sábado, 27 de julho de 2013

O INFERNO SÃO OS OUTROS



Por: Claudio Fernando Ramos, 27/07/2013. Cacau “:¬)



Quem já não ouviu a seguinte frase: “conheço fulano ou sicrano como conheço a palma de minha mão”? Sejamos sinceros, sobre as nossas mãos o máximo que sabemos se refere somente à quantidade de dedos que possuímos; e esse saber não inclui, por certo, suas definições e funções específicas: polegar, indicador, médio, etc. (veja seus nomes técnicos e populares no final do texto).


É sempre muito difícil agradar o outro. Em minha profissão, assim como em várias outras, somos o tempo todo mal avaliados, quer para mais quer para menos. A alteridade é sempre um desafio, e, quase sempre, inglório. Pouco importa se esses “outros” são filhos, cônjuges, pais, amigos, alunos ou estranhos, a dificuldade é sempre a mesma. Nesse esteio surgem médicos, curandeiros, conselheiros, advogados, juízes, salvadores, religiosos... Todos muito seguros e crédulos quanto à eficácia de suas “fórmulas”, insistem em repetir: ame a todos, seja humilde, tenha paciência,  mantenha o respeito, cuide bem, seja sábio, seja sensível, perdoe “setenta vezes sete”, tenha fé... Mercadores de ilusões! Hávidos por promoverem seus produtos! A seu modo todos querem ser pagos, a forma e a “moeda” pela qual se dará esse pagamento é negociável: status, poder, obediência, dinheiro, sexo, conversão, salvação...
  

Para cada um desses conceitos, “vendidos” e “comprados” pode-se escrever um universo de coisas. Porém, quer com pouca ou muita sapiência; aplicando-se somente uma parte deles ou a sua totalidade (feito dantesco/homérico) em nosso dia-a-dia, o certo é que o outro (alter, em latim; hetero, em grego) continua e sempre continuará sendo o mais completo estranho para cada um de nós. Diverso, plural, diferente: tudo isso é muito bom e gratificante, não se pode negar; mas esse ganho, como é do conhecimento de todos, não se traduz somente em benefício (felicidade). Em momento algum devemos esquecer que “o inferno são os outros” (Sartre).


Polegar - polegar, também vulgarmente conhecido como "dedão", "positivo" ou "mata piolho"; Dedo indicador - indicador, também vulgarmente conhecido como "apontador" ou "fura bolo"; Dedo médio - dedo médio, também vulgarmente conhecido como "dedo do meio", "maior de todos" ou "pai de todos"; Anular - anular, anelar, também vulgarmente conhecido como "seu vizinho"; Dedo mínimo - dedo mínimo, também vulgarmente conhecido como "dedinho" ou "mindinho".

sábado, 20 de julho de 2013

A DIALÉTICA DE HEGEL (1770/1831) E MARX (1818/1883)

Adaptado por: Claudio Fernando Ramos, 20/07/2013. Cacau “:¬)

Dialética, o que é?
 1. Arte do diálogo ou da discussão, quer como força de argumentação, quer num sentido pejorativo, como excessivo emprego de sutilezas.
 2. Filos. Desenvolvimento de processos gerados por oposições que provisoriamente se resolvem em unidades.
 3. Segundo Marx, o processo de descrição exata do real.”
Partindo da idéia de que a dialética é a arte do diálogo ou da discussão, acaba sendo filosofia por excelência na medida em que não apenas discutimos com outras pessoas, mas também, com nós mesmos. Sócrates, Platão, Aristóteles, Zeno de Eléia, Kant e outros filósofos, discutiram, estudaram, apresentaram a dialética com significados os mais variados, com sentidos diversos, amparada por vários princípios.


 A DIALÉTICA DE HEGEL – O MOVIMENTO DO ESPÍRITO

 A REALIDADE COMO ESPÍRITO

• Entender a realidade (Espírito) como sujeito, e não apenas como substância.
• Isso significa pensar a realidade como processo, como movimento e não somente como coisa (enrijecimento).
• A realidade, enquanto Espírito, possui uma vida própria, um movimento dialético.
• Por movimento dialético entende-se os diversos momentos sucessivos e contraditórios, pelos quais determinada realidade se apresenta.

 PROCESSO DIALÉTICO

 A história da humanidade, segundo Hegel (1770/1831), cumpre uma trajetória dialética marcada por três momentos: tese, antítese e síntese.
• O primeiro momento -  remonta às civilizações antigas. Por considerar que o espírito está imerso na natureza, Hegel o classifica como objetivo.
• O segundo momento - sofre influência dos gregos, mas inicia-se realmente com o cristianismo. Hegel o define como subjetivo. O espírito passa a ter o desejo de liberdade a partir da consciência de sua existência.
• O terceiro momento - chamado por Hegel de síntese absoluta, tem início com a Revolução Francesa, momento em que o espírito consciente controla a natureza. Aparece aí, o Estado moderno, a partir do desejo de liberdade.
 Hegel nos apresenta um método que permite compreender o pensamento e a realidade como processo, o movimento como desenvolvimento com base na contradição. 
• Da contradição entre ser e não-ser, ou tese e antítese, surge a síntese, ou o vir-a-ser.

 
 A DIALÉTICA MARXISTA (O MATERIALISMO DIALÉTICO)

 Foi exatamente sobre a Filosofia do Direito, numa crítica considerada como uma de suas obras mais importantes, que Karl Marx (1818/1883) fez a primeira interpretação materialista da dialética hegeliana.
• Karl Marx e Friedrich Engels (1820/1895) reformam o conceito hegeliano de dialética: utilizam a mesma forma, e introduzem um novo conteúdo.
•  A essa nova dialética, chamam de materialista.
• Para eles, o movimento histórico é derivado das condições materiais da vida.
• A dialética materialista analisa a história do ponto de vista dos processos econômicos e sociais.
•  A história é dividida em quatro momentos: antiguidade, feudalismo, capitalismo e socialismo.
•  Os três primeiros são vencidos por uma contradição interna, chamada “germe da destruição”:
- A contradição da antiguidade é a escravidão.
- A do feudalismo são os servos.
- A do capitalismo é o proletariado.
• O socialismo é a síntese final, momento em que a história cumpre seu desenvolvimento dialético.

 DO IDEAL HEGEL PARA O REAL DE MARX

 A reinterpretação da dialética de Hegel, diz respeito, principalmente, à materialidade e à concretude.
• Para Marx, Hegel trata a dialética idealmente, no plano do espírito, das idéias, enquanto o mundo dos homens exige sua materialização:
- Caráter material (os homens se organizam na sociedade para a produção e a reprodução da vida).
- Caráter histórico (como eles vêm se organizando através de sua história).

 DIALÉTICA APLICADA

 Marx utilizou o método dialético para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade através dos tempos.
• Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico.
• Marx desenvolveu uma concepção materialista da História.
• Assim, a base material ou econômica constitui a “infraestrutura” da sociedade, que exerce influência direta na “superestrutura”, ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época.
• Segundo Marx, a base material é formada por forças produtivas (que são as ferramentas, as máquinas, as técnicas, tudo aquilo que permite a produção) e por relações de produção (relações entre os que são proprietários dos meios de produção as terras, as matérias primas, as máquinas – e aqueles que possuem apenas a força de trabalho).

 SOCIEDADE EM TRANSE (CONFLITOS SOCIAIS)

 Ao se desenvolverem as forças produtivas trazem conflito entre os proprietários e os não proprietários dos meios de produção.
• 0 conflito se resolve em favor das forças produtivas e surgem relações de produção novas, que já haviam começado a se delinear no interior da sociedade antiga. Com isso, a superestrutura também se modifica e abre-se possibilidade de revolução social.

 ESTÁGIOS DESENVOLVIMENTISTAS

 No Prefácio do livro “Contribuição à crítica da economia política”, Marx identificou na História, de maneira geral, os seguintes estágios de desenvolvimento das forças produtivas, ou modos de produção:
- O asiático (comunismo primitivo).
- O escravista (da Grécia e de Roma).
- O feudal e o burguês, o mais recente e o último, baseado no antagonismo das classes.
 Esse último, segundo Marx, dará lugar ao comunismo, sem classes, sem Estado e sem desigualdades sociais.
• A evolução de um modo de produção para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da luta entre as classes sociais predominantes em cada período.
• Assim, o movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. A passagem do modo de produção feudal, para o modo de produção capitalista burguês, e um exemplo claro:
“O modo de produção feudal é o fato positivo, a afirmação; mas já traz dentro de si o germe de sua própria negação: o desenvolvimento de suas forças produtivas propicia o surgimento da burguesia. À medida que estas forças produtivas se desenvolvem, elas vão negando as relações feudais de produção e introduzindo as relações capitalistas de produção. A luta entre a nobreza e a burguesia vai se acirrando; em um determinado ponto deste desenvolvimento ocorre a ruptura e aparece o terceiro elemento mais desenvolvido, que é modo de produção capitalista. É, portanto, a luta entre as classes que faz mover a História.” (SPINDEL, A. op. cit. p. 39.)
• Marx e Engels começaram a formular a concepção matéria da História quando escreveram juntos: “A Ideologia Alemã”, em 1845/46.
• O materialismo histórico é, de acordo com Marx, o “fio condutor” de todos os estudos subsequentes.
• Os conceitos básicos do Materialismo Histórico constituem uma teoria científica da História, vista até então como uma simples narração de fatos históricos.
• Ele, Materialismo Histórico, revolucionou a maneira de se interpretar a ação dos homens na História, abrindo ao conheci mento, uma nova ciência e aos homens uma nova visão filosófica do mundo: o Materialismo Dialético.


 O MARXISMO NO SÉCULO XX

 Corresponde às várias interpretações e continuação complementares das teorias de Karl Marx e Engels. Entre seus principais representantes destacamos o russo Lênin (1870-1924), que com sua Revolução Socialista na Rússia (1917) buscou desenvolver novas perspectivas teóricas e práticas, implementando assim o socialismo real, diferentemente do socialismo ideal.


A partir de: http://oficinadefilosofiacap.wordpress.com/2011/12/07/a-dialetica-de-hegel-e-marx/



segunda-feira, 1 de julho de 2013

PLATÃO (ESQUEMA DE AULA)


 Por: Claudio Fernando Ramos, junho 2013.  Cacau “:¬)


A) A alegoria da caverna

- Etapas da educação de um filósofo.

- Das sombras ao conhecimento verdadeiro.

- Do conhecimento ao retorno “missionário” às sobras:

* Política – o governo filósofo.

* Epistemológico – despertar os incautos.



B) A dialética platônica

- Mundo Inteligível – alcançável pela dialética ascendente.

* Uno e Imutável (Parmênides).

- Mundo Sensível – mundo da percepção.

* Múltiplo e Mutável (Heráclito).



OBS: Segundo a Teoria da Participação, o Mundo Sensível só existe na medida em que participa do Mundo Inteligível.


O Demiurgo de Platão


- No princípio do Universo havia a matéria caótica e disforme.



- Havia também as ideias, que são perfeitas.



- Havia o espaço e havia o Demiurgo (Deus).



- O Demiurgo, entristecido com a desordem, resolve copiar as ideias na matéria.



- Desse modo, Ele gera os objetos que formam a nossa Realidade.



- Assim e para sempre, os objetos imperfeitos (constituídos da matéria e de cópias das idéias) ficam separados das perfeitas ideias.



Conclusão:



- Podemos inferir, desse modelo platônico, que:



- As cópias das perfeitas ideias estão incrustadas em nós.



- Com o tempo, nós nos lembramos das ideias.



- A descoberta de algo novo é apenas o relembrar do que já se sabia a priori.”



C) Teoria da Reminiscência



- Conhecer é lembrar (Inatismo).

- O corpo como o túmulo da alma (dualismo psicofísico).


D) A teoria da alma

            - Alma Superior (alma intelectiva).

            - Alma Inferior (Irracional):

            * Alma Irascível (peito) – impulsiva, coragem...

            * Alma Apetitiva (ventre) – concupiscível, desejo intenso (bens), sexo...

A alma inferior conduz somente a opinião.

Ser moral é promover o domínio da alma intelectiva sobre a alma irascível.


E) A utopia platônica



            - A República.

            - A exemplo da alma, o Estado é pensado por Platão da seguinte forma:

            * Quem governa? Os filósofos (sofocracia); uma espécie de aristocracia ao invés da democracia.

            * Quem protege? Os soldados.

            * Quem trabalha? Camponeses, artesãos e comerciantes.

            - Calipolis – Kalos (belo), Pólis (cidade).

            - Educação estatal, não familiar.