Por: Claudio Fernando Ramos, Cacau “:¬)
INFORMAÇÕES GERAIS:
· Nasceu em Estagira(Macedônia).
· Tornou-se aluno de Platão desde os dezessete anos.
· Foi preceptor do jovem Alexandre (13).
· Fundou o Liceu (Apolo Lício); sua escola era chamada de peripatética, uma vez que as aulas ocorriam em caminhadas pelos jardins da escola.
· Discordou do mestre Platão: “Sou amigo de Platão, porém mais amigo da verdade”.
· Principais obras: Metafísica; Organon (conjunto de escritos de lógica); Física; Política e Ética a Nicômaco.
1ª CIÊNCIA PRIMEIRA (METAFÍSICA)
· Tentativa de explicar o ser enquanto ser (o ser em si).
· Metafísica (etimologicamente): meta (depois, além), física (physis = natureza). Assim sendo uma discussão metafísica é aquela abordagem que conduz para além do físico, ou seja, é uma abordagem transcendente.
· O conhecimento sensível (que nasce dos sentidos) e o conhecimento racional (que não faz uso dos sentidos) são distintos, mas dependem um do outro.
· O intelecto para elaborar os conceitos universais (conhecimento universal) faz uso das imagens sensíveis das coisas particulares (conhecimento sensível).
· As causas universais estão sempre mais distantes dos sentidos.
· É a causa primeira porque examina o ser enquanto ser e suas propriedades: diferente, semelhante; gênero, espécie; o todo, a parte; perfeito, imperfeito...
2ª O CONHECIMENTO PELAS CAUSAS
· Base do conhecimento científico: superação dos enganos da opinião (dóxa) e compreensão da natureza da mudança (alétheia).
· Com esses conceitos diz-se que Aristóteles trouxe às ideias do céu de volta à terra (superação da metafísica platônica).
· O Devir (movimento) é explicado por meio das noções de Substância (essência) e Acidente, de Ato e Potência, Matéria e Forma.
· Para Aristóteles, todo ser tende a tornar-se atual a Forma que tem em si como Potência.
Exemplo: A semente quando enterrada, tende a se desenvolver e a se transformar na planta que é em Potência.
A) SUBSTÂNCIA: ESSÊNCIA E ACIDENTE.
· Substância (em Aristóteles): reunião de dois mundos (sensível e inteligível).
· Substância (definição conceitual): aquilo que é em si mesmo, suporte dos atributos (essência e acidente).
· Essência: atributos que convém à substância.
· Acidente: atributo circunstancial à substância.
Exemplo: A substância individual “esta pessoa” tem como características essenciais os atributos de humanidade – Aristóteles diria que a racionalidade é a essência do ser humano. Os acidentais são, entre outros: ser idoso ou jovem, gordo ou magro, alto ou baixo, atributos que não mudam o ser humano na sua essência.
· A Potência: é a capacidade de tornar-se alguma coisa, é aquilo que uma coisa poderá vir a ser.
· O conceito aristotélico de Potência não deve ser confundido com força. Trata-se de uma potencialidade, a ausência de perfeição em um ser que pode vir a possuir essa perfeição.
· O Ato: é essência (a forma) da coisa como ela é aqui e agora.
· Para se atualizar (tornar-se Potência), todo ser precisa sofrer a ação do outro já em Ato.
· Não se trata de uma atualização de uma vez por todas, porque cada ser continua em movimento, recebendo novas formas.
· Os seres humanos nascem e morrem, o feto se transforma em criança e, na sequência, em adolescente, jovem e idoso.
C) MATÉRIA E FORMA
· Além dos conceitos de Essência e Acidente, Ato e Potência, Aristóteles recorre às noções de Matéria e Forma.
· Todo ser é constituído de Matéria e Forma, princípios indissociáveis.
· Matéria: princípio indeterminado (átomo para Demócrito) de que o mundo físico é composto, é “aquilo de que é feito algo”.
· Forma: “é aquilo que faz com que uma coisa seja o que é”; – a Forma é o princípio inteligível, a essência comum aos indivíduos da mesma espécie pela qual todos são o que são.
· A Matéria é pura passividade e contém a Forma em Potência.
Há quatro sentidos para a causa: Material, Formal, Eficiente e Final. Tomando como exemplo uma estátua pensemos...
· Causa Material: é aquilo do que a coisa é feita (o mármore).
· Causa Eficiente: é aquela que dá impulso ao movimento (o escultor que o modela).
· Causa Formal: é aquilo que a coisa tende a ser (a forma que o mármore adquire).
· Causa Final: é aquilo para o qual a coisa é feita (a finalidade de fazer a estátua: a beleza, a glória, a devoção religiosa, etc.).
3ª DEUS: PRIMEIRO MOTOR IMÓVEL
· Por conta da relação existente entre as coisas Aristóteles postula a existência de um ser superior e necessário, ou seja, Deus.
· Se as coisas são contingentes – pois não têm em si mesmas a razão de sua existência -, é preciso concluir que são produzidas por causas exteriores a elas.
· Conclui-se então que todo ser foi produzido por outro ser que também é contingente, e assim por diante.
· Para não ir ao infinito na sequência de causas, é preciso admitir uma primeira causa, por sua vez incausada, um Ser Necessário (não contingente).
· Por não ser movido por nenhum outro motor, o primeiro motor (Deus), é também um puro Ato (sem nenhuma Potência).
· Deus é Ato Puro, Ser Necessário, Causa Primeira do todo existente.
OBS I: Para os gregos antigos, a matéria é eterna, portanto Deus não é o criador. Segundo Aristóteles, Deus não conhece nem ama os seres individualmente. Ele é puro pensamento, que pensa a si mesmo, é “pensamento de pensamento”. Por isso a teologia aristotélica é filosófica, e não religiosa.
OBS II: Como Deus pode mover sendo imóvel? Deus não é o primeiro motor como causa eficiente, mas sim como causa final: Deus move por atração, ele tudo atrai como “perfeição” que é.
RESUMO
· Todo ser é uma Substância constituída de Matéria e Forma.
· A Matéria é Potência, o que tende a ser.
· A Forma é Ato.
· O Movimento (Devir) é a Forma atualizando a Matéria, a passagem da Potência ao Ato, do possível ao real.
· A teoria das Causas também complementa a explicação do movimento, que para Aristóteles é eterno.
Referencia:
Aranha, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia com textos: temas e história da filosofia: volume único. São Paulo: Moderna, 2012.