Por: Claudio Fernando Ramos, 11/04/2014. Cacau “:¬)
Ligo a TV e fico algum tempo relaxando. Porém, esse
relaxamento quase nunca é total e absoluto; há muito não consigo chegar a esse
tipo de entrega total. As coisas que vejo e ouço, mexem comigo de tal forma que
é quase impossível manter-me indiferente.
No futebol, um comportamento comum em arenas europeia e do
resto do mundo, como não poderia deixar de ser, também ganha sua versão tupiniquim:
o racismo ostensivo a jogadores negros e mestiços. A coisa fica mais interessante
quando se percebe que o time da torcida (parte desta) agressora, possui elementos
da etnia ojerizada na sua equipe. É trágico! Mas, não vou negar, também é
pândego. Latinos Americanos, desprezados pela América Saxônica (EUA e Canadá) e
Europa, se impondo desnecessários sofrimentos (autoflagelo). Sinto-me no mundo
católico medieval.
O bom de tudo isso é perceber o quanto o Brasil se desconhece. Nessa terra de ninguém, o problema do pobre está no próprio pobre ( quem mandou nascer descapitalizado? ); o problema do negro sempre foi o próprio negro (quem mandou ser preto ao invés de branco?); o problema da mulher agredida pelo homem covarde, é consequência da ação feminina e, portanto, culpa da própria mulher (quem mandou nascer mulher e ainda querer direitos iguais?); o da criança...; o do idoso...; o do analfabeto...; o do favelado...; o do homossexual... Não importa quem. Tem a ver com sofrimento, descaso, abandono, preconceito, minoria social? Contra fatos não há argumentos, é tudo culpa de quem sofre! Cabral pode até ter descoberto o Brasil; porém, duvido muito que o próprio brasileiro o tenha feito alguma vez na história.
O bom de tudo isso é perceber o quanto o Brasil se desconhece. Nessa terra de ninguém, o problema do pobre está no próprio pobre ( quem mandou nascer descapitalizado? ); o problema do negro sempre foi o próprio negro (quem mandou ser preto ao invés de branco?); o problema da mulher agredida pelo homem covarde, é consequência da ação feminina e, portanto, culpa da própria mulher (quem mandou nascer mulher e ainda querer direitos iguais?); o da criança...; o do idoso...; o do analfabeto...; o do favelado...; o do homossexual... Não importa quem. Tem a ver com sofrimento, descaso, abandono, preconceito, minoria social? Contra fatos não há argumentos, é tudo culpa de quem sofre! Cabral pode até ter descoberto o Brasil; porém, duvido muito que o próprio brasileiro o tenha feito alguma vez na história.
Ainda sobre o futebol, essa verdadeira paixão nacional (“Brasil,
a pátria de chuteiras”, diz um muito conhecido e angustiante narrador entusiasmado),
o maior conglomerado de TV desse país, parece fazer-se de moco, nos referimos
ao sentido de ser pateta, idiota ou coisa que o valha, quando o assunto é a
Copa FIFA 2014. Os nossos novos ginásios, todos sabem, possuem algo mais do que
beleza e modernidade, possuem mortes na construção, falcatruas nos valores
programados e preços altos para os que vão lá torcer por algum time. A nossa
infraestrutura para Copa FIFA conseguiu, até agora, matar quatro vezes mais do
que os sul-africanos na Copa FIFA 2010. Três morreram no Itaquerão, um no Mané
Garrincha e quatro na (no, segundo o grande mestre da língua portuguesa João
Maria) Arena Amazônia. Sobre os valores gastos no processo de construção, as
cifras são altas. Alguns analistas afirmam que copas anteriores já foram de
longe superadas: Alemanha (2006) US$ 6 bilhões; África do Sul (2010) US$ 8
bilhões; segundo eles, nós já ultrapassamos a barreira dos US$ 12 bilhões. O
céu é o limite!
Tudo isso acontecendo sob o perscrutador olhar da emissora
líder que, volta e meia, arvora-se como incontestável paladina da liberdade, da
verdade e dos bons costumes. Segundo eles, nunca houve omissão, subserviência
ou benefícios durante os anos de chumbo; as notícias são veiculadas com o
máximo de isenção; e quanto à programação, essa atende aos anseios e necessidades
de entretenimento da família brasileira. As novelas estão aí como prova para
que ninguém os desminta.
Por fim, temos o caso do professor que resolveu fazer uma “deferência”
a “cantora” de Funk em sua prova de filosofia. OOOOOOOO!!!!! Que coisa séria
fez esse rapaz! Estamos todos abismados com o nível da qualidade da nossa
educação formal. A coisa é tão grave que mereceu espaço no jornal mais
assistido das tardes brasileira. Estamos perdidos! É o caos! Chegamos ao fundo
do poço!
Quanto a mim, sem alarde algum, bem que gostaria de conhecer
esse engenhoso professor. Acredito que se isso fosse possível, eu só poderia
chegar a duas excludentes conclusões: ou ele está se fazendo de moco, de forma
análoga a maior emissora do país (o que eu duvido muito que seja possível); ou
ele encontrou uma forma consciente, mesmo que altamente questionável, de
manifestar todo o seu repúdio a esse conformismo nacional. Repúdio a esses
maneirismos sociais que ressuscitam conceitos caros aos iluministas de outrora,
sem as necessárias contextualizações do agora.
Como sinto saudades da minha infância perdida! Ao sentar
diante do antigo monitor de TV (com pouquíssimas opções de canais, sem: cores, controle
remoto, alta definição...) eu era feliz e nem disso sabia; posto que contava
com o benefício altamente salutar da ignorância.
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