Por: Claudio Fernando Ramos, 03/03/2013. Cacau “:¬)
Maquiavel cria, diferentemente dos romanos, que a Fortuna deveria ser conquistada pelo Príncipe. Os romanos, belicosamente, acreditavam que a conquista deveria ser pela demonstração de virilidade. Mas Maquiavel sugeria menos força e mais astúcia. Sugeria esta qualidade no longínquo século XVI. Já tendo passado muito tempo, os políticos brasileiros ainda não conseguiram entender os conselhos que o filósofo italiano, sabiamente, ofereceu aos Médici. Nessa particularidade, as mulheres, caso se dispusessem, certamente lograriam êxito maior que os dos homens.
Há décadas que as mulheres brasileiras, com toda a astúcia que as circunstâncias exigem, vêm driblando os diversos infortúnios da vida: a fragmentação e a perca do prestígio familiar, representado no aumento dos pedidos de divórcios; a violência doméstica, com todas as suas cruéis e desumanas modalidades; a exploração comercial e midiática da sexualidade feminina - criando uma anomalia, uma imagem fictícia e utópica das mulheres. Essa espécie de “faz de conta social” fomenta o interesse dos homens por um ser idealizado, e por conta dessa idealização, as relações interpessoais com os seres do sexo oposto (os homens), inclinam-se mais facilmente ao conflito e a frustração, do que a realização pessoal e a felicidade coletiva. Mesmo assim, em meio a todas essas diversidades, as mulheres vêm demonstrando força, convicções e capacidades mil.
Demonstrando mais flexibilidade e dedicação que os homens, ocupam as salas de aula nas universidades em maior número, num crescente ininterrupto; sem se fazerem de rogadas, assumem múltiplas funções no interior das famílias; em uma espécie de caminho sem volta, resolutas, rumam para o mercado de trabalho: conquistando-o e modificando-o. Por todos esses aspectos narrados, e, por tantos os outros omitidos, é válida a crença de que, com uma maior participação das mulheres na ação política nacional (quiçá mundial): as mulheres, os homens, o Brasil e o mundo, só têm a ganhar. Pois, como qualquer observador, atento ou não, pode constatar: a Virtú 1 e a Fortuna 2, mesmo não reconhecidas, sempre estiveram com elas. Cacau “:¬)
1 Maquiavel observou que o estadista deve contar, para ter sucesso, com sua própria capacidade pessoal, sua determinação ferrenha. Deve dirigir sua energia para um determinado objetivo. A essas qualidades Maquiavel denominou Virtú.
2 Também observou que o estadista, ou político, não poderá garantir-se apenas com suas qualidades pessoais, intrínsecas. Deveria contar também com a sorte (para o bem ou para o mal), a oportunidade, o acaso, ou, como preferem alguns, o destino. Ao imponderável, Maquiavel referia-se como Fortuna.
A dialética entre Virtú e Fortuna seria capaz de explicar o sucesso ou o fracasso de projetos de poder.
Gostei muito deste ensaio. Fico imaginando se existissem mais Claudios, homens feito você, que tem tanto conhecimento e compartilha de forma objetiva,didática, imparcial, ...Poderia enumerar dezenas de adjetivos, mas é fato, alguns dos seus ensaios que li hoje, você sempre faz uma ponte entre a filosofia e a realidade. Que bom que existem filósofos como você contribuindo com nossa formação. Antonia Alves.
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