(O materialismo dialético, a razão instrumental e o
realismo político.)
Adaptado
por: Claudio Fernando Ramos, 14/03/2014. Cacau “:¬)
Aula dialogal com Geografia, Sociologia e Filosofia na
UNP.
1-
Karl Marx: materialismo dialético
“Não
é a consciência dos homens que determina o ser social. Ao contrário, é o ser
social que determina a consciência.”
* O ser humano é histórico-social.
a)
“A
essência humana é o conjunto das relações sociais”.
b)
O
homem não deve ser pensado de forma abstrata e isolada, como é comum nas
filosofias idealistas (Hegel).
c)
“[...]
A forma como os indivíduos manifestam sua vida reflete muito exatamente aquilo
que eles são. O que eles são coincide, portanto, com a sua produção, tanto com
o que produzem quanto também com a forma como produzem. Portanto, o que os
indivíduos são depende das condições materiais da sua produção”.
* O movimento dialético do Capital e do Trabalho
Capital
e trabalho apresentam um movimento constituído de três momentos fundamentais.
a)
Unidade imediata e mediada - juntos por essência, mas separados por
conveniência.
-
Em um primeiro momento estão unidos, separam-se depois e tornam-se estranho um
ao outro, mas continuam por sustentar-se reciprocamente e promovem-se um ao
outro como condição positiva.
b)
Oposição de ambos - separados por conveniência, tornam-se estranhos um ao outro
(tese e antítese).
-
O operário conhece o capitalista como a negação da sua existência e vise-versa.
c)
Oposição de cada um contra si mesmo - estranhando um ao outro, tornam-se
estranhos a si mesmo. Capital e trabalho como tese e antítese de si mesmos.
-
Uma vez que o capital é simultaneamente ele próprio e o seu oposto
contraditório, sendo trabalho (acumulado); e o trabalho, por sua vez, é ele próprio
o seu oposto contraditório, sendo mercadoria, isto é, capital.
* Modos de Produção e Forças Produtivas
-
Modo de Produção – é a maneira como se organiza a produção material de um dado
estágio de desenvolvimento social. Essa maneira depende do desenvolvimento das
Forças Produtivas.
-
Forças Produtivas – a força de trabalho humano e os meios de produção, tais
como máquina, ferramentas e etc.
a)
O comunismo primitivo.
b)
O escravismo na Antiguidade.
c)
O feudalismo na Idade Média.
d)
O capitalismo da Idade Moderna.
* Alienação ou Estranhamento
a)
O trabalhador estranha o produto de seu trabalho:
-
O fruto do trabalho do proletariado pertence a outro.
-
O produto de seu trabalho se consolida, perante o trabalhador, como um “poder
independente”.
-
Quanto mais o trabalhador se “esgota” no trabalho, tanto mais poderoso se torna
o mundo para ele; uma vez que esse mundo é objetivado pelo próprio homem.
-
Quanto mais o trabalhador torna-se empobrecido diante do mundo, menos o mundo
interior lhe pertence.
b)
Alienação da atividade produtiva do trabalhador:
-
A atividade produtiva deixa de ser uma manifestação essencial do homem,
tornando-se um “trabalho forçado”, não voluntário.
-
O trabalho alienado é determinado apenas, pela busca de satisfações de necessidades externas.
-
O trabalho deixa de ser uma feliz confirmação da própria humanidade do ser.
-
Não corrobora o desenvolvimento de uma livre energia física e espiritual;
tornando-se, antes de mais nada, em um inexorável sacrifício diário que promove,
sem titubeios, a mortificação do ser. A consequência disso é a profunda
degeneração dos modos do comportamento humano.
c)
Alienação de si mesmo:
-
Com a alienação da atividade produtiva, o trabalhador aliena-se também do
gênero humano.
-
A perversão que separa as funções animais do resto da atividade humana e faz
delas a finalidade da vida, implica a perca completa da humanidade.
-
A livre atividade consciente é o caráter específico do homem; a vida produtiva
é vida genérica.
d)
A vantagem e a desvantagem do homem sobre os animais:
-
O homem é o único que pode fazer de toda natureza extra-humana o seu “corpo
inorgânico” (vantagem).
-
Devido à alienação do trabalhador frente ao trabalho, essa vantagem, a de
possuir um “corpo inorgânico”, torna-se uma desvantagem; uma vez que esse corpo
inorgânico escapa-lhe cada vez mais das mãos, quer como alimento do trabalho,
quer como alimento imediato, físico.
e)
Consequência imediata:
“Em geral, a proposição de que o homem se tornou estranho ao seu ser,
enquanto pertencente a um gênero, significa que um homem permaneceu estranho a
outro homem e que, igualmente, cada um deles se tornou estranho ao ser do
homem”.
-
Alienação do trabalhador da vida genérica e da humanidade; constituindo a
alienação do homem pelo homem (H1/H2 – homem 1 sobre homem 2, Aristóteles).
- Esta alienação recíproca dos homens tem a manifestação mais tangível na
relação operário-capitalista.
* A Força da Ideologia
a)
Ideologia geral:
-
O conceito de ideologia possui inúmeros significados.
-
No sentido positivo, exerce a função de cimento do grupo social.
-
Torna a sociedade de fato unida em torno de crenças comuns que fazem justamente
a força das tradições.
b)
Ideologia marxista:
-
Segundo Marx todas as formas de pensamentos e de representação dependem das
relações de produção e de trabalho.
-
Onde há sociedade dividida, existe exploração do trabalho e separação do mesmo
entre: braçal e intelectual.
-
A exploração e a divisão do trabalho promove a perda da autonomia do
proletariado (Alienação).
-
A ideologia surge como apaziguadora dos conflitos oriundos dessas diferenças.
-
Sem a necessidade da violência a ideologia mantém o consenso e a coesão.
-
A ideologia esconde as distorções, mascara as desigualdades e oculta a
exploração.
ASSUNTOS RELACIONADOS:
2-
Escola de Frankfurt: uma teoria crítica contra a
opressão social
-
Escola de Frankfurt - nome dado ao grupo de pensadores alemães do Instituto de
Pesquisa Sociais de Frankfurt, fundado na década de 1920.
-
Apesar das diferentes abordagens (marxismo, economia, antropologia, história,
psicologia, psicanálise, hegelianismo...) todos caminharam no sentido de compor
uma Teoria Crítica da Sociedade como um todo.
-
Sua produção ficou conhecida como: Teoria Crítica.
-
Concentraram seus interesses na análise da Sociedade de Massa.
-
Destacamos dois de seus membros mais pessimistas:
a)
Adorno (1906-1969) e Hokheimer (1895-1973): razão
instrumental e massificação.
-
A Razão Iluminista, que visava a emancipação dos indivíduos e o progresso
social, terminou por levar a uma maior dominação das pessoas em virtude
justamente do desenvolvimento tecnológico-industrial.
-
O Iluminismo teria promovido essa razão (controladora e instrumental) que
predomina no mundo atual
-
Para Hokheimer, o problema estava na própria razão controladora e instrumental,
que busca sempre a dominação, tanto da natureza quanto do própio ser humano.
-
Denunciam o desencantamento do mundo, a deturpação das consciências
individuais, a assimilação dos indivíduos ao sistema social dominante.
-
Em resumo eles denunciam a morte da Razão Crítica. Asfixiada pelas relações de
produção capitalista.
-
Se reflexões semelhantes já haviam sido feitas pelas concepções marxistas, a
novidade reside no aspecto desesperançoso com que é abordada.
-
A desesperança nasce do diagnóstico de ausência da consciência revolucionaria
no proletariado, na medida em que foram assimilados, absorvidos pelo sistema
capitalista.
-
Essa assimilação possuem duas possíveis origem:
a)
As conquistas trabalhistas alcançadas.
b)
A alienação de suas consciências.
-
Industria Cultural
a)
É
um termo difundido por Adorno e Horkheimer para designar a industria da
diversão de massa, veiculada e propalada pelos meios de comunicação.
b)
Por
intermédio dessa industria se obtém:
-
A homogeneização dos comportamentos.
-
A massificação das pessoas (Admirável Gado Novo).
c)
A
teoria Estética de Adorno
-
A falta de perspectiva levou esse pensador a postular que somente a arte possui
autêntica condição de promover a razão emancipatória (crítica à opressão
social).
OBS:
Vale apena ler o que Jurgen Habermas (também membro da Escola), pensa sobre o
que disseram esses filósofos.
3-
Nicolau Maquiavel: o realismo político
a) Há vícios benéficos e virtudes perniciosas.
-
“Se observarmos os processos históricos na sua objetividade (verdade efetiva),
sem nos deixarmos influenciar pelo modo como, em nossa opinião, eles deveriam
ser teoricamente, emerge o critério do realismo”.
b) Ética autonormativa.
-
“A política não deve assumir do exterior a própria moralidade, mas deve ser
autonormativa, porque encontra em si a própria justificação, ao garantir aos
súditos uma existência ordenada”.
c) A laicização do Estado.
-
A ação política deve encontrar em si mesma a devida justificação, ao garantir a
ordem e a liberdade da convivência civil. A política constitui, portanto, uma
ciência autônoma e independente de qualquer sistema ético ou religioso.
d) Virtú e Fortuna.
-
Virtú – significa virtude, no sentido grego de força, valor, qualidade de
lutador, guerreiro viril. Pessoas capazes de realizar obras e provocarem
mudanças na história. Não se trata, portanto, do príncipe virtuoso por conta de
seus preceitos morais.
-
Fortuna – sorte, que em sentido genérico significa acúmulos de bens, riquezas.
Sua origem encontra-se na deusa romana Fortuna. Na perspectiva maquiaveliana
ele se reverte dos significados: ocasião, acaso, circunstância favorável... Para
agir bem o Príncipe não deve deixar escapar a ocasião oportuna.
Bibliografia:
Contrim, Gilberto
Fundamentos das filosofia:
história e grandes temas. 16 ed. reform. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2006.
Aranha, Maria Lúcia de
Arruda
Filosofar com textos: temas
e história da filosofia: volume único – São Paulo, Moderna, 2012.
Disponível em: http://www.brasilescola.com/filosofia/capital-trabalho-alienacao-segundo-karl-marx.htm.
Consultado em 02/02/2014.
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