sábado, 5 de abril de 2014

OLHAR DISTANTE (Poesia)




Por: Claudio Fernando Ramos, 05/04/2014. Cacau “:¬)

Olho para o longe quando falo...

De lá espero o que preciso, e do qual tenho uma sempre urgente necessidade.

Lá vislumbro o que as coisas de fato são, mas que por hora carecem de representação.

De lá me vem o caminho para o além do agora. Um futuro promissor; mesmo que tão desafiador quanto às decisões do instante presente.

De lá sou observado, uma vez que é aí que repousam os meus sonhos.

De lá me vem o consolo das angustias desafiadoras do momento; uma vez que lá, já estou enquanto ideia, fora do alcance do improvável.



Olho para o longe quando falo...

Porque o passado me traz, mas não me leva.

Por ser marcado pelo que foi, mas entender que só o além possui a prerrogativa da mudança.

Porque o passado muito me cobra, criando uma abissal desproporcionalidade ao pouco que me agrega.



Olho para o longe quando falo...

Porque se olhasse somente para os que me cercam, veria nos rostos apáticos ou iluminados, no espelho que é cada olhar possui, a minha própria face desgastada.

Porque no vazio do que está distante (não-ser), vejo a projeção de m’alma, não as inúmeras limitações do meu corpo.



Olho para o longe quando falo...

Por acreditar que lá se encontra o todo do qual sou apenas parte.

Por anelar resposta para o que hoje são apenas perguntas.

Por acreditar que estando lá, entendo melhor o que acontece aqui.

Para fugir dos limitantes ditames da pontualidade, me aproximando o máximo possível da coerente generalidade.
Olho para longe quando falo...

Para que de uma forma cíclica, eu possa encontrar no futuro o tão cobiçado, mas esquivo, início primordial do passado.


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