Por: Claudio Fernando Ramos – Dezembro 2012
Quarteto Linha, Arquivo Vivo, Brisas do Tempo, Madureira, Debinha, Pires, Jr. Farmácia...
Quarteto Linha, a griff do samba em Natal. Cacau ":¬) |
É verdadeiro afirmar que o samba, enquanto elemento de expressão cultura, não tem tido, desde a sua mais remota origem, vida fácil. De cara, teve que aprender a conviver e superar um robusto e inexorável preconceito.
Diziam alguns: - Coisas de negros que não procuram algo de útil para fazer!
Outros tantos, confusos, sussurravam entre si: - Isso é música ou manifestação religiosa? Como se chama mesmo aquelas barulhentas reuniões que eles fazem: Macumba, Candomblé, Umbanda, Quimbanda ou Guiné?
Arquivo Vivo. Quem disse que a beleza não é popular? Cacau ":¬) |
Segregado, mas não exterminado; negou-se a se deixar vencer. Projetando-se para além dos melindres e da tão comum mediocridade, sempre presente na Indústria da Cultura Musical, fez da dor, do abandono e do isolamento, suas matrizes poéticas. Poesias atemporais, daquelas que resistem ao imediato, momentâneo, passageiro, efêmero. Como farol, que bem construído, resite incólume, as vagas e as intempéries, o samba tem servido de guia às muitas vertentes desse abrangente, mas nem sempre fascinante, mundo musical.
Brisas do Tempo, o novo sempre vem, mas sem perder a essência. Cacau ":¬) |
Hoje:
Tão branco quanto negro, enquanto raça;
Tão carioca quanto baiano, enquanto origem;
Tão nortista quanto sulista, enquanto dimensão;
Tão lembrado quanto requisitado, enquanto importância;
Tão brasileiro quanto estrangeiro, enquanto espaço;
Madureira. Uns vêm, outros vão, mas só alguns fazem história. Cacau ":¬) |
Por essas e por outras prerrogativas, o samba vence. Gostaria de utilizar o verbo no pretérito, Mas,prefiro fugir ao dogma e, como todos sabem, o real difere em muito do ideal. Ainda existem e resistem complexas relações com o mercado profissional da música. Essa complexidade surge (na parte que cabe ao samba), principalmente, por uma questão de essência e não por intencionalidade. Ou seja, o samba é, assim como outros ritmos de qualidade, a antítese do que se propõe na indústria musical. É sabido que indústria prioriza a cultura de massa, “vocês que fazem parte dessa massa...” Admirável Gado Novo (Zé Ramalho); jamais se colocando no contra fluxo das tendências momentâneas – que só fazem causar frenesi e dependência emocionais; e como se não bastasse, existe uma escrachada fomentação do banal, onde percebesse a desvalorização da “velhice” (metáfora do que é de raiz) e a despolitização das formas artísticas, ou seja, os que mais têm chances de comunicar (gravar, etc.) são, exatamente, os que menos têm algo de significativo a dizer.
Debinha. O amor ao samba, supera as momentâneas paixões. Cacau ":¬) |
O samba, às vezes, pode até fazer uso dessas prerrogativas tão comuns em nossos dias, mas não sobrevive disso, e nem necessita, de nenhuma dessas práticas para implementar a sua manutenção. Por isso, enquanto alguns gritam para serem ouvidos (mesmo com tanta receptividade e alto-falantes à disposição), o samba encanta e entoa poesias para os que sabem, querem e podem ouvi-lo. Não há dúvida quanto o destino dos modistas, há seu tempo, todos serão silenciados. Mas, a sorte e às vozes ritmadas dos sambistas (Natal-RN) desconhecem, e continuarão a desconhecer, qualquer razão ou motivo que os impeçam de continuarem fazendo arte. Viva o samba! Viva os poucos, mas, fiéis sambistas! Cacau “:¬)
Pires. Mesmo educado, o samba não precisa pedir por favor. Cacau ":¬) |
Jr. Famácia. Raramente percebemos o que fazem as formigas. Porém, de longe, são elas as mais esforçadas e poderosas criaturas de toda a natureza. Cacau ":¬) |
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