terça-feira, 16 de dezembro de 2014

DIA-A-DIA DO CONSUMIDOR

Por: Claudio Fernando Ramos, 16/12/2014. Cacau “:¬)
Sou cliente do Supermercado Nordestão há mais de quinze anos, desde que vim mora nessa linda cidade: Natal. O que mais admiro na rede é a sua variedade e a sempre boa qualidade no setor de hortifruti. Porém, há um sério problema na loja do conjunto Santa Catarina! De tempo em tempo, a exemplo do que faz minha namorada na casa onde moro, os chefes dos setores mudam as coisas de lugar; com isso o cliente sofre para achar as mercadorias. De pessoa autônoma, pois se sabia onde as coisas estavam, passa-se a pessoa dependente: onde está isso e aquilo? Para piorar, não se encontra um repositor disponível para ajudar e nem adianta buscar ajuda nos caixas e empacotadores, por conta das constantes mudanças, eles também não sabem! Afinal, a quem interessa tanta “mudança”? Ao cliente é que não é! Cacau “:¬) 

sábado, 29 de novembro de 2014

ALEGRIA DE “SER” AMERICANO

Por: Claudio Fernando Ramos, 29/11/2014. Cacau “:¬)



Eu deveria estar magoado, futebolisticamente falando, afinal o América do RN não só aplicou uma inusitada goleada no meu Fluzão, em pleno Maraca, mas também o desclassificou da Copa do Brasil. Porém, as piores coisas do mundo são o egoísmo e a ingratidão! Como eu posso, apesar dos pesares, ficar magoado com um time que nesse ano só meu deu alegrias? Não entendeu? Calma, eu explico. Quando o Fluminense veio jogar na Arena das Dunas, pela copa do Brasil, me disseram: seu time não ganha do América aqui (em Natal)! Paguei para ver; resultado: ganhei 72 latas de cerveja. Passado um período de tempo, me disseram: o América F. C não será rebaixado para a série “C” do Campeonato Brasileiro este ano (2014). Paguei novamente para ver; resultado: bom o resultado você já sabe! Como você pode perceber,  no ano corrente o América de Natal deu-me mais alegrias do que tristezas. Amanhã, na casa do meu amigo Aloísio (dono do Barretos Bar), tomarei algumas cervejas relacionadas ao jogo na Arena; na próxima segunda tomarei (no Bar de Carrilho – Mercado na Praia da Redinha) às relacionadas ao rebaixamento. Como é comum aqui no RN, o primeiro se diz torcedor do América e do Vasco ao passo que o segundo, afirma torcer pelo América e pelo Flamengo. Apesar de ser apenas Tricolor das Laranjeiras  eu gostaria de convidar você leitor, para juntos tomarmos essas cervejas, principalmente se fores americano, afinal de contas se não fosse o seu América eu nada teria ganho! Cacau “:¬)

domingo, 23 de novembro de 2014

Como surgiu a Sociologia


A Revolução Francesa (França, 1789) e a Revolução Industrial (Inglaterra, 1780 a 1860) são conhecidas como o cenário para o surgimento da Sociologia. A Europa estava sofrendo grandes mudanças, transformando a vida social da população, dando ênfase no processo de industrialização e urbanização da sociedade Capitalista que ali se implantava. Foram desfeitos alguns costumes e tradições, como a família patriarcal, a servidão e o trabalho manufatureiro, dando início à indústria capitalista.

A importância da Revolução Industrial no surgimento da Sociologia

Com a Revolução Industrial, as localidades devido a um crescimento demográfico significativo, acabavam por não disponibilizar para seus habitantes uma boa infraestrutura. Ao que tange moradias e serviço de saúde, as civilizações deixavam a desejar para aqueles que saiam do campo e vinham tentar a vida na cidade. Um importante crescimento que houve na época, sob um ponto de vista, foi na área de técnicas produtivas e na introdução da máquina a vapor, que proporcionava mais comodidade para os trabalhadores do ramo. Por outro lado, a substituição da energia humana pela energia motriz, das ferramentas pelas máquinas, bem como a produção doméstica pelo sistema fabril, trouxe alguns prejuízos para as famílias que começaram a se encontrar desempregadas. As consequências da rápida industrialização não foram as melhores possíveis, já que aumentos na criminalidade, alcoolismo, violência, prostituição e surtos de epidemias de tifo e cólera foram rapidamente constatados. Estas interferências terminaram por exterminar uma fatia considerável da população.

Já na Revolução Francesa, o objetivo era fazer triunfar os ideais seculares, como liberdade e igualdade sobre a ordem social tradicional, fazendo com que essas idéias se espalhassem pelo mundo. A antiga forma de sociedade (Ancien Regime) foi abolida, promovendo muitas transformações na política, na vida cultural e na economia do país, não havendo mais as instituições  aristocráticas e  tradicionais, possibilitando igualdade entre todos os cidadãos perante a lei. Muitas das explicações baseadas na religião passaram a receber criticas e serem suplantadas por pensamentos racionais e lógicos, radicalmente mudando do modelo teocêntrico (Deus) para o antropocêntrico (Homem).


O surgimento dos primeiros sociólogos

Os primeiros sociólogos procuravam entender o estado de organização da sociedade em formação, sendo o século XVIII muito importante para o surgimento dessa ciência profunda e complexa, a qual é estudada e analisada até os dias de hoje. Todas as transformações que ocorreram na época trouxeram consigo problemas para a vida em comunidade, daí surge a Sociologia e seus pesquisadores para esclarecerem e organizarem as mudanças ocorridas no meio social, juntamente com os processos que interligam os indivíduos em grupos, associações e instituições. O termo Sociologia foi criado por Auguste Comte, em 1838, que pretendia unificar a Psicologia, a Economia e a História, levando em consideração que todos esses assuntos giram em torno do homem e seu comportamento. Mas os fundamentos sociológicos só foram institucionalizados com Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, pensadores renomados que se tornam base para nosso estudo.

http://www.sociologia.com.br/surgimento-da-sociologia/

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Valeu Zumbi!

Por: Claudio Fernando Ramos, 20/11/2014.

Imagem de Zumbi dos Palmares, litoral de Aracaju - SE 2014.
As virtudes e/ ou os vícios nas ações diárias de um homem, não importando quem ou o quê ele seja, só podem ser  plenamente conhecidas se sua origem não for desprezada! Cacau “:¬)

Ouviu-se um grito na “floresta” do nordeste brasileiro, era Zumbi dos Palmares, chamando à liberdade do quilombo, seus filhos desumanizados pelos algozes da existência racial! Ainda hoje, 20 de novembro 2014, é possível ouvir os ecos desse sagrado chamado! Seu chamado insiste em ribombar nas mentes e corações afrodescendentes dessa nação. Por conta disso hoje é feriado!  Não tenho em mente um mero feriado legislativo, refiro-me, antes de tudo, ao feriado das consciências, ao feriado da alma de um povo que não quer, não pode e não deve  se esquecer de sua origem, sua história,  seu valor!  Decido gritar de volta! Meu grito há de superar os vários anos já passados! Transcendendo toda lógica e temporalidade conhecida, esse grito atemporal chegará aos ouvidos dos meus ancestrais que há muito jazem em repouso: Valeu Zumbi; Zumbi valeu! 
Essa é a minha convicção, essa é a minha gratidão, essa é a minha homenagem! Cacau “:¬)

sábado, 25 de outubro de 2014

EGYLE

Por: Claudio Fernando Ramos, 25/10/2014. Cacau “:¬)
Egyle Nascimento, esse é o seu nome. Como é comum na Região Nordeste desse país, ela também recebeu mais um desses nomes inusitados. Passei anos, na condição de seu professor, tentando pronunciar esse nome sem cometer gafes, inútil. Mas uma montadora de automóvel veio ao meu socorro. Sou muitíssimo grato!  Assim que lançaram um determinado modelo, me foi possível, finalmente, pronunciar o nome de minha mais cara aluna sem cometer maiores deslizes. A rigor, o nome da minha amiga (Egyle) não é o mesmo do automóvel (Agile); mas, como se pode perceber, ajudou um bocado. Propagandas de carros, cervejas, bancos e telecomunicações são coisas fartas nas mídias nacional. Pela primeira vez uma delas me trouxe algum beneficio direto.
Brincadeiras à parte, estou aqui para homenagear uma das minhas melhores alunas; esse melhor não está necessariamente relacionado ao rendimento numérico da mesma (notas e médias escolares); mas, principalmente, aos valores e princípios que o seu ser encerra.

Exerço, como alguns já sabem, docência na área da filosofia, omiti intencionalmente o verbo ensinar porque soa estranho demais; segundo Kant, pensador alemão do século XVIII, filosofia não se ensina, quando muito ajudamos as pessoas a filosofarem. E é exatamente isso que essa jovem vem fazendo sem maiores dificuldades nos últimos anos. Platão disse que filosofia não é para todo mundo, se ele está correto, essa deve ser a razão pela qual poucos querem gastar tempo pensando. Contrariando a postura pragmática do populacho, a jovem Egyle deseja, a exemplo dos dogmáticos, encontrar-se com a verdade; mas também não aceita, a exemplo dos céticos, as verdades já estabelecidas. Essa postura simples e significativa, faz toda diferença. Alguém já disse que são as perguntas que movem o mundo e que a filosofia nasce do espanto.

Nasci em uma época em que os jovens se faziam representar; já na década de oitenta, as luzes desse período começaram a se apagar juntamente com os últimos acordes do rock pop Brasil; na década seguinte, a de noventa, os sonhos de uma ex-gloriosa juventude já estavam comprometidos!


Hoje, mesmo não podendo prever o que virá a seguir, o que por hora vislumbro não me traz bons auspícios. Porém, se alguns dos jovens, com quem lido diariamente, desenvolverem pela vida e pelo conhecimento postura semelhante à dessa menina de nome exótico, nem tudo estará perdido! Se assim for, é bem possível que outra primavera, semelhante à de Praga, faça florescer incontáveis jardins no interior dos corações juvenis. Cacau “:¬)        

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

SE NÃO ESCOLHER É RUIM, ESCOLHER ERRADO É PIOR!


Por: Claudio Fernando Ramos, 24/10/2014. Cacau “:¬)


Você quer mesmo saber em quem vou votar no próximo domingo?
Pois é... Complicou!
Por mais estranho que possa parecer, eu também gostaria de saber alguma coisa sobre isso!

No cenário nacional, não sinto saudade alguma do passado tucano, salvo em alguns poucos aspectos; todavia, não estou nem um pouco satisfeito com o presente petista, salvo em alguns poucos aspectos também!

Para piorar, a situação no cenário estadual não é nada promissora: aqui no RN, temos dois burgueses/oligarcas se auto-intitulando representantes dos anseios populares.
Papais Noéis dos pobres!
Até que faz sentido, não demora muito entraremos em dezembro.
Já tivemos o coelho da Páscoa, agora é a vez do bom velhinho.
Se tudo o que está sendo prometido, nos dois níveis de governo, for cumprido ao menos 2/4, o Brasil vira Suécia!
  
Não é da ignorância que nascem as minhas dúvidas, ao contrário, é exatamente pela sua ausência que agora sofro!
Se eu tivesse a passionalidade dos apaixonados...
A ignorância dos incautos...
A utopia dos sonhadores...
A alienação dos fragilizados...
Esse, sem sombra de dúvida, seria o meu melhor momento!
Seria a minha hora de acreditar que é possível mudar, sonhar, transformar... Fazer história decidindo, por meio do voto, o destino da nação!
Mas, como já disse um pensador Iluminista (Rousseau): “inocência”, o homem só possuiu quando viveu no suposto estado de natureza (O Bom Selvagem); em outras palavras, a vida em sociedade, a propriedade privada e os governos despóticos, degeneraram os homens de modo irreversível.
Portanto, segundo o pensador contratualista, a inocência foi inexoravelmente perdida!


Bem... Ainda não sei em quem vou votar, mas de uma coisa já tenho certeza: “nunca antes na história desse país”, a opção pelo voto branco ou nulo se mostrou tão atraente e sensata! Cacau ":¬)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Tenho medo de Urano (PSDB), não confio em Saturno (PT)!

Por: Claudio Fernando Ramos 10/10/2014. Cacau “:¬)


 Depois de adulto, sempre votei! Tento, na medida do possível, ser coerente não só com o que acredito, mas, principalmente com as coisas que faço.



Cidadania é como humanidade, não nascemo com elas, precisamos desenvolvê-las!



Partidos como PSDB, PMDB, Democratas (antigo PFL) entre outros (chamados de direita ou de centro direita) nunca receberam (ao menos de forma direta, salvo em caso de coligações partidárias) o meu voto, e, duvido muito que um dia receberão (só o tempo dirá).

Na condição de filho de mulher negra (duplamente discriminada: mulher e negra), solteira (tendo que fazer a vida sozinha) e pobre (trabalhando como diarista nas casas da classe média na capital fluminense), nunca me senti representado pela classe política (oligarquia) que, desde o fim do Império (1889), controla esse país.

A exemplo do que narra a mitologia greco-romana, essa nação sempre possuiu deuses que devoram os próprios filhos nos instantes seguintes ao nascimento.

O mito Greco-romano nos conta que o Céu (Urano) uniu-se à Terra (Geia), tiveram filhos, mas esses, assim que nasciam, o pai (Urano) os mandava de volta para o interior do seio materno e lá ficavam em regime de perpétua clausura.

No início da década de oitenta, próximo da redemocratização do país (ocorrida em 1985), um partido despontava no cenário “pluripartidário” nacional, o PT. Originário das forças operárias, diversos grupos de esquerda (sindicatos, igreja e trabalhadores) se uniram em pró de uma ideologia comum: eleger pessoas que governassem visando não só os interesses das corporações e classe dominante.

Depois de protagonizar intensas disputas contra Collor (uma vez) e FHC (duas vezes), o PT finalmente chegou ao poder na pessoa de Luiz Inácio Lula da Silva ou, simplesmente, Lula. Depois de governar por oito anos, o partido conseguiu eleger a primeira mulher da história desse país. Hoje, nas vésperas de mais um escrutínio, o partido tenta a sua quarta eleição consecutiva.

Mas o mito greco-romano não termina com a clausura dos recém-nascidos. Um dos filhos preso (Saturno, também conhecido como Cronos, o senhor do tempo) revoltasse contra o tirânico pai (Urano) e, em nome da liberdade, castra-o; liberta todos os irmãos e, em seguida, toma o poder que havia sido do pai e passa a governar sobre todos. No entanto, desconfiado e temeroso com a possibilidade da perca do poder, aprisiona todos os seus irmãos nas trevas e passa, de forma implacável, a devorar os próprios filhos, assim que esses vêm à luz.


Conhecendo essa antiga história, não consigo deixar de relacioná-la ao contexto histórico da política nacional.

O Brasil sempre teve seus Uranos; atualmente vem tendo os seus Saturnos!

Prisioneiros que éramos, devorados que somos!

Olho para o candidato Aécio Neves e vejo a encarnação de Uranos! A volta de Uranos (PSDB) talvez implique em mais clausura para os “libertos” filhos de Geia (a classe trabalhadora). Todavia, com a manutenção do que aí está, Dilma Rousseff, é provável que só façamos alimentar o devorador de todas as coisas, o voraz Cronos (PT).

Tenho medo de Urano (PSDB), não confio em Saturno (PT)!


Antes, não podíamos votar; depois, não sabíamos em quem votar; hoje, tudo está muito pior, não sabemos por que votar! Cacau “:¬)

sábado, 4 de outubro de 2014

Miss Brasil 2014: perfeita, não fosse o sotaque!

Por: Claudio Fernando Ramos, 30/09/2014. Cacau “:¬)


Os antigos já diziam: o pior cego é aquele que não quer ver. Já estou cansado de ouvir uns imbecis dizerem: O “PIOR” RACISTA É O PRÓPRIO NEGRO QUE SE AUTODISCRIMINA! Se você está pensando que a frase diz respeito ao indivíduo de pele negra que não gosta de ser negro, e por isso subestima-se, estás enganado! A frase, na maioria das vezes, se refere aos negros que ousam tocar no assunto conhecido internacionalmente como: RACISMO. Em todo Brasil, inclusive no Nordeste, o racismo dos brancos deve ser mediado pelos brancos; quanto aos negros, vitimas do racismo, falar de racismo é o mesmo que mexer em casa de marimbondos sem a devida capacidade e proteção. Negro que fala de racismo é racista também! Ou é, no mínimo, negativista, pessimista e rancoroso! Todas às vezes que me perguntam sobre as cotas, eu retruco: de qual cota estás falando? Como é do nosso conhecimento, no país existem várias (cotas sociais), mas só à que diz respeito aos negros (cota racial) chama a atenção dos “injustiçados” (autômatos de ideias alheias).

Mas o motivo desse texto está sendo escrito não é, diferentemente do que podes estás imaginando, comentar a situação do negro no cenário nacional; mas sim chamar atenção sobre mais um ato explicito de preconceito em terras brasilis. E, como não poderia deixar de ser, tudo aconteceu no fórum dos covardes, ou seja, as redes sociais.

Veja se você acerta: não é sobre os negros, os gays, os pobres, os gordos, os analfabetos, as mulheres, os religiosos, os ateus... Sobrou quem? Eles mesmos, os NORDESTINOS!
A miss Brasil 2014, eleita no fim de setembro do mesmo ano, sofreu agravos por ser de um Estado nordestino (Ceará). Um dos comentários definia o sotaque cearense como sendo sofrível, além de outras coisas. A cor não é um problema, ela não é negra! A aparência também não, ela foi eleita Miss Brasil! Mas, no quesito sotaque, ela foi reprovada! Veja como funciona a mente de um preconceituoso, nada é suficientemente bom, a não ser se for perfeitamente bom!

 http://ego.globo.com/famosos/noticia/2014/09/miss-brasil-2014-fala-de-preconceito-tenho-orgulho-de-onde-nasci.html


Depois de ler a reportagem, tente responder: será que também, nesse caso, alguns daqueles imbecis de plantão teriam o descalabro de pronunciar uma frase análoga àquela que dizem aos negros? OS “PIORES” PRECONCEITUOSOS SÃO OS PRÓPRIOS NORDESTINOS QUE SE SUBESTIMAM! É possível, é bem possível! Aliás, nesse país de mariposas (quanto mais luz, mais cegos), o que é impossível? Cacau “:¬) 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Nietzsche(1844-1900)




Apolíneo e dionisíaco
- Nietzsche critica a tradição da filosofia ocidental a partir de Sócrates, a quem acusa de ter negado a intuição criadora da filosofia anterior, pré-socrática.

- O filósofo alemão, estabelece a distinção entre dois princípios: o apolíneo e o dionisíaco, a partir, respectivamente, dos deuses gregos Apolo (deus da razão, da clareza, da ordem) e Dioniso (deus da aventura, da música, da fantasia, da desordem).

- Esses dois princípios ou dimensões complementares da realidade – o apolíneo e o dionisíaco – foram separados na Grécia socrática, que, optando pelo culto à razão, secou a seiva criadora da filosofia, contida na dimensão dionisíaca.

A transvaloração dos valores
- Nietzsche orienta-se no sentido de recuperar as forças vitais, instintivas, subjugadas pela razão durante séculos.

- Para tanto, critica Sócrates por ter sido o primeiro a encaminhar a reflexão moral em direção ao controle racional das paixões.

- Segundo ele, a tendência de desconfiança nos instintos culmina com o cristianismo, que acelera a domesticação do ser humano.

- Em diversas obras, como Sobre a genealogia da moral, Para além do bem e do mal e Crepúsculo dos ídolos, em estilo apaixonado e mordaz, Nietzsche faz a análise histórica da moral e denuncia a incompatibilidade entre esta e a vida.

- Sob o domínio da moral, o ser humano se enfraquece, tornando-se doentio e culpado.

- Nietzsche relembra a Grécia homérica, do tempo das epopeias e das tragédias, momento em que predominavam o que para ele eram os verdadeiros valores aristocráticos, quando a virtude reside na força e na potência, como atributo do guerreiro belo e bom, amado dos deuses.

- Segundo Homero, entre inimigos não há bom ou mau, porque ambos são valorosos.

- Ao fazer a crítica da moral tradicional, Nietzsche preconiza a “transvaloração de todos os valores”. Diz Scarlett Marton:

A noção nietzschiana de valor opera uma subversão crítica: ela põe de imediato a questão do valor dos valores e esta, ao ser coloca, levanta a pergunta pela criação dos valores. Se até agora não se pôs em causa o valor dos valores “bem” e “mal”, é porque se supôs que existiram desde sempre; instituídos num além, encontravam legitimidade num mundo suprassensível. No entanto, uma vez questionados, revelam-se apenas “humanos, demasiado humanos”; em algum momento e em algum lugar, simplesmente foram criados”.

A genealogia da moral
- Se os valores não existiram desde sempre, mas foram criados, Nietzsche propõe a genealogia como método de investigação sobre a origem deles.

- Mostra assim as lacunas, o que não foi dito ou foi recalcado, permitindo que alguns valores predominassem sobre outros, tornando-se conceitos abstratos e inquestionáveis.

- Pela genealogia Nietzsche descobre que os instintos vitais foram submetidos e degeneraram.

- Procura então ressaltar aqueles valores comprometidos com o “querer-viver”.

- Denuncia a falsa moral, “decadente”, “de rebanho”, “de escravos”, cujos valores seriam a bondade, a humildade, a piedade e o amor ao próximo.

- Distingue então a moral de escravos e a moral de senhores:

a) A moral de escravos.
- A moral de escravos é herdeira do pensamento:
·         socrático-platônico – que provoca a ruptura entre o trágico e o racional.

·         tradição judaico-cristã, da qual deriva a moral decadente, porque baseada na tentativa de subjugação dos instintos pela razão.

- O homem-fera, animal de rapina, é transformado em animal doméstico ou cordeiro.

- A moral plebéia estabelece um sistema de juízos que considera o bem e o mal valores metafísicos transcendentes, isto é, independentes da situação concreta (histórica) vivida.

- A moral de escravos nega os valores vitais e resulta na passividade, na procura da paz e do repouso.

- O indivíduo se enfraquece e tem diminuída sua potência.

- A alegria é transformada em ódio à vida, o ódio dos impotentes.

- A conduta humana, orientada pelo ideal ascético, torna-se vítima do ressentimento e da má consciência – o sentimento de culpa.

- O ressentimento nasce da fraqueza e é nocivo ao fraco.

- O indivíduo ressentido, incapaz de esquecer, é como o dispéptico (que digere mal os alimentos – no texto significa o ressentido “remói” o seu fracasso): fica “envenenado” pela sua inveja e impotência de vingança.

- Ao contrário, o indivíduo nobre sabe “digerir” suas experiências, e esquecer é uma das condições de manter-se saudável.

- O sentimento de culpa é o ressentimento voltado contra si mesmo, daí fazendo nascer a noção de pecado, que inibe a ação.

- O ideal ascético nega a alegria da vida e coloca a mortificação como meio para alcançar a outra vida num mundo superior, do além.

- As práticas de altruísmo destroem o amor de si, domesticando os instintos e produzindo gerações de fracos.

b) A moral de senhores.
- A moral “de senhores” é a moral positiva que visa à conservação da vida e dos seus instintos fundamentais.

- É positiva porque baseada no sim à vida, e configura-se sob o signo da plenitude, do acréscimo.

- Funda-se na capacidade de criação, de invenção, cujo resultado é a alegria, consequência da afirmação da potência.

- O indivíduo que consegue se superar é o que atingiu o além-do-homem.

- O sujeito além-do-homem é aquele que consegue reavaliar os valores, desprezar os que o diminuem e criar outros que estejam comprometidos com a vida.

- Assim diz Roberto Machado:
É por isso que contra o enfraquecimento do homem, contra a transformação de fortes em fracos – tema constante da reflexão nietzschiana – é necessário assumir uma perspectiva além de bem e mal, isto é, “além da moral”. Mas, por outro lado, para além de bem e mal não significa para além de bom e mau. A dimensão das forças, dos instintos, da vontade de potência permanece fundamental. “O que é bom? Tudo que intensifica no homem o sentimento de potência, a vontade de potência, a própria potência. O que é mau? Tudo que provém da fraqueza”.

A vontade de potência.
Com o que foi exposto, talvez se pense que Nietzsche chega ao extremo individualismo e amoralismo. Muitos inclusive o chamaram de niilista, para acusá-lo de não acreditar em nada e negar os valores, o que não faz jus ao seu pensamento. Ao contrário, o filósofo atribuía o niilismo (significa nada) à moral decadente dos valores tradicionais, que acomodaram o ser humano na mediocridade que tudo uniformiza.

- Destruir esses valores é a condição para que possam nascer os valores novos do além–do-homem, o que só pode ser alcançado pela “vontade de poder”.

- Também essa expressão leva a confusões: não se trata de poder que domina os outros, mas das forças vitais recuperadas pelo indivíduo dentro de si “num dionisíaco dizer-sim ao mundo” e que se encontravam entorpecidas.

- Nesse sentido, o poder é virtude no sentido de força, vigor, capacidade. Portanto, virtude é autorrealização.

- Se essa moral valoriza a individualidade, o faz tanto para si como para os outros, pois cada um pode ser ele mesmo.

Niilismo.
Segundo a análise de Nietzsche, no momento em que o cristianismo deixou de ser a “única verdade” para se tornar uma das interpretações possíveis do mundo, toda a civilização ocidental e seus valores absolutos também foram postos em xeque.

- Nesse contexto, ocorre uma escalada do niilismo, que “deve ser entendido como um sentimento opressivo e difuso, próprio às fases agudas de ocaso de uma cultura.

- O niilismo seria a expressão afetiva e intelectual da decadência.

- O niilismo moderno apontado por Nietzsche assenta-se, em grande parte, na ideia da “morte de Deus”.
- Em sua obra Gaia ciência, o filósofo decreta que “Deus está morto”, mas esclarece que quem o matou fomos nós mesmos, ou seja, trata-se de um acontecimento cultural.

- Desse modo, teríamos destruído os fundamentos transcendentais (assentados em Deus) dos valores mais caros de nossas vidas.

- Assim, por meio do niilismo:
[...] o homem moderno vivencia a perda de sentido dos valores superiores de nossa cultura.

- Por essa ótica, niilismo seria o sentimento coletivo de que nossos sistemas tradicionais de valoração, tanto no plano do conhecimento quanto no ético-religioso, ou sociopolítico, ficaram sem consistência e já não podem mais atuar como instâncias doadores de sentido e fundamento para o conhecimento e a ação.

- Apesar desse niilismo em relação aos valores consagrados da civilização, Nietzsche defendeu também valores afirmativos da vida, capazes de expandir as energias latentes em nós.

- “Ouse conquistar a si mesmo” talvez seja a grande indicação nietzschiana àqueles que buscam viver a “liberdade da razão”, sem conformismo, resignação ou submissão.

Fonte: Filosofando: introdução à Filosofia e Fundamentos de Filosofia.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

FILOSOFIA COMENTADA



FRANCIS BACON, HELENISMO E SÓCRATES

 Na sua busca pelo conhecimento verdadeiro, Francis Bacon desenvolveu a crítica dos ídolos. Esses ídolos correspondem a imagens que impedem o conhecimento da verdade, podendo ser de quatro tipos: os ídolos da caverna, ídolos do fórum, ídolos do teatro e ídolos da tribo. Em seu texto Novum Organum, Bacon explica o que são os ídolos da caverna.

Francis Bacon elaborou a teoria “Crítica os Ídolos” que tinham por objetivo desconstruir as imagens que formam nos seres humanos opiniões cristalizadas e cheias de preconceito deste modo, será possível aplicar na razão a experiência, neste caso, o método indutivo infere de dados universais argumentações a partir de dados singulares como uma porção de água que ferve a cem graus, e outra, e mais aquela, logo, a água ferve a cem graus.

Francis Bacon procura modificar a forma como o homem se relaciona com a natureza. Outro pensador relevante para o período foi Galileu Galilei, justamente por questionar os postulados da física aristotélica.

 Francis Bacon é um dos principais expoentes do empirismo, enquanto que Descartes é o principal representante do racionalismo. Ambos desenvolveram métodos científicos, mas que partem de concepções epistemológicas bastante distintas. Enquanto Bacon enxerga na experiência a origem do conhecimento, Descartes considera que somente a partir da Razão pode-se conhecer alguma coisa verdadeiramente.

Francis Bacon foi um defensor do método indutivo e empirista em Ciência. Segundo ele, a ciência deve partir de fatos concretos para que se possa chegar às generalizações, que correspondem às formas gerais das leis e causas. Desta maneira, o homem age como intérprete da natureza, conhecendo-a e dominando-a, extraindo dela conhecimentos necessários para seu próprio proveito.

Francis Bacon segue a tradição empirista inglesa que remonta Roger Bacon (século XIII) realçando a significação histórica da ciência e do papel que ela poderia desempenhar na vida da humanidade. Seu lema, muito conhecido, “saber é poder” mostra como ele procura, bem no espírito da nova ciência, não um saber contemplativo, desinteressado, que não tenham um fim em si, mas um saber instrumental, que possibilite a dominação da natureza como fez a Revolução Industrial que superou a manufatura pelas maquinofatura (chamadas hoje de indústria) substituindo o trabalho manual pelas máquinas.

 “Ciência e poder do homem coincidem”. Isso está claramente expresso na filosofia de Bacon;  a respeito da relação entre o conhecimento e o poder. O filósofo, nesta concepção, define o saber como algo prático, como um domínio do homem sobre as coisas.

Francis Bacon foi um dos fundadores do método científico moderno. Sua máxima “saber é poder” revela a visão de que o conhecimento da natureza é também uma forma de poder sobre ela. A necessária passagem do particular para o geral, no método científico, se daria por meio da experimentação.

Francis Bacon é considerado um dos fundadores da ciência moderna no período que marca a passagem do pensamento escolástico para o moderno. Bacon demonstra seu desejo por um método que procura valorizar a experiência, de acordo com leis seguras e de forma constante. O filósofo apresenta uma visão que relaciona de forma adequada ciência, conhecimento e experimentação.


Sobre o helenismo, Marilena Chaui afirma: “Nesse longo período, que já alcança Roma e o pensamento dos primeiros Padres da Igreja, a Filosofia se ocupa sobretudo com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus”.
(Chaui, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 9ª ed. 1997, p. 34.)

O epicurismo é muito conhecido como a filosofia da amizade. Por considerar como um bem a procura por prazeres, o epicurismo é muitas vezes considerado como uma manifestação filosófica hedonista. O estoicismo se relaciona com o estado de apathea (apatia), considerado como um estado de indiferença em relação às emoções e paixões. O ceticismo se relaciona com uma moral que questiona a metafísica. Por fim, cinismo pode ser considerado como uma corrente de síntese filosófica. A expressão maior desse modelo de pensamento é “O natural é público”.

À busca pelas “volúpias mais deliciosas”, quanto à fuga dos prazeres que conduzem à dor. Essa visão se aproxima justamente ao epicurismo, que defende tanto a busca dos prazeres, quanto a rejeição das dores mais intensas.

Filosofia cosmopolita: nesse período, a filosofia enraizava-se no platonismo e no aristotelismo, procurava encontrar a felicidade mediante a atividade racional sobre a natureza e  valorizar os problemas lógicos, físicos e éticos.

A ética estoica é enunciada de acordo com a física, quer dizer, dado que o estoicismo constrói uma física da causalidade necessária (as leis da natureza são necessárias e de certo evento ocorrerá uma consequência inevitável), a ética lida com a ideia de destino e, por conseguinte, não há contingência caso um evento seja, e se faça, sempre verdadeiro. Isto estabelecido, temos:
“De acordo com Diógenes de Laércio, os estoicos distinguiam na ética, enquanto parte da filosofia, “lugares” ou objetos de estudos: o impulso ou tendência, hormé; os bens e males; as paixões, páthé; a virtude, areté; o sumo bem, télos; as ações; as condutas conveniente, kathekonta; e o que convém aconselhar ou impedir. A ética é elaborada em dois movimentos: um que vai da psicologia da tendência aos valores (bem e mal) que orientam positiva ou negativamente as ações, passa pelas perturbações que podem afetá-las (paixões) e chega à perfeição (virtude, bem) e às especificações concretas ações morais (convenientes); e outro, que vai do ideal do sábio às especificações concretas de conduta e à pedagogia moral.
Toda ação ética é orientada por um fim único (télos), em vista do qual todo o resto é meio ou fim parcial. O fim último é a felicidade (eudaimonía) daquele que vive bem porque realiza plenamente sua natureza. Os estoicos consideram que a virtude basta para a felicidade, da qual ela é a causa, mas não é ela o télos ou o sumo bem, que é viver em conformidade (homología) com a natureza, isto é, consigo mesmo e com o mundo. A infelicidade, portanto, é o desacordo ou o conflito consigo mesmo e com a natureza”.
(M. Chaui. Introdução à história da filosofia: as escolas helenísticas, vol. II. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 156)

O ponto de partida da filosofia socrática não é a afirmação “sei que nada sei”, mas sim a palavra do oráculo de Delfos (dedicado a Apolo) que afirmou para Sócrates ser ele o homem mais sábio de todos. Sócrates não duvidou da palavra do Deus e partiu em busca da compreensão das palavras divinas. Interrogando outras pessoas, Sócrates percebeu que apesar de ele não possuir conhecimento sobre as coisas, possuía conhecimento sobre sua própria ignorância, algo que todos os outros homens não possuíam. A ignorância sobre o que significava a palavra divina o fez ir atrás do conhecimento sobre si mesmo. 

Não é correto afirmar que Sócrates ministrava aulas com a finalidade de transmissão dos seus conhecimentos, pois como é sabido o filósofo se gabava de ser um parteiro de ideias (cf. Teeteto). Isso nos leva necessariamente à consideração de que o conhecimento era do interlocutor e o seu trabalho consistia em fazer isto ser concebido. Esta afirmação: “a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia”, necessita de referência precisa, pois há uma mistura de termos antigos e modernos que cria um anacronismo inaceitável. Todavia, até onde conseguimos percebemos, a intenção da frase é ressaltar que os pré-socráticos mantinham pesquisas preocupadas com o conhecimento da natureza, enquanto Sócrates possuía como grande tema o conhecimento de si. Essa noção é parcialmente verdadeira, pois nem os pré-socráticos eram simplesmente preocupados com o “mundo objetivo”, nem Sócrates era simplesmente preocupado com o “mundo subjetivo”. A natureza, o cosmos, possui enorme importância para a filosofia desenvolvida por Platão; podemos observar isso na leitura da República (Livro VI, por exemplo).

O lema da filosofia socrática é: conheça-te a ti mesmo; e como o próprio Sócrates diz na sua Apologia: “a vida sem inspeção não vale a pena ser vivida pelo homem”. Seguindo esse lema e essas palavras, podemos dizer que o pensamento de Sócrates se desenvolve como uma investigação metódica cuja única finalidade é esclarecer através deste exame minucioso a ignorância daquele que diz saber sem, todavia, saber realmente. O segredo dessa investigação metódica (a dialética) de Sócrates está no conceito de ironia que garante para cada interlocutor um discurso particular a respeito das suas suposições sobre seu próprio conhecimento. Por esse discurso, o filósofo esclarece seu interlocutor sobre sua ignorância e o faz assumir, ou pelo menos considerar a possibilidade de uma postura distinta da inicial, mais elevada, mais sábia e, portanto, capaz de se reconhecer a si mesmo.

O pensamento socrático está escrito em grego, língua dos filósofos do período. Sócrates criticou sim o saber dogmático. Ele o fez através da sua prática de indagar as pessoas a respeito de suas certezas. Sendo assim, as afirmativas falsas são a primeira, a segunda e a quarta.

O surgimento da filosofia só foi possível graças às transformações sociais e econômicas ocorridas na Grécia, permitindo o surgimento dessa nova modalidade de conhecimento, dito filosófico. Filosofia significa uma atitude crítica frente ao mundo e que não se contenta com os conhecimentos aparentes. Desta forma, o filósofo cria conceitos que o ajudam a chegar mais perto da verdade, ainda que não tenha qualquer garantia que irá conseguir chegar a ela ou não.