Origem - Nascido em 469 a.C. nas planícies do
monte Licabeto, próximo a Atenas, Sócrates vinha de família humilde e durante a
infância ajudou o pai no ofício de escultor. Logo sua vocação falou mais alto e
partiu para aprender filosofia, sendo discípulo dos filósofos Anaxágoras e
Arquelau.
Sócrates
lutou como soldado na Guerra do Peloponeso (entre Atenas e Esparta) e, segundo
consta, demonstrou grande bravura em combate. Em um episódio, carregou um
companheiro ferido em meio ao ataque das tropas inimigas.
Revolucionário - Se existiu alguma revolução na
filosofia logo em seus primeiros séculos na Grécia Antiga, ela atende por um
nome: Sócrates.
Filosofia antropológica - Sócrates
revolucionou a Filosofia ao transferir a vocação questionadora da natureza
física para a natureza humana, seus valores, verdades e fundamentos. A
preocupação deixou de ser cosmológica e tornou-se antropológica.
Inatismo - Alterando radicalmente o uso da razão e
o objeto de investigação filosófica, ele decidiu que, em vez de continuarem
debatendo sobre a origem e transformação do universo e todas as coisas que nele
havia, os homens fariam melhor se investigassem a si mesmos: a verdadeira
descoberta estava no interior da alma humana, e não fora dela: “Conhece-te a ti
mesmo”.
Assistemático - Insatisfeito com as limitações do
pensamento filosófico que era expresso em sua época, decidiu descobrir um novo
modo de conhecimento. Em vez de restringir seu debate somente aos eminentes,
Sócrates era visto em toda parte — especialmente na Ágora (área central de
Atenas onde se desenrolava toda a vida pública da cidade) — dialogando com todo
o tipo de gente. Suas andanças o levaram ao Oráculo de Delfos, o qual, para
espanto do próprio Sócrates, o declarou “o mais sábio dos homens”.
Intelectualismo Moral - Sócrates deixa de acreditar no modelo homérico de virtude, onde heróis
e deuses com atitudes e ações moralmente corretas são sempre modelos a serem
seguidos. O que Sócrates queria propor é que o homem pudesse utilizar a razão
para encontrar novos paradigmas éticos que o direcionassem a boas ações. Cabe
somente ao homem ter controle sobre suas ações para torná-las moralmente boas.
Segundo esse pensamento, a nossa alma ou intelecto seria a motivadora de nossas
ações. Porém, existe uma tripartição da alma, e ela teria uma parte apetitiva a
qual inclinaria o homem aos prazeres da vida. Essa busca pode enganá-lo,
fazendo-o acreditar que muitas vezes que o falso seja verdadeiro. Para resolver
este problema, Sócrates recorre à teoria das Formas ou das Ideias. Faz-se
necessário uma idéia una das coisas, ou seja, o conhecimento das Ideias que
levaria o homem ao conhecimento do Bem e das boas ações e isso dá porque o
homem usa a parte intelectiva da sua alma.
Para que o homem não caia no erro, ele deve usar a
parte intelectiva da alma para agir bem, ou seja, ser o que é, racional. As
ações do homem não dependeriam mais da vontade dos deuses, não estariam
sujeitas ao acaso das contingências do mundo nem tão pouco dependeriam dos
impulsos da parte apetitiva da alma. Para o homem ser bem orientado ele não
pode deixar-se guiar por suas paixões, controlando seus impulsos para poder
agir bem, sendo guiado pela parte intelectiva da alma. Somente reconhecendo o
que é o Bem, o homem pode agir de acordo com ele para ser uma pessoa virtuosa.
O mosquito que pica - Politicamente,
embora não demonstrasse preferências, Sócrates era tido como perigoso aos
poderosos em virtude de sua língua afiada. Ao final da guerra (Guerra do
Peloponeso), quando a Atenas derrotada foi dominada pelos Trinta Tiranos,
declarou-se a proibição de se ensinar ou discutir filosofia em público.
Acusação, condenação e morte - Com a volta da
democracia (com o fim do governo do Trinta Tiranos), a situação do filósofo não
melhorou. Após ser acusado de blasfemo e subversor da juventude, Sócrates foi a
julgamento — que se tornaria célebre na descrição feita por Platão (Apologia de
Sócrates). Infelizmente, neste caso, sua prosa elegante e provocadora teve
efeito negativo e, após irritar a maioria do juri — dizendo entre outras coisas
que em vez de julgado deveria ser declarado herói — Sócrates acabou condenado à
morte.
Procedimentos socráticos: dialética, ironia e
maiêutica.
Dialética (diálogo)- O modo como nosso
filósofo procedia era inédito até então e ficou conhecido como dialética.
Inicialmente, pedia a seu interlocutor que discorresse sobre um assunto
qualquer como a justiça, a coragem, a escolha de uma profissão, etc. Em
seguida, a partir dos pensamentos mal formulados e expressos, Sócrates ia
demolindo os argumentos um a um, de modo que seu oponente ficava frequentemente
sem respostas (ironia).
Em
seus diálogos — alguns dos quais chegaram a nós através do seu discípulo Platão
— Sócrates buscava o esclarecimento dos conceitos mais básicos. Após se valer
de sua dialética negativa, derrubando racionalmente os argumentos enganosos e
confusos, ele partia para uma dialética positiva, buscando ressaltar o valor de
verdade das proposições que restavam.
Ironia (pergunta) - Discordando do
Oráculo (segundo este, Sócrates era o homem mais sábio dentre todos), Sócrates
decidiu encontrar em Atenas alguém que fosse mais sábio que ele próprio; mas,
dialogando com as pessoas da cidade famosas pela inteligência e sabedoria, logo
se convenceu de que elas, na verdade, nada sabiam de concreto. A cada sábio que
interpelava, em algum momento da conversa, Sócrates logo percebia falseamentos
e contradições.
Com
isso Sócrates concluiu que de fato era o mais sábio dentre os “sábios”, pois
nada sabendo, nada fingia saber: “Só sei que nada sei”.
Maiêutica (parto) – A mãe de
Sócrates era parteira, ajudava as crianças a nascerem. O filósofo apropriou-se
desse ofício da mãe adaptando-o a sua forma de filosofar. Segundo ele, sua ação
filosófica assemelhava-se ao ofício da mãe, enquanto ela ajudava as crianças a nascer,
ele fazia o mesmo com as ideias que jaziam no interior da cada um.