Por REGIS TADEU Regis Tadeu
http://br.noticias.yahoo.com/blogs/mira-regis/estamos-criando-um-ex%C3%A9rcito-asnos-141417385.html
Até que demorou a acontecer...
Já faz muito tempo que venho tendo uma postura absolutamente intolerante com todas as pessoas – incluindo meus fiéis leitores aqui do blog e de minhas redes sociais – que escrevem errado. Não, não me refiro a pessoas que cometem um ou outro erro de digitação, e sim a todos aqueles que escrevem errado por problemas de alfabetização. Faço questão de corrigir todo mundo, muitas vezes de modo sarcástico, justamente para que estas pessoas não venham a ser prejudicadas no futuro, seja em suas carreiras profissionais ou em seus respectivos cotidianos domésticos.
E é justamente o que está acontecendo agora...
Uma imensa parcela dos estudantes que foram muito mal na prova de Redação do último Enem está exigindo uma revisão de seus textos. Até aí, nada contra. Acho que o estudante tem todo o direito de saber onde errou. Há uma série de petições espalhadas pela internet colhendo assinaturas para que seja feita uma representação ao Ministério Público Federal. Se não me engano, uma estudante carioca conseguiu na Justiça o direito de ver a sua redação corrigida. O problema é que esta turma não se conforma – ou não quer acreditar – que tenha ido mal e quer que as notas sejam modificadas. Aí não, né?
Segundo dados do próprio Exame Nacional de Ensino Médio, foram avaliadas mais de quatro milhões de redações no exame de 2012. Deste montante, acredite se quiser, cerca de 75 mil foram entregues em branco! Em branco!!!! Ou seja, o aluno sequer tentou escrever algo a respeito do tema proposto – no caso, “A imigração para o Brasil no século 21” – ou, pior, sequer teve noção daquilo que foi pedido. Uma catástrofe total!
Só que as notícias ruins não param por aqui. Além das redações “em branco”, cerca de 72 mil foram anuladas por não obedecerem aos requisitos pré-estabelecidos, como o de escrever sete linhas de texto – sim, míseras SETE linhas!
Volto a escrever que não há qualquer problema em um aluno saber quais os erros que cometeu. Isto é justo. Só que a questão reside em um ponto muito mais delicado, espinhoso e, por isto mesmo, necessário de apertar: estamos criando uma geração inteira de analfabetos funcionais, que até sabem ler, mas não compreendem o significado das palavras, não consegue interpretar um texto e muito menos elaborar um pensamento coerente em forma de sentenças.
Infelizmente, a juventude brasileira é o retrato fiel do descaso com que a Educação vem sendo tratada ao longo dos anos em nosso País. Ninguém sabe nada. Ninguém consegue interpretar fatos, coletar informações, compreender as circunstâncias, selecionar ideias e oferecer um argumento plausível que venha a sustentar uma opinião. Ninguém consegue sequer pensar por si mesmo...
Sempre que corrijo os erros de meus leitores, a maioria vem com a seguinte desculpa esfarrapada: “não preciso escrever certo (sic) na internet; quando precisar, escrevo certo; aqui é lugar de escrever fácil (sic)”. Pois, toda vez que retruquei dizendo que se você se acostuma a escrever errado, vai continuar fazendo isto em sua vida justamente pelo hábito de cometer estes erros constantemente, fui recebido com grosserias e desprezo. Agora, por ocasião das redações do Enem, as pessoas estão percebendo como o buraco é mais embaixo...
E não pense que estou botando toda a culpa por esta situação nas imbecilidades que as pessoas cometem nos “facebooks” e “twitters” da vida. Infelizmente, tantos as escolas e faculdades quanto o mercado de trabalho em geral preferem ter em suas fileiras gente burrinha e obediente, que não tenha autonomia de pensamento, que saiba apenas decorar aquilo que lhe imposto, sem questionamentos. Com isto, a última coisa que alguém consegue é desenvolver a sua capacidade de raciocínio.
Pense nisto na hora de deixar o seu filho escrever e ler o que bem entender por aí...
Há tempo venho insistindo nessa mesma tecla. Essa abordagem torna-se muito mais dramática, na medida em que, esse problema pontual, o analfabetismo funcional (que dirá o total), torna-se porta de entrada para uma série de outras mazelas nacional, verdadeiros cânceres sociais: pobreza e miséria extremada (Péricles, o grande estadista grego da Antiguidade, disse não haver vergonha alguma em ser pobre; mas, que o mesmo não poderia ser dito sobre os pobres que nada fazem para mudar sua condição de pobreza.); subemprego (informalidade, o Brasil é uma sucursal do Paraguai); falta de planejamento familiar (mais bocas para comer do que capacidade permite); abandono escolar (Escolas Particulares capitalistas; Escolas Públicas sucateadas; Professores que não ensinam; Famílias desestruturadas e alunos que nada aprendem, receita bombástica para uma jovem nação); drogas (a eterna fuga de uma viciada realidade); crimes (a tola opção pelo mais “fácil”); gosto “artístico” de caráter duvidoso (músicas, diversões e programações massificadoras e alienantes); fanatismo religioso (crer e obedecer, mesmo sem nada compreender); violência (toda sorte de preconceitos, intolerâncias, indiferenças, egoísmos etc.) e etc., etc. e etc.
ResponderExcluirAlguém disse um vez: “Futebol não se aprende na escola, por isso é que o Brasil é bom de bola”. Cacau “:¬)
Claudio, esse problema se inicia ainda no berço familiar, e a escola que é quem poderia corrigir isso, nada faz.
ResponderExcluirUm grande indicativo de que o problema da falta de questionamento e conhecimento está se agravando no Brasil, é o crescente número de evangélicos, parte dessas pessoas têm uma mente tão pobre que tomam a bíblia como verdade absoluta e irrefutável, sem ao menos haver algum questionamento.
Abraços do seu aluno,
Douglas Rodrigues