvir pseudos sambistas só tocando as infindáveis choradeiras do pagode, para conformar/confortar a maioria dos sofríveis corações femininos; hoje, por ruim que fossem, e eram, tornaram-se  mais que necessários. Inacreditável, mas é a mais pura verdade! Ainda não entendeu o que quero dizer? Serei mais claro! Ontem ia-se ao samba e só se ouvia pagode; hoje fique muito feliz se fores ao pagode e conseguires ouvir, não se espante, o lamentoso pagode! Isso mesmo, pagode; mais uma vez só para firmar: pagode;  uma última vez para não se equivocar: pagode! Insistem em chamar pagode de samba, e, o que é pior, nunca gostaram de tocar samba e agora começam a fazer o mesmo com o choroso pagode. O mais trágico não reside só nessas irracionais “músicas”que se ouve país à dentro, mas na unanimidade de gostos que se formaram em torno delas. Os industriais da cultura, uns dos segmentos responsáveis pela sistemática desumanização das massas, dizem que o Brasil é sertanejo/caipira. Deve ser por conta disso que ao invés de um país de cidadãos, pessoas que possuem e sabem cultivar a autonomia e que por isso, sabem fazer suas próprias escolhas; temos uma nação de Jecas, seres patéticos que não sabem como, o quê, nem o porquê daquilo que pensam ter escolhido. Agora eu sei, saudoso Nelson Rodrigues, o porquê de toda unanimidade ser muitíssima burra! Cacau “:¬)