Adaptado por: Claudio Fernando Ramos, 09/03/2014. Cacau “:¬)
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TEXTO
· Quando queremos dizer que alguém é ardiloso, astuto ou pérfido, costumamos dizer que é maquiavélico. O adjetivo não é nada lisonjeiro, mas o responsável por ele é um dos filósofos mais importantes da história da filosofia política. Niccolò Maquiavel (1469-1527) nasceu em Florença, na época do Renascimento.
TEXTO
· Quando queremos dizer que alguém é ardiloso, astuto ou pérfido, costumamos dizer que é maquiavélico. O adjetivo não é nada lisonjeiro, mas o responsável por ele é um dos filósofos mais importantes da história da filosofia política. Niccolò Maquiavel (1469-1527) nasceu em Florença, na época do Renascimento.
· Como sabemos, o Renascimento foi um período de intensa renovação. Caracterizou-se por um movimento intelectual baseado na recuperação dos valores e modelos da Antiguidade greco-romana, contrapondo-os à tradição medieval ou adaptando-os a ela. O Renascimento referiu-se não apenas às artes plásticas, a arquitetura e as letras, mas também à organização política e econômica da sociedade.
O Príncipe
· Durante o período medieval, o poder político era concebido como presente divino. Os teólogos elaboraram suas teorias políticas baseados nas escrituras sagradas e no direito romano.
· No período do Renascimento, os clássicos gregos e latinos passaram a lastrear o pensamento político. Maquiavel, no entanto, elaborou uma teoria política totalmente inédita, fundamentada na prática e na experiência concreta.
· "O Príncipe" sintetiza o pensamento político de Maquiavel. A obra foi escrita durante algumas semanas, em 1513, durante o exílio de Maquiavel, que tinha sido banido de Florença, acusado de conspirar contra o governo. Mas só foi publicada em 1532, cinco anos depois da morte do autor.
· Como tinha sido diplomata e homem de estado, Maquiavel conhecia bem os mecanismos e os instrumentos de poder. O que temos em "O Príncipe" é uma análise lúcida e cortante do poder político, visto por dentro e de perto.
Os fins justificam os meios
· A Europa passava então por grandes transformações. Uma nova classe social, a burguesia comercial, buscava espaço político junto à nobreza, ao mesmo tempo em que assistia a um movimento de centralização do poder que daria origem aos Estados absolutistas (Portugal, Espanha, França e Inglaterra).
· Em "O Príncipe" (palavra que designa todos os governantes), a política não é vista mais através de um fundamento exterior a ela própria (como Deus, a razão ou a natureza), mas sim como uma atividade humana. O que move a política, segundo Maquiavel, é a luta pela conquista e pela manutenção do poder.
· A primeira leitura que se fez dos escritos de Maquiavel tomou o livro como um manual de conselhos práticos aos governantes. A premissa de que "os fins justificam os meios" (frase que não é de Maquiavel, no entanto) passou a nortear a compreensão da obra. Daí a reputação de maquiavélico dada ao governante sem escrúpulos.
O pensamento político contemporâneo
· "O Príncipe" tem um estilo elegante e direto. Suas partes são bem organizadas, tanto na apresentação quanto na distribuição dos temas. O procedimento principal do narrador é comparar experiências históricas com fatos contemporâneos, a fim de analisar as sociedades e a política. Em algumas passagens, o próprio autor se torna personagem das situações que descreve.
· Podemos dividir a obra política de Maquiavel em quatro partes:
a) classificação dos Estados.
b) como conquistar.
c) como conservar os Estados.
d) análise do papel dos militares e conselhos aos políticos para manutenção do poder.
· Dizemos que Maquiavel é o fundador do pensamento político contemporâneo, pois foi o primeiro a pintar os fatos "como realmente são" e não mais "como deveriam ser".
· Além de "O Príncipe", Maquiavel deixou outras obras, como o "Discurso sobre a Primeira Década de Tito Lívio", "A Arte da Guerra" e "Histórias Florentinas". Deixou também uma peça de teatro, "A Mandrágora", que se tornou um clássico do repertório teatral de todos os tempos.
Virtú e Fortuna
· Maquiavel observou que o estadista deve contar, para ter sucesso, com sua própria capacidade pessoal, sua determinação ferrenha. Deve dirigir sua energia para um determinado objetivo. A essas qualidades Maquiavel denominou Virtú.
· Também observou que o estadista, ou político, não poderá garantir-se apenas com suas qualidades pessoais, intrínsecas. Deveria contar também com a sorte (para o bem ou para o mal), a oportunidade, o acaso, ou, como preferem alguns, o destino. Ao imponderável, Maquiavel referia-se como Fortuna.
· A dialética entre Virtú e Fortuna seria capaz de explicar o sucesso ou ou fracasso de projetos de poder.
Ética na Política
· No geral, toda ação tomada com base em regras morais deve ser enquadrada de acordo com parâmetros absolutos e se apresenta, portanto, inquestionável por parte de quem age. Isto porque a virtude, aqui como sendo o desejo de “fazer o bem”, determinaria o que se deve fazer.
· No caso da ação política, segundo Maquiavel, o que vale é atingir as metas estabelecidas, em benefício do grupo que se defende ou que se governa, dentro dos limites da legalidade.
· Portanto, a ética em termos políticos a ser respeitada pelo príncipe, na visão de Maquiavel, seria a ética da responsabilidade, afirma Ribeiro (2010).
· Enquanto na Idade Média (476 a 1453 d.C.) a moralidade cristã ditava os destinos e as ações dos governantes e do povo em geral, na modernidade isto seria alterado de maneira inexorável e irreversível.
· Por um lado a nova perspectiva política livrava o príncipe do dossel da moralidade religiosa, dando-lhe uma liberdade jamais imaginava, também retirava esse escudo de proteção que envolvia, avaliava e validava suas atitudes.
· Os governantes estavam sujeitos a uma nova forma de instabilidade, que geraria muito estresse e ansiedade, mas teriam ao final a recompensa da conquista segura e da manutenção do poder, se executassem as ações que garantiriam esta realidade.
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QUESTÃO:
QUESTÃO:
“Todavia, como é meu
intento escrever coisa útil para os que se interessam, pareceu-me mais
conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas, do que pelo que delas se
possa imaginar. E muita gente imaginou repúblicas e principados que nunca
serviram nem jamais foram reconhecidos como verdadeiros. Vai tanta diferença
entre como se vive e o modo por que se deveria viver, que quem se preocupar com
o que se deveria fazer em vez do que se faz aprende antes a ruína própria, do
que o modo de se preservar.” (O Príncipe, de Maquiavel.) Nessa passagem,
Maquiavel mostra que o domínio das ações humanas, no qual está incluída a
política, deve ser concebido sob uma perspectiva realista.
Sobre essa maneira de
conceber a política, é possível afirmar:
I. A política deve sempre
ser pensada a partir de modelos ideais e da busca de soluções definitivas.
II. A política deve
valorizar as experiências e os acontecimentos.
III. Concebe-se que a
política deve se regular pelo modo como vivemos e não como deveríamos viver.
IV. Defende-se que a
política deve ser orientada por valores universais e crenças sobre como deveria
ser a vida em sociedade.
Está(ão) correta(s) a(s)
afirmativa(s)
a) I e II apenas.
b) I, II e II apenas.
c) II e III apenas.
d) III e IV apenas.
e) IV apenas.
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