“É feliz aquele que escolhe o que é mais adequado para
si”.
VIDA E OBRA
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Aristóteles (384-322 a.C) nasceu em Estagira (Macedônia).
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Seu pai era médico do rei Felipe da Macedônia.
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É considerado juntamente com Sócrates e Platão um dos mais influentes filósofos
gregos do mundo ocidental.
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Foi aluno de Platão e educou Alexandre, o Grande.
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Criou o pensamento lógico e a biologia como ciência.
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“Em suas obras sobre a natureza, Aristóteles tentou descobrir uma hierarquia de
classes e espécies (…).
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Estava convencido de que a natureza tinha uma finalidade e que cada traço
específico de um animal existia para cumprir uma determinada função”.
(Strathern, 1997, p.24)
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Foi o primeiro filósofo a valorizar a observação e a experiência em seus
estudos e por isso pode ser considerado o pai do método científico.
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Aos 17 anos foi para Atenas, o maior centro filosófico e artístico de toda
antiguidade, matriculou-se na escola de Platão e lá permaneceu por vinte anos,
até 347 a.C.
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Após a morte de seu mestre fundou sua própria escola, o Liceu.
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Ao contrário da Academia, que valorizava o pensamento teórico, o Liceu
privilegiava as ciências naturais.
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Dirigiu o liceu até 324 a.C. Com a morte de Alexandre surgiram sentimentos
xenófobos antimacedônios em Atenas, sentindo-se ameaçado Aristóteles fugiu
afirmando não permitir que a cidade cometesse um segundo crime contra a
filosofia, assim como cometerá com Sócrates.
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Apesar de sua escola ter privilegiados as ciências naturais Aristóteles também
pensou os problemas políticos e sociais de sua época, assim como se debruçou
sobre os problemas éticos e morais.
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Em seu livro “Ética e Nicomaco” Aristóteles pensou profundamente sobre a
felicidade humana.
A FELICIDADE
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Para Aristóteles a felicidade não está ligada aos prazeres ou as riquezas, mas
a atividade prática da razão.
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Segundo ele a capacidade de pensar é o que há de melhor no ser humano, uma vez
que a razão é nosso melhor guia e dirigente natural.
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Se o que caracteriza o homem é o pensar, então esta e sua maior virtude e,
portanto, reside nela à felicidade humana.
“Aristóteles, fiel
aos princípios de sua filosofia especulativa, e após ter feito uma análise e um
estudo da psicologia humana, verifica que em todos os seus atos o homem se
orienta necessariamente pela idéia de bem e de felicidade e que nenhum dos bens
comumente procurados (a honra, a riqueza, o prazer) preenche esse ideal de
felicidade. Daí a sua conclusão: primeiro, a felicidade humana deverá consistir
numa atividade, pois o ato é superior a potência; segundo, deverá ser uma
atividade relacionada com a faculdade humana mais perfeita que é a inteligência
(…)”.
(Costa,1993, p.67)
A FORÇA DO HÁBITO
“Somente a prática
leva a excelência”.
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Em seu livro “Ética e Nicômaco” Aristóteles mostra-nos que os homens se
tornam o que são pelo hábito:
a.
os homens se tornam bons engenheiros construindo, e se tornam músicos tocando,
da mesma forma um homem torna-se justo praticando atos justos e mal praticando
atos maus:
b.
um homem torna-se um bom ou mau músico por tocar bem ou mal;
c.
um escritor torna-se um bom ou mau escritor por escrever bem ou mal;
d.
um mau músico não tem o hábito de tocar, também o mau escritor não tem o hábito
de pensar e escrever.
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Dessa forma para se tocar música ou escrever bem é necessária a
excelência, é necessário o engajamento, é necessário o hábito.
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A pratica continua de uma atividade ou de um comportamento nos possibilita
internalizar aquele hábito.
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Somente a prática leva a excelência.
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Esse raciocínio serve para todas as atitudes e atividades humanas.
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Pelo hábito de sentir receio ou confiança tornamo-nos covardes ou corajosos.
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O mesmo se aplica aos desejos e a raiva, por se comportarem da mesma forma e do
mesmo modo em todas as circunstâncias algumas pessoas tornam-se moderadas e
amáveis, outras se tornam concupiscentes ou irascíveis.
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É por isto que devemos fazer uso da razão em nossas escolhas e atividades.
“Devemos sempre
desenvolver nossas atitudes e atividades de uma maneira racional”.
ARETÉ: A VIRTUDE HUMANA
“Por sua própria
natureza os homens buscam o bem e a felicidade, mas esta busca só pode ser
alcançada pela virtude”.
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A felicidade para Aristóteles corresponde ao hábito continuado da prática da
virtude e da prudência.
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A virtude é entendida como Arete – excelência.
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É somente através do nosso caráter que atingimos a excelência.
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A boa conduta, a força do espírito, a força da vontade guiada pela razão nos
leva à excelência.
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Dessa forma, a felicidade está ligada a uma sabedoria prática, a de saber fazer
escolhas racionais na vida.
A RAZÃO: NOSSO GUIA NATURAL
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A razão é a faculdade que analisa, pondera, julga, discerne.
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Ela nos permite distinguir o que é bom ou mau, a distinguir os
vícios das virtudes.
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Ela nos permite fazer escolhas pertinentes para nossa felicidade.
Exemplo
I
a.
a temeridade é um vício por excesso;
b.
a covardia é um vício por falta;
c.
o meio termo é a coragem, que é uma virtude.
Exemplo
II
a.
o orgulho é um vício por excesso;
b.
a humildade um vício por falta; o meio termo é a veracidade, que também é uma
virtude.
Exemplo
III
a.
a inveja é um vício por excesso;
b.
a malevolência é um vício por falta;
c.
o meio termo é a justa indignação.
A VIRTUDE ESTÁ NO MEIO TERMO
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Para Aristóteles toda escolha exige uma mediania, um equilíbrio entre o excesso
e a falta.
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Na vida não podemos ser imprudentes e impulsivos se arriscando em situações
perigosas.
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Por outro lado, também não podemos ser covardes e ter medo de tudo
deixando que o medo nos domine.
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É necessário o meio termo entre esses dois sentimentos, devemos enfrentar os
medos e perigos sabendo agir com bom senso.
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O mesmo raciocínio serve para alimentação, não podemos comer muito para passar
mal do estômago, assim como não podemos evitar comer, pois também vamos
adoecer. Devemos comer com moderação.
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Por esta ótica, também podemos pensar os sentimentos:
a.
na vida não podemos ser vaidosos preocupando-nos apenas com nossas qualidades,
satisfazendo sempre o nosso ego.
b.
por outro lado, também não podemos ser muito modestos, achando que somos
inferiores.
c.
é necessário auto-estima, sabendo reconhecer através da razão nossos defeitos e
nossas qualidades.
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Para Aristóteles, portanto, devemos sempre escolher o meio termo, sendo
moderados em tudo que fazemos na vida. Somente assim atingiremos o bem e a
felicidade.
Adaptado de: https://filosofonet.wordpress.com/2011/07/02/aristoteles-a-felicidade-como-sabedoria-pratica/.
Consultado em 19/07/2015.
Bibliografia
Aristóteles.
Ética a Nicômaco. Edipro, São Paulo, 2007
Costa,
José S. Tomás de Aquino: a razão a serviço da fé. São Paulo: Moderna, 1993
Stratheer,
Paul. Aristóteles em 90 minutos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1997.
Exercício
I
1. Leia o texto a seguir. A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática.
(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel
Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.)
a)
reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a
falta.
b)
implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na
falta.
c)
consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o
excesso ou a falta.
d)
pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências
pragmáticas.
e)
baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é
que nos torna mais perfeitos.