Materialismo Dialético
“Não é a consciência dos homens que determina o ser social. Ao contrário, é o ser social que determina a consciência.”
* O ser humano é histórico-social.
No Materialismo Histórico, as relações materiais que os homens estabelecem, o modo como produzem seus meios de vida formam a base de todas as suas relações. Mas esse modo de produção não corresponde à mera reprodução da existência física dos indivíduos. A forma como os indivíduos manifestam sua vida reflete muito exatamente aquilo que são. O que são coincide, portanto, com a sua produção, isto é, tanto com aquilo que produzem como com a forma como produzem.
Ao adquirirem novas forças produtivas, os homens mudam seu modo de produção e com o modo de produção mudam as relações econômicas, que não eram mais que as relações necessárias daquele modo concreto de produção.
a) “A essência humana é o conjunto das relações sociais”.
b) O homem não deve ser pensado de forma abstrata e isolada, como é comum nas filosofias idealistas (Hegel).
* O movimento dialético do Capital e do Trabalho
As Relações Sociais de Produção constituem a base de toda estrutura social. São elas que definem os dois grupos da sociedade capitalista: de um lado os trabalhadores, aqueles que nada possuem além do corpo e da disposição para o trabalho, também chamados de proletários ou operários; do outro, os capitalistas, que possuem os meios de produção necessários para transformar a natureza e produzir mercadorias.
Capital e trabalho apresentam um movimento constituído de três momentos fundamentais.
a) Unidade imediata e mediada - juntos por essência, mas separados por conveniência.
- Em um primeiro momento estão unidos, separam-se depois e tornam-se estranho um ao outro, mas continuam por sustentar-se reciprocamente e promovem-se um ao outro como condição positiva.
b) Oposição de ambos - separados por conveniência, tornam-se estranhos um ao outro (tese e antítese).
- O operário conhece o capitalista como a negação da sua existência e vise-versa.
c) Oposição de cada um contra si mesmo - estranhando um ao outro, tornam-se estranhos a si mesmo. Capital e trabalho como tese e antítese de si mesmos.
- Uma vez que o capital é simultaneamente ele próprio e o seu oposto contraditório, sendo trabalho (acumulado); e o trabalho, por sua vez, é ele próprio o seu oposto contraditório, sendo mercadoria, isto é, capital.
* Modos de Produção e Forças Produtivas
- Modo de Produção – é a maneira como se organiza a produção material de um dado estágio de desenvolvimento social. Essa maneira depende do desenvolvimento das Forças Produtivas.
- Forças Produtivas – a força de trabalho humano e os meios de produção, tais como máquina, ferramentas e etc.
Um primeiro pressuposto de toda existência humana e, portanto, de toda história, é que os homens devem estar em condições de poder viver a fim de fazer a história. Mas, para viver, é necessário, antes de tudo, beber, comer, ter um teto onde se abrigar, vestir-se etc. O processo de produção e reprodução da vida através do trabalho é, para Marx, a principal atividade humana, aquela que constitui sua história social; é o fundamento do materialismo histórico, o método de análise da vida econômica, social política e intelectual.
a) O comunismo primitivo.
b) O escravismo na Antiguidade.
c) O feudalismo na Idade Média.
d) O capitalismo da Idade Moderna.
* Alienação ou Estranhamento
a) O trabalhador estranha o produto de seu trabalho:
- O fruto do trabalho do proletariado pertence a outro.
- O produto de seu trabalho se consolida, perante o trabalhador, como um “poder independente”.
- Quanto mais o trabalhador se “esgota” no trabalho, tanto mais poderoso se torna o mundo para ele; uma vez que esse mundo é objetivado pelo próprio homem.
- Quanto mais o trabalhador torna-se empobrecido diante do mundo, menos o mundo interior lhe pertence.
b) Alienação da atividade produtiva do trabalhador:
- A atividade produtiva deixa de ser uma manifestação essencial do homem, tornando-se um “trabalho forçado”, não voluntário.
- O trabalho alienado é determinado apenas, pela busca de satisfações de necessidades externas.
- O trabalho deixa de ser uma feliz confirmação da própria humanidade do ser.
- Não corrobora o desenvolvimento de uma livre energia física e espiritual; tornando-se, antes de mais nada, em um inexorável sacrifício diário que promove, sem titubeios, a mortificação do ser. A consequência disso é a profunda degeneração dos modos do comportamento humano.
c) Alienação de si mesmo:
- Com a alienação da atividade produtiva, o trabalhador aliena-se também do gênero humano.
- A perversão que separa as funções animais do resto da atividade humana e faz delas a finalidade da vida, implica a perca completa da humanidade.
- A livre atividade consciente é o caráter específico do homem; a vida produtiva é vida genérica.
d) A vantagem e a desvantagem do homem sobre os animais:
- O homem é o único que pode fazer de toda natureza extra-humana o seu “corpo inorgânico” (vantagem).
- Devido à alienação do trabalhador frente ao trabalho, essa vantagem, a de possuir um “corpo inorgânico”, torna-se uma desvantagem; uma vez que esse corpo inorgânico escapa-lhe cada vez mais das mãos, quer como alimento do trabalho, quer como alimento imediato, físico.
e) Consequência imediata:
“Em geral, a proposição de que o homem se tornou estranho ao seu ser, enquanto pertencente a um gênero, significa que um homem permaneceu estranho a outro homem e que, igualmente, cada um deles se tornou estranho ao ser do homem”.
- Alienação do trabalhador da vida genérica e da humanidade; constituindo a alienação do homem pelo homem (H1/H2 – homem 1 sobre homem 2, Aristóteles).
- Esta alienação recíproca dos homens tem a manifestação mais tangível na relação operário-capitalista.
* A Força da Ideologia
Segundo o materialismo dialético marxista, as idéias devem ser compreendidas no contexto histórico vivido pela comunidade. No entanto, Marx vai além, mostrando que muitas vezes esse conhecimento aparece de maneira distorcida, como ideologia, ou seja, como conhecimento ilusório que tem por finalidade mascarar os conflitos sociais e garantir a dominação de uma classe sobre outra, quando se vive em uma sociedade dividida em classes, com interesses antagônicos.
a) Ideologia geral:
- O conceito de ideologia possui inúmeros significados.
- No sentido positivo, exerce a função de cimento do grupo social.
- Torna a sociedade de fato unida em torno de crenças comuns que fazem justamente a força das tradições.
b) Ideologia marxista:
Para Marx, as concepções filosóficas, éticas, políticas, estéticas, religiosas da burguesia são estendidas para o proletariado, perpetuando os valores a elas subjacentes como verdades universais. E desse modo, impedem que a classe submetida desenvolva uma visão do mundo mais universal e lute por sua autonomia.
- Segundo Marx todas as formas de pensamentos e de representação dependem das relações de produção e de trabalho.
- Onde há sociedade dividida, existe exploração do trabalho e separação do mesmo entre: braçal e intelectual.
- A exploração e a divisão do trabalho promove a perda da autonomia do proletariado (Alienação).
- A ideologia surge como apaziguadora dos conflitos oriundos dessas diferenças.
- Sem a necessidade da violência a ideologia mantém o consenso e a coesão.
- A ideologia esconde as distorções, mascara as desigualdades e oculta a exploração.
Mais-valia: o capitalista paga um salário ao trabalhador e, no final da produção, fica com o lucro, valor a mais que não retorna ao operário, incorpora-se na mercadoria e é apropriado pelo capitalista. Esse valor excedente produzido pelo operário é a Mais Valia. A história da humanidade é, para Marx, a história da luta de classes, da luta constante entre interesses que se opõem, embora esse conflito nem sempre se manifeste de forma clara.
Infraestrutura e Superestrutura:
A infraestrutura é o conjunto de forças produtivas e das relações sociais de produção. É a base sobre a qual se constituem as demais instituições sociais. Já as ideologias políticas, as concepções religiosas, os códigos morais e estéticos, os sistemas legais, de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e científico, as representações coletivas etc, constituem a superestrutura.
Adaptado de: http://www.chumanas.com/2013/04/sociologia-classica-karl-marx-mais.html. Consultado em 16/03/2014.
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