Adaptado de: http://angelitascardua.wordpress.com/2008/10/30/eudaimonia/.
"A felicidade é um princípio; é para alcançá-la que
realizamos todos os outros atos; ela é exatamente o gênio de nossas
motivações." (Aristóteles)
Psicólogos,
neurocientistas e investigadores sociais: antes de todos eles, existiu um
filósofo chamado Aristóteles! Cacau
Na
língua falada pelos antigos gregos, muitas palavras eram utilizadas para
definir as várias experiências humanas associadas à felicidade. A maioria
estava associada à ideia de prosperidade (olbos)
e sorte (tyche).
Contudo, a palavra principal para a vivência da felicidade no grego antigo é eudaimonia.
Eudaimon é o adjetivo para
“feliz”.
A
análise do significado dessas palavras associadas à felicidade nos revelam
muito sobre o que os antigos gregos pensavam sobre o ser feliz. Na etimologia,
eudaimonia significa “(eu)
bem disposto; (daimon)
que tem um poder divino”.
Assim,
pode-se ver que no pensamento grego antigo a felicidade é um dom. Usufruir dos daimones – poderes
divinos – é condição essencial para que alguém seja feliz. À felicidade humana,
portanto, é conferida uma força espiritual além do controle dos homens, uma
dádiva que depende unicamente dos humores dos deuses. No pensamento grego, um
homem feliz (eudaimon)
era aquele favorecido por um bom daimon, o mesmo que ter sorte. Logo, a eudaimonia requeria
a boa sorte.
No
entanto, a felicidade, por ser uma concessão dos deuses, era débil, frágil,
transitória… pois, ao ser dada aos homens, tornava-se suscetível aos
contratempos próprios da vulnerabilidade humana, isto é, às vicissitudes do
tempo e à ação dos elementos.
Nesse
sentido, o significado original da palavra eudaimonia carrega consigo uma
contradição: ao mesmo tempo em que a felicidade é um dom, sua manutenção
depende da vida que o feliz vive! Essa aparente ambiguidade da felicidade,
prenunciada pela língua grega, é confirmada pelas pesquisas mais recentes sobre
o tema.
Os
atuais estudos sobre a psicologia da felicidade têm demonstrado que parte da
nossa condição de felizes é inata, uma predisposição genética que nos confere
maior ou menor propensão para experienciar emoções positivas. Ou seja, um dom!
A outra parte dessa condição diz respeito aos eventos de vida que influenciam
nossa inserção no mundo.
Mas,
tanto a parcela inata quanto a construída da felicidade podem ser, igualmente,
transformadas por meio das escolhas conscientes que fazemos. Hoje sabemos que o
cérebro aprende continuamente, se reestrutura e redefine nossa percepção do
mundo e de nós mesmos. Esse processo ininterrupto de adaptação é o que nos
permite (re)elaborar nossas metas e (re)significar nossas escolhas buscando,
com isso, a realização das nossas potencialidades.
O
que está de acordo com o conceito Aristotélico de eudaimonia. Para Aristóteles, a eudaimonia
significa atingir o potencial pleno de realização de cada um. Segundo
Aristóteles, a felicidade é a meta da vida humana, tudo o que fazemos tem como
motivo principal a busca da eudaimonia.
Para ele, as atitudes amigáveis e a boa vontade que ofertamos a uma pessoa, não
tem por objetivo agradar a essa pessoa mas, sim, promover a nossa própria eudaimonia.
Portanto,
mais do que um sentimento, a felicidade aristotélica está relacionada com o que
uma pessoa faz de si e de sua vida, sendo uma expressão da virtude, a consequência
natural de se fazer o que vale a pena ser feito.
A
moderna Psicologia da Felicidade – com seus estudos alicerçados nas
neurociências e na investigação social do desenvolvimento humano individual e
coletivo – tem chegado às mesmas conclusões propostas pelo filósofo grego. Para
vivermos uma vida plenamente realizada, com eudaimonia, devemos priorizar o
equilíbrio emocional e cultivar hábitos e pensamentos que nos permitam fazer
escolhas com discernimento.
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