O
PENSAMENTO COSMOGÔNICO E COSMOLÓGICO
Iª Parte
AS EXPLICAÇÕES MITOLÓGICAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA E A
CONDIÇÃO HUMANA.
1
- A physis – Origem da vida
Conta-nos as várias versões do mito grego
que Prometeu (o que vê antes ou prudente, previdente) é o criador da
humanidade. Era um dos Titãs, filho de Jápeto e Clímene e também irmão de
Epimeteu (o que vê depois, inconsequente), Atlas e Menécio. Os dois últimos se
uniram a Cronos na batalha dos Titãs contra os deuses olímpicos e, por terem
fracassado, foram castigados por Zeus que então tornou-se o maior de todos os
deuses.
Prevendo o fim da guerra, Prometeu uniu-se
a Zeus e recomendou que seu irmão Epimeteu também o fizesse. Com isso, Prometeu
foi aumentando os seu talentos e conhecimentos, o que despertou a ira de Zeus,
que resolveu acabar com a humanidade. Mas a pedido de Prometeu, o protetor dos
homens, não o fez.
Um dia, foi oferecido um touro em
sacrifício e coube a Prometeu decidir quais partes caberiam aos homens e quais
partes caberiam aos deuses. Assim, Prometeu matou o touro e com o couro fez
dois sacos. Em um colocou as carnes e no outro os ossos e a gordura. Ao
oferecer a Zeus para que escolhesse, esse escolheu o que continha banha e, por
este ato, puniu Prometeu retirando o fogo dos humanos.
Depois disso, coube a Epimeteu distribuir
aos seres qualidades para que pudessem sobreviver. Para alguns deu velocidade,
a outros, força; a outros ainda deu asas, etc. No entanto, Epimeteu, que não
sabe medir as consequências de seus atos, não deixou nenhuma qualidade para os
humanos, que ficaram desprotegidos e sem recursos.
Foi então que Prometeu entrou no Olimpo (o
monte onde residiam os deuses) e roubou uma centelha de fogo para entregar aos
homens. O fogo representava a inteligência para construir moradas, defesas e, a
partir disso, forçar a criação de leis para a vida em comum. Surge assim a
política para que os homens vivam coletivamente, se defendam de feras e
inimigos externos, bem como desenvolvam todas as técnicas.
Zeus jurou vingança e pediu para o deus
coxo Hefestos que fizesse uma mulher de argila e que os quatro ventos lhe
soprassem a vida e também que todas as deusas lhe enfeitassem. Essa mulher era
Pandora (pan = todos, dora = presente), a primeira e mais bela mulher já criada
e que foi dada, como estratégia de vingança, a Epimeteu, que, alertado por seu
irmão, recusou respeitosamente o presente.
Ainda mais furioso, Zeus acorrentou Prometeu
a um monte e lhe impôs um castigo doloroso, em que uma ave de rapina devoraria
seu fígado durante o dia e, à noite, o fígado cresceria novamente para que no
outro dia fosse outra vez devorado, e assim por toda eternidade.
No entanto, para disfarçar sua crueldade,
Zeus espalhou um boato de que Prometeu tinha sido convidado ao Olimpo, por
Atena, para um caso de amor secreto. Com isso, Epimeteu, temendo o destino de
seu irmão, casou-se com Pandora que, ao abrir uma caixa enviada como presente
(e que Prometeu tinha alertado para não fazê-lo), espalhou todas as desgraças
sobre a humanidade (o trabalho, a velhice, a doença, as pragas, os vícios, a
mentira, etc.), restando dentro dela somente a ilusória esperança.
Por isso, o mito da caixa de Pandora quer
significar que ao homem imprudente e temeroso são atribuídos os males humanos
como consequência da sua falta de conhecimento e previsão. Também é curioso
observar como o homem depende de sua própria inteligência para não ficar nas
mãos do destino, das intempéries e dos próprios humanos.
2 - A psique –
condição humana
A
tragédia edipiana e o complexo de Édipo
Uma profecia foi anunciada ao rei de Tebas,
Laios. Preocupado com sua infertilidade, ele foi consultar o oráculo que lhe
disse que era uma benção não gozar da paternidade, pois um filho de sua esposa,
Jocasta, o arruinaria, destronando-o e tomando sua esposa. Assim, o rei afastou
a rainha de seu leito. Jocasta, percebendo a distância, embebedou-o para poder
com ele se deitar e conceber. Quando a criança nasceu, o rei mandou matá-la. Um
escravo furou o pé da criança e o pendurou num monte para que perecesse e os
abutres o comessem.
Mas uma infeliz coincidência fez com que um
pastor resgatasse a criança e a entregou para ser criada pelo rei Polibo de
Corinto que não tinha filho. A criança foi chamada de Édipo (por ter os pés
inchados). Atingindo a idade adulta,
Édipo consultou o oráculo e este lhe disse que ele desgraçaria sua família, assassinando
seu pai e tomando sua mãe por esposa. Por amar seus pais adotivos, Édipo
resolveu partir de Corinto.
Numa estrada, Édipo encontrou-se com Laios
que o ordenou a sair da frente da condução, ao que Édipo disse que não iria
obedecer senão a seus pais e aos deuses. Um escravo de Laios, então, passou por
cima do pé de Édipo, que, tomado de raiva, matou a todos sem saber que Laios
era, na verdade, seu pai biológico. Laios tinha saído de Tebas à procura de
solucionar o problema da Esfinge, uma praga que assolava sua cidade. Este
monstro criou um enigma: “O que tem às vezes 2, às vezes 3, às vezes 4 pernas e
quanto mais tem, mais fraco é?” Quem não acertasse a resposta seria devorado e
a peste continuaria assolando a cidade. Édipo que se encontrou com o mostro
resolveu o enigma: é o homem, pois ele engatinha quando criança, anda quando
adulto e usa bengala quando velho. A esfinge se autodestruiu e a cidade foi
salva, aclamando Édipo como novo rei. Com isso, ele tomou Jocasta, sua mãe, por
esposa, sem o saber. Assim, uma nova desgraça caiu sobre a cidade e para ser
reparado o erro, as profecias pediram que o tebano que o cometeu morresse.
Sem saber de quem se tratava, o mistério só
foi revelado quando a mãe de criação de Édipo, Peribeia, em uma carta, revelou
a adoção de Édipo. Jocasta se matou ao saber que tinha se tornado esposa de seu
filho, com o qual teve quatro filhos, e Édipo, com o camafeu (um alfinete) de
Jocasta, cegou-se e saiu vagando no exílio.
Ora, essa tragédia se realizou porque a
todo instante cada escolha foi feita tentando evitá-la. Destino, fatalismo ou
liberdade? Eis a questão que pairou numa Grécia que visava consolidar a
democracia após um período de aristocracia com base nos mitos e também, nos
tempos modernos, para explicar o funcionamento da psique humana. Freud
construiu o famoso “Complexo de Édipo” usando o exemplo da tragédia para
elucidar as questões mais fundamentais da sexualidade humana. A psicanálise
entende que há uma estreita e profunda relação sentimental entre o filho e a
mãe, que gera satisfação e prazer inconsciente no contato com a amamentação,
além da imagem do pai, na visão da criança, como competidor. Nas suas várias
fases de desenvolvimento, há uma tendência ao prazer sexual, segundo a forma
como cada uma delas é desenvolvida (fase oral, anal e sexual).
Uma lembrança importante: houve uma
tentativa de imitar a história da tragédia grega na telenovela brasileira nos
fins da década de 80. Em 1987, Mandala foi ao ar pela Rede Globo, numa
adaptação de Dias Gomes do texto de Sófocles e protagonizada por Vera Fischer,
Felipe Camargo e Nuno Leal Maia, entre outros.
Disponível em: http://www.brasilescola.com/filosofia/a-tragedia-edipiana-complexo-Edipo.htm.
Consultado em 12/2013.
IIª Parte
Pensamento Cosmológico
1 - O
que é filosofia?
A palavra filosofia é de origem grega. É
composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que
significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer
sabedoria e dela vem à palavra sophos, sábio.
Filosofia significa, portanto, amizade pela
sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem
amizade pelo saber, deseja saber. Assim a filosofia indica um estado de
espírito da pessoa que ama, isto é, daquela que deseja o conhecimento, o
estima, o procura e o respeita.
Pitágoras de Samos teria afirmado que a
sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem
desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos. “Quem quiser ser filósofo
necessitara infantilizar-se, transformar-se em menino”.
Disponível em: http://www.brasilescola.com/filosofia/.
Consultado em 12/2013.
2 - Transição, do discurso mítico ao filosófico
A reflexão filosófica surge no século VI a. C.,
na Grécia, em contraposição à narrativa mítica. Um novo conceito de verdade
sobre a realidade substitui, assim, o modelo baseado na tradição oral dos
poetas, autoridades portadoras da vontade dos deuses.
A Filosofia surge como espanto diante da
possibilidade de estranhar o mundo e concebê-lo de forma racional. Esse espanto
impulsiona a busca da compreensão do ser enquanto algo natural e capaz de ser
apreendido pelo Lógos (razão, discurso, palavra) humano.
Após esse primeiro passo, a Filosofia também nos
aparece como admiração, isto é, a contemplação da verdade de modo absoluto e
universal, válida para todos, independente de raça, nação, cultura, mito, etc.
Assim, a Filosofia liberta o homem da insegurança e do temor proporcionados
pelo Mito de que o destino dos homens era um joguete dos deuses.
Para conhecer essa verdade, os filósofos se
esforçaram para conhecer as causas e os princípios (arqué) de toda a realidade,
descobrindo na multiplicidade de coisas e opiniões um princípio único. Vejamos
quais são as principais características deste processo de compreensão:
• Tendência racional, em que somente a Razão é o
critério de explicação sobre o mundo, segundo seus próprios princípios;
• Submissão dos problemas à análise, à crítica,
à discussão, à demonstração, procurando oferecer respostas seguras e
definitivas;
• O pensamento é a fonte do conhecimento e deve
apresentar as regras de seu funcionamento para justificar suas bases lógicas
(por exemplo: os princípios de Identidade, da Não Contradição e do Terceiro
Excluído);
• Não aceitar as noções pré-concebidas, as
opiniões já pré-estabelecidas, os pré-conceitos imediatos, mas investigar o
real com o rigor exigido pelo pensamento e suas leis, não sendo passivo, mas
sim ativo no processo do conhecer;
• Descobrir, a partir da análise das semelhanças
e dessemelhanças entre as coisas, o princípio que promove a generalização, isto
é, o que permite agrupar os vários casos particulares em uma classe geral de
objetos.
Disponível em: http://www.brasilescola.com/filosofia/principais-caracteristicas-filosofia-nascente.htm
. Consultado em 12/2013.
IIIª Parte
Cosmologia
A
racionalização do pensamento
Os pré-socráticos buscavam, além de falar
sobre a origem das coisas, mostrar que a physis (naturezas) passava por
constantes mudanças e que essas eram provocadas por alguma coisa que tentavam
conhecer. Por causa das viagens marítimas, da invenção do calendário, da
invenção da moeda, do surgimento das polis, da invenção da escrita e da
política os gregos passaram a perceber que nada ocorria por acaso e que não
existia a interferência de deuses relatados no período mitológico.
A cosmologia surgiu como a parte da
filosofia que estuda a estrutura, a evolução e composição do universo, sendo a
primeira expressão filosófica apresentada no Período pré-socrático ou
cosmológico. Suas principais características são: a substituição da explicação
da origem e transformação da natureza através de mitos e divindades por
explicações racionais que identificam as causas de tais alterações, defende a
criação do mundo a partir de um princípio natural e que a natureza cria seres
mortais a partir de sua imortalidade.
No período em que a cosmologia prevaleceu,
as pessoas acreditavam que a natureza somente poderia ser conhecida através do
pensamento, ou seja, existia a necessidade de pensar para se chegar ao
princípio de todas as coisas que forma, a partir de sua imutabilidade, seres
sensíveis a transformações, regenerações, mutações capazes de realizar
modificações quanto à qualidade e quantidade. Tal mudança – Kínesis –
significava tais modificações, além de significar movimentação e locomoção.
Disponível em: http://www.brasilescola.com/filosofia/cosmologia.htm.
Consultado em 12/2013.
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