1 - As Escolas
Por: Claudio Fernando Ramos, 29/08/2013. Cacau ":¬)
1 – 1 Renascimento Cultural - as escolas foram implementadas no período que compreende os séculos VIII e IX, pela dinastia carolíngia.
1 – 3 Palácios, igreja e mosteiros – esses foram os lugares onde essas escolas funcionaram.
1 – 3 O conteúdo – O conteúdo do ensino era o estudo clássico das sete artes liberais, constituídas pelo trivium e pelo quadrivium:
a) O trivium – composto de gramática (estudo das letras e da literatura), retórica (história e arte de bem falar) e dialética (lógica, a arte de raciocinar).
b) O quadrivium – compunha-se de geometria, aritmética, astronomia e música.
2 – As universidades
2 – 1 – A razão busca sua autonomia – a partir do século IX e X, a Europa começou a sofrer transformações profundas: expansão das cidades, desenvolvimento do comércio e do artesanato, formação de corporações...
2 – 2 – Heresias e ameaças de ruptura – contestações e debates surgiam no sempre homogêneo horizonte da cristandade medieval, e a criação das universidades certamente contribuíram para isso.
2 – 3 – Universidade (assembleia corporativa) – na Idade Média as universidades eram compreendidas como mais uma das várias assembleias corporativas existentes “universidade dos mestres e estudantes”: Oxford, Cambridge, Paris, Salamanca, Roma... (todas criadas antes de 1270).
3 – A escolástica - assim denominada por congregar diversos pensadores pertencentes a uma “escola”.
4 – A questão dos universais
4 – 1 – O que são universais? – é o conceito, a ideia, a essência comum a todas as coisas (ser humano, animal, casa, bolo...).
4 – 2 – O problema – desde o século XI até o século XIV, uma polêmica marcou as discussões sobre a questão dos universais: o s gêneros e as espécies têm existência separada dos objetos sensíveis?
4 – 3 – As soluções – realismo, realismo moderado, nominalismo e conceptualismo.
a) Realismo – o universal tem realidade objetiva (são res, ou seja, “coisa” em latim). Essa é uma posição claramente influenciada pela teoria das ideias de Platão. Seus principais representantes foram: Santo Anselmo (século X) e Guilherme de Champeaux (século XIII).
b) Realismo Moderado – os universais só existem formalmente no espírito, embora tenham fundamento nas coisas. Tomás de Aquino (XIII) é seu principal representante.
c) Nominalismo – o universal é apenas o que é expresso em um nome. Ou seja, os universais são palavras, sem nenhuma realidade específica corespondente. Roscelino (século XI) foi um dos principais nominalista.
d) Conceptualismo – posição intermediária entre o realismo e o nominalismo, teve como principal defensor Pedro Abelardo (século XII). Para ele, os universais são conceitos, entidades mentais, que existem somente no espírito.
5 – Consequências – a divergência sobre os universais pode ser analisada a partir das contradições e fissuras que se instalaram na compreensão mística do mundo medieval.
a) Os realistas: partidários da tradição – nessa condição, valorizavam o universal, a autoridade, a verdade eterna representada pela fé.
b) Os nominalistas: o individual é mais real – indica o deslocamento do critério de verdade da fé e da autoridade para a razão humana. Naquele momento histórico (final da Idade Média), o nominalismo representou o racionalismo burguês em oposição às forças feudais que desejavam superar.
OBS 1 – A questão dos universais não é um problema restrito à Idade Média. Os filósofos empiristas (Hobbes, Hume e Condillac) são nominalistas, ao concluírem que as ideias não existem em si, pois só é possível conhecer algo pela experiência.
OBS 2 – Nas filosofias contemporâneas, como na filosofia da linguagem, o que é posto em discussão é a relação entre linguagem e realidade.
6 – Tomás de Aquino (1225-1274)
6 – 1 - O apogeu da escolástica – durante a primeira metade da Idade Média os teólogos sofreram influência do neoplatonismo, porque poucas obras de Aristóteles eram conhecidas.
6 – 2 – Perigo aristotélico – quando os árabes fizeram as primeiras traduções, elas foram rejeitadas pelos cristãos por conter interpretações vistas como perigosas para a fé.
6 – 3 – O árabe Averróis – no século XIII, Tomás de Aquino com o pensamento aristotélico por meio do árabe Averróis, a quem ele chamava de “o comentador”. A partir daí formulou uma síntese do pensamento do estagirita, adequando-o ao cristianismo.
6 – 4 – A fé como instrumento do saber – a revelação é tomada como critério de verdade, ou seja, em caso de contradição entre razão e fé, deve predominar a verdade revelada.
6 – 5 - O conhecimento natural – mesmo que a razão não possa conhecer a essência de Deus, por meio dela pode-se, no entanto, demonstrar sua existência ou a criação divina do mundo.
6 – 6 – Empirismo – para explicar o conhecimento reconhece-se a participação dos sentidos, seguidos pelo intelecto. O conhecimento começa pelo contato com as coisas concretas, passa pelos sentidos internos da fantasia ou imaginação até a apreensão de formas abstratas. Da apreensão da imagem (concreta e particular), até a elaboração da ideia (abstrata e universal).
6 – 7 – Corpo e alma – a alma é a forma substancial do corpo. A alma, por possuir uma origem divina, pode subsistir sem o corpo.
7 – Ética e Política
7 – 1 – Deus: origem e fim de tudo – com o auxílio da revelação, mediante a graça e a fé, pode-se alcançar uma felicidade mais alta, mesmo na vida presente.
7 – 2 – O princípio da paz – a filosofia tomista ampliou o a discussão sobre o direito internacional. Para ele, deveria haver direitos que, uma vez utilizados, fomentassem profícuas relações entre os diversos Estados como forma de garantia da paz.
7 – 3 – Estado e igreja – o Estado conduz o ser humano até certo ponto, quando então é necessário o auxílio de outra instituição, a Igreja Católica, por meio da qual o ser humano atinge seu fim último, que é a felicidade eterna.
8 – Provas da existência de Deus
8 – 1 – O primeiro motor – as chamadas “cinco vias” da prova da existência de Deus estão baseadas na obra Metafísica, de Aristóteles, que explica o movimento do mundo pela existência necessária de uma causa primeira (Primeiro Motor Imóvel).
8 – 2 – Suma Teológica – enquanto para Aristóteles Deus é um ser alheio ao mundo, Tomás de Aquino introduziu a noção de providência divina (um deus que age sobre suas criaturas):
a) Movimento – conforme a teoria do ato e potência, só algo em ato pode mover o que existe em potência. Portanto, tudo que se move deve ser movido por outro, pois nada se move por si mesmo. Para evitar uma regressão ao infinito, o que seria absurdo, é necessário concluir que existe um motor que move todas as coisas e não é movido, ou seja, Deus.
b) Causa eficiente – Nada pode ser causa de si mesmo, senão seria anterior a si mesmo. Por não poder seguir um processo infinito, é preciso admitir uma causa primeira que não é causada, Deus.
c) Contingência e necessidade – um ser contingente é aquele cuja existência depende da existência de outro. Mas se todos fossem contingentes, nada existiria, portanto, deve haver um ser necessário, que é Deus.
d) Graus de perfeição – Todos os seres têm graus diferentes de perfeição, cujas qualidades podem ser comparadas entre si. Mas só um ser teria o máximo de perfeição, ou seja, o máximo de realização de atributos e qualidades: Deus.
e) Causa final ou argumento teleológico – toda natureza tem uma finalidade, um propósito, caso contrário não haveria ordem. Portanto, deve haver uma inteligência ordenadora, que é Deus.
OBS 1 – As cinco vias denotam o esforço de Tomás de Aquino para desenvolver uma “teologia natural”, que mais tarde Leibniz chamará de teodiceia, ou seja, o conhecimento racional de Deus.
OBS 2 – Durante a Baixa Idade Média, a recuperação do aristotelismo por Tomás de Aquino revelou-se um recurso fecundo. No Renascimento e na Idade Moderna, no entanto, a escolástica tornou-se entrave para o desenvolvimento da filosofia e da ciência (Copérnico, Galileu, Descartes e etc.).
OBS 3 – Ao fazer a crítica da metafísica tradicional, Kant concluiu pela impossibilidade de demonstrar racionalmente a existência de Deus.
OBS 4 – A filosofia “cristianizada” de Aristóteles influenciou a ação dos padres dominicanos (Tomás de Aquino) e, mais tarde, dos jesuítas, que desde o Renascimento, e por vários séculos, empenharam-se na educação dos jovens.
Bibliografia:
Bibliografia:
Aranha, Maria Lúcia de Arruda
Filosofar com
textos: temas e história da filosofia
Volume único,
São Paulo: Moderna, 2012.