I LOVE OSTENTAÇÃO!
Por: Claudio Fernando Ramos, 02/09/2015. Cacau “:¬)
“Queres ser rico?
Pois não te preocupes em aumentar os teus bens, mas sim em diminuir a tua
cobiça. Aquele que melhor goza a riqueza é aquele que menos necessidade dela
tem”.
O
capitalismo, como sistema econômico, sempre fomentou a individualidade no seio
da sociedade. Na baixa Idade Média, quando a Questão dos Universais recrudesceu, os nominalistas (progressistas e individualistas que eram), não
tiveram grandes dificuldades em sagrarem-se “vencedores”, tendo em vista que
essa, contrariamente aos realistas (favoráveis
às tradições e, portanto, conservadores), era a opção da emergente e implacável
classe burguesa. No entanto, a despeito do que se acredita, para ser um bom
ostentador não é necessário que se tenha dinheiro (se tiver melhor ainda)! Na
maioria das vezes, semelhantemente a maldade e a sensualidade, basta
sugestionar, induzir, aparentar ter ou ser. Quantas vezes o mais bravo e
violento não foi o primeiro a jogar a toalha, por o rabo entre as pernas e sair
correndo na hora do perigo? E quantas
vezes os mais atraentes, belos e sedutores na hora “H” deixaram muitíssimo a
desejar? Dizem que o amor é cego, isso só é verdade nos casos em que amantes e
amados têm, ambos, problemas de visão!
No
universo da economia globalizada um simples boato pode pôr tudo a perder ou a
ganhar. É tudo uma questão de saber aproveitar os exíguos momentos em que tanto
a virtú quanto a fortuna encontram-se alinhadas, semelhantemente ao que ocorre (de
tempos em tempos) aos planetas em nosso sistema solar, diria o brilhante N.
Maquiavel.
Por
isso, não caia na besteira de subestimar o poder da aparência! Aparência, em um
mundo imediatista e pragmático como o nosso, é tudo! Ser e ter de fato, nunca
foi tão relativo!
No
passado, as fidalguias ostentavam nos salões das cortes, mesmo se estivessem irremediavelmente
falidos. Hoje, mesmo sem monarquias, “favelados emergentes” são convidados para
se fazerem presentes, de forma ostentosa, nas alienantes “cortes midiáticas”.
Não sei se faço bem definindo-os pela velha terminologia herdada de Canudos
(favela); hoje, eufemisticamente, são denominados “membros da comunidade”.
Graças, a não sei quem, as favelas finalmente acabaram no Brasil! Agora, cheios de importância, os
comunitários, tornaram-se temas de novelas, captadores de audiência para programas
de auditório, animadores nos periódicos de variedades, cantores de todas as
formas e ritmos (porque agora música não tem identidade nem história, ela se
diz eclética) e toda espécie de espetáculos verborrágicos televisivos.
Cada
um há seu tempo, cada qual a sua maneira; mas todos cobertos de pompas. Quem se
importa se aqueles eram “fidalgos falidos” ou que estes sejam “emergentes sem
pedigree”? A relevância é esta: o que vale é ostentar!
Não
fique triste, não se desespere caso você também esteja à procura da fama, da
gloria, do sucesso e, portanto, da ostentação a qualquer preço. No mundo de
hoje, qualquer pessoa pode ser o que quiser ser, mesmo se possuir pouco ou até
mesmo nenhum talento; pouco importa se o bolso estiver recheado de notas ou sem
um níquel furado para contar história. Algum tipo de sucesso é sempre possível,
bastando que para isso não te esqueças de desenvolver um estomago
ultrarresistente; uma cara de pau impecavelmente bem lustrada e uma ética
camaleônica.
Para
que essas coisas? Bem, o estomago é para poder, a exemplo dos abutres, digerir
sem regurgitar as carniças que terás que comer ao longo do percurso, que, quase
sempre, é árido, sinuoso e indigesto; a cara encerada lhe servira para ajudar
na arte da dissimulação, ou seja, ser contrário e contraditório o tempo todo
quanto à própria natureza inerente das coisas; e, quanto à ética camaleônica,
esta lhe dará paz (ainda que falsamente) e uma consciência pseudo limpa quando
tiveres que negociar, sem nenhuma reserva e escrúpulo, os valores mais caros de
uma vida inteira, aqueles que aprendemos desde a infância com os nossos íntegros,
honestos e trabalhadores pais. Cacau ":¬)
OBS:
Esse texto foi escrito em homenagem as novelas (I Love Paraisópolis e
Babilônia, etc.), aos programas de auditório (Esquenta, Faustão, Eliana,
Domingo Legal, etc.), aos programas de humor (Pânico, Zorra, etc.), aos
programas de variedades (Mais Você, etc.) e a quaisquer outras porcarias
semelhantes a estas. Cacau “:¬)
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