(Crônica)
Por:
Claudio Fernando Ramos, 08/07/2014. Cacau
Pela
segunda vez, em um torneio Copa FIFA, os selecionados do Brasil e da Alemanha
se encontram. Como todos sabem, a primeira vez deu-se na Copa de 2002
(Coréia/Japão), onde o nosso país sagrou-se Pentacampeão. Lembro-me que naquela
época eu vivia às voltas com um cursinho, no afã de poder adentrar as portas do
ensino superior federal (deu tudo certo). Meus amigos de classe, filhos da
classe média potiguar, bradavam, não sem uma certa arrogância, que os
germânicos não eram páreos para o escrete brasileiro. De fato eles estavam
corretos (como se mostrou mais tarde), mas não pude resistir à tentação de dar
umas alfinetadas no inflado orgulho futebolístico nacional; fiz-lhes as
seguintes advertências dias antes da partida: podemos até ser melhores do que
eles no futebol; mas me digam, em termos puramente pragmáticos, no que mais
podemos nos jactar antes os nossos adversários?
Caso eles percam essa Copa (2002) é correto que ficarão tristes, todos
ficam; mas no dia seguinte eles possuem um país, uma história, um futuro... E
quanto a nós? Se perdermos essa disputa, o que teremos para nos consolar no dia
seguinte? Talvez a “certeza” que da próxima vez teremos melhor sorte?! Isso é
medíocre!
Hoje,
doze anos depois, cá estamos nós outra vez diante dos alemães. As circunstâncias
não são idênticas, embora o objetivo permaneça o mesmo: ser campeão da Copa
FIFA. A luta não é a da final, mas sim para que lá se possa estar. Desde o
início da competição que o nosso adversário vem se mostrando mais regular do
que nós e, para piorar, perdemos dois dos nossos melhores jogadores. Mesmo
jogando em casa dessa vez (2014), definitivamente, o nosso conhecidíssimo
ufanismo futebolístico, está cercado de ceticismo.
Contudo
há quem ganhe dinheiro e notoriedade aos borbotões com esses eventos. Esses são
otimistas sempre! Mesmo porque não poderiam agir de outra forma, vivem disso!
Mercadores Midiáticos de Ilusões! Semelhantemente aos meus ex-colegas de classe
(do cursinho), esses mercadores, a cada quatriênio,
alçam suas vozes o mais alto possível e bradam aos quatro cantos: perdendo ou
ganhando, somos os melhores!
Nelson
Rodrigues foi bem coerente quando definiu o Brasil como: a pátria de chuteiras.
Nossas autoridades também deveriam fazer uso dessa mesma coerência. Ao invés de
comemorarmos o dia da Independência do Brasil (07 de setembro) e o dia da
Proclamação da República (15 de novembro) a cada ano, deveríamos comemorá-los a
cada quatro anos, no período que contemplasse a segunda quinzena de junho e a
primeira de julho. Ou seja, adaptarmos nossas datas mais solenes ao fenomenal
evento Copa do Mundo FIFA. O trabalho que isso daria seria plenamente
compensado ao vermos os nossos conterrâneos, cheios de propriedades, vestindo verde
e amarelo, seus carros cheios de bandeiras e de seus lábios brotarem palavras impensáveis
em qualquer outra celebração nacional: Eu sou brasileiro com muito orgulho, com
muito amor...
Um
país que possui mais de oitenta Prêmios Nobel (Alemanha), mais de sessenta
deles na área de ciências da natureza e medicina, detém menos títulos mundiais
do que nós por quê? Caso se disponha responder essa pergunta e perceba-se
tomado de dúvidas quanto ao que dizer, fique tranquilo. Um conhecido cantor de
hip-hop já se deu esse trabalho por nós; em uma de suas canções (Brazuca) ele
afirma: “Futebol não se aprende na escola, por isso é que o Brazuca é bom de
bola!” Cacau
Veja o Vídeo da música: Brazuca
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