(O MÉTODO EXPERIMENTAL CONTRA OS ÍDOLOS)
Adaptado por: Claudio Fernando Ramos, 12/07/2014. Cacau ":¬)
Introdução
Em
meados dos séculos XVI e XVII no reinado da Rainha Elizabeth I, a Inglaterra
passava por um período de mineração e industrialização. E neste mesmo período
nascia um dos mais célebres filósofos ingleses, Francis Bacon. Tendo exercido
um significativo papel na vida política daquela sociedade, conseguiu o título
de conselheiro da Coroa (grão-chanceler). Mas também eram muitos os
inimigos que o cercavam, e quando lhe foi tomado o poder em virtude de
acusações políticas (corrupção e suborno), seu trabalho intelectual se tornou
mais intenso.
I - Método indutivo de investigação científica
Em
sua teoria do conhecimento, Francis Bacon propõe um novo método indutivo, o
qual ofereceu uma profunda contribuição aos métodos de investigação da
natureza.
II - Pré-positivismo
Manifestou
grande entusiasmo pelas conquistas técnicas de sua época: a bússola, a pólvora,
a imprensa... Ao contrário disso manifestou aversão ao pensamento puramente
abstrato (Escolástica). Além das contundentes críticas aos filósofos clássicos,
rompeu com uma tradição filosófica de mais de dois mil anos e com a religião da
época. Acreditava numa filosofia que favorecesse a humanidade com seus
métodos experimentais, era totalmente a favor de ciência moderna que libertasse
o homem de seus ídolos.
·
Lembrando - a Filosofia Positiva foi postulada pelo
filósofo-matemático francês Auguste Comte, no início do século XIX (fundador da
sociologia).
III - Teoria dos ídolos
Bacon
denominou ídolos as falsas noções que bloqueiam a mente e invadem o intelecto
humano impossibilitando o acesso à verdade e gera dificuldades em relação às
ciências, quando não os combatemos. Em sua teoria, os ídolos se classificam em
quatro categorias: ídolos da tribo, ídolos da caverna, ídolos do mercado ou do
foro e ídolos do teatro:
A - Os ídolos da tribo - são aqueles que
se apoderam da própria natureza humana e não levam em conta o aprendizado sobre
o universo, produzem uma certa espécie de superstição. Podemos dizer que ele
tem sua origem nas ações humanas, nas limitações, preconceitos, sentimentos,
incompetência. Um exemplo é a falsa ciência da cabala de sua época que
imaginava uma realidade não inexistente numérica e os alquimistas que pensavam
na atividade da natureza como na atividade humana, encontrando amor e ódio
pelos fenômenos. Ou também eles podem ser como um espelho que capta uma
imagem de raio e a transmite de outra forma.
B - Os ídolos da caverna - fazem uma alusão
à alegoria da caverna de Platão. Para o autor, cada um tem a sua própria
caverna, tem os seu jeito próprio de interpretar a natureza, todos os
indivíduos veem sua própria luz por ângulos diferentes e cometem erros
diversos. Com isso a luz da natureza entra em choque com a luz humana,
pois cada um tem os seus ídolos da educação, do esporte, da cultura, da
autoridade e daqueles que honra e admira a diversidade das falsas verdades que
vão ocupando o intelecto humano.
C - Os ídolos do foro ou do mercado - podem ser um dos
mais incômodos, pois podem invadir o intelecto através das palavras. São
aqueles erros encontrados nas palavras ou nos discursos humanos quando o
diálogo sai ao contrário ou a palavra é distorcida pelos homens “sábios” que
usam de suas oratórias para enfatizar o discurso. Segundo Bacon, “as
palavras cometem uma grande violência ao intelecto e perturbam os raciocínios,
arrastando os homens a inumeráveis controvérsias e vãs considerações” (REALE,
1990, p.339).
D - Os ídolos do teatro - são aquelas
teorias que não têm harmonia com a natureza humana ou obras filosóficas, que se
consagraram figurando mundos fictícios, como aquelas que encontramos na
filosofia antiga ou nas tradições religiosas. Bacon acusa Aristóteles de
ter sido um dos piores sofistas e Platão de ter confundido filosofia com
teologia.
Para
expulsá-los é preciso ter conhecimento dos mesmos a fim de expurgá-los da
mente, além de conhecer um novo método. É a verdadeira indução o método
proposto, pelo qual o homem poderia construir uma nova ciência capaz de
interpretar corretamente a natureza e realizar os anseios do espírito moderno.
·
Lembrando – para o filósofo escocês David Hume
(1711-1776) o raciocínio indutivo não possui fundamentação lógica. Será,
portanto, sempre um salto do raciocínio impulsionado pela crença ou hábito.
IV - Novo Método
A obra de Bacon representa tentativa de realizar o vasto plano de "Instauratio magna" ("Grande restauração"). De acordo com o prefácio do "Novum organum" ("Novo método"), publicado em 1620, a "Grande restauração" deveria desenvolver-se através de seis partes.
A realização desse plano compreendia uma série de tratados que, partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, estudavam o novo método que deveria substituir o de Aristóteles.
A obra de Bacon representa tentativa de realizar o vasto plano de "Instauratio magna" ("Grande restauração"). De acordo com o prefácio do "Novum organum" ("Novo método"), publicado em 1620, a "Grande restauração" deveria desenvolver-se através de seis partes.
A realização desse plano compreendia uma série de tratados que, partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, estudavam o novo método que deveria substituir o de Aristóteles.
·
O "Novum organum" é a expressão de uma
perspectiva que tanto se afasta do empirismo
radical quanto do racionalismo
exagerado - ambos duramente criticados por Bacon.
V - Preliminares
Bacon propõe a classificação das ciências em três
grupos:
·
1º) a poesia ou ciência da imaginação;
·
2º) a história ou ciência da memória - a história
ele a subdivide em história natural e história civil.
·
3º) a filosofia ou ciência da razão - a filosofia
ele distingue entre a filosofia da natureza e a antropologia.
VI - Esboço racional de
metodologia científica
Em função da nova metodologia, e como meio de
realizar a busca das formas que se poderão revelar como regularidades no
domínio dos fatos, Bacon recomenda o uso de três tábuas que disciplinarão o método indutivo:
·
a tábua de presença - registra a presença das formas que se investigam.
·
a tábua de ausência ou de
declinação - a segunda possibilita o controle de situações
nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes.
·
a tábua de comparação - finalmente, na última tábua registram-se as variações que as
referidas formas manifestam.
VII - Pioneirismo
Embora Bacon não tenha realizado nenhum progresso
nas ciências naturais, ele foi o autor do primeiro esboço racional de uma
metodologia científica. E sua teoria dos "ídolos" antecipa, em germe,
a moderna sociologia do conhecimento.
Bacon também foi notável escritor: seus "Ensaios" são os primeiros modelos de prosa inglesa moderna.
Bacon também foi notável escritor: seus "Ensaios" são os primeiros modelos de prosa inglesa moderna.
VIII - Propósito - “Conhecimento é poder.” - fazer
dos conhecimentos científicos um instrumento prático de controle da realidade.
Adaptado
de:
http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/04/10/francis-bacon-e-a-critica-aos-idolos/.
Em 12/07/2014. Cacau ":¬)
Exercícios:
1. Sobre os ídolos preconizados por Francis Bacon, é CORRETO afirmar que:
a) “A
consequência imediata da ação dos ídolos é a inscrição do Homem num
universo de massacre e
sofrimento racional-indutivo, onde
o conhecimento científico se distancia da filosofia, se deteriora e se
amesquinha”.
b) “Toda idolatria é forjada no hábito
e na subjetividade humanos”.
c) “Os
ídolos invadem
a mente humana e para derrogá-los, é necessário um esforço racional-dedutivo
de análise, como bem advertiu Aristóteles”.
d) “Os
ídolos da
caverna são os homens enquanto
indivíduos, pois cada um [...]
tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza”.
2. O século XVII
engendrou uma revolução científica e filosófica, na qual é impossível separar
os aspectos filosóficos dos científicos, pois ambos se mostram interdependentes
e estreitamente unidos. Essa revolução caracterizou-se por uma transformação na
antiga representação do Cosmos e no questionamento dos conceitos filosóficos e
científicos que lhe davam sustentação. A esse respeito, assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).
01) Uma das principais características dessa
transformação foi uma maior preocupação com o homem e sua vida terrena e com o
estudo da natureza.
02) Embora tenha criado a ciência moderna, essa
“revolução” espiritual não alterou as bases da filosofia que predominava até
então.
04) Entre os principais cientistas do período,
destacam-se Roger Bacon, Guilherme de Ockham e Giovanio Bocaccio.
08) Os princípios da física desenvolvidos por Galileu
Galilei baseavam-se nos postulados de Aristóteles.
16) No século XVII, Francis Bacon critica a antiga
filosofia por ser contemplativa. Para ele, conhecer é poder; portanto, o homem
tem de agir sobre a natureza para transformá-la em bens úteis.
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