terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

QUAIS AS FORMAS DE CONHECIMENTO EXISTENTES?

(Para os alunos do 6ª e 7ª anos, mat. e vesp. "Filosofia")

a) Existem, basicamente, três formas de conhecimento:

1ª O conhecimento Mítico-Religioso-Teológico.

Ou seja, é o saber que tem como base, a revelação proporcionada por seres divinos ou sobrenaturais.
- Mitologia Greco-Romana, os deuses, residentes no monte Olimpo regiam a vida e todos os seus fenômenos. Alguns desses deuses eram: Zeus, Hércules, Mercúrio...
- Mitologia Nórdica, situações semelhante às da mitologia grega. Seus deuses eram: Odim, Thor, Loki...
- O Islã do profeta Maomé, tendo como livro sagrado o Alcorão ou simplesmente Corão.
- O monoteísmo Judaico-Cristão, tendo como livro sagrado a Bíblia Sagrada.
Várias e numerosas são as crenças humanas, algumas não existem mais, outras ainda têm forte apelo espirituais; esse conhecimento cosmogônico, ou seja, que explica o mundo mediante a existência de entidades sobrenaturais, é uma forma dogmática de conhecer.

2ª O conhecimento Filosófico.

Ou seja, a busca racionalizada (logos) pela “verdade”. Com o passar dos anos, mudanças e avanços surgiram em várias partes do Mundo Antigo, no mundo grego não foi diferente. Viagens marítimas, dinamização do comércio, invenções da moeda, da escrita e da democracia... Com todas essas mudanças e “invenções”, a sociedade passou por mudanças necessárias. As explicações “sobrenaturais” sobre a vida e todos os seus fenômenos, não satisfaziam mais. Aos poucos uma forma de pensar mais “laica”ganhou forma. Aos pouco o discurso “cosmogônico” (o mundo explicado mediante a existência dos deuses), foi sendo substituído pelo discurso “cosmológico” (o mundo explicado mediante o uso da razão). Os filósofos Pré-Socráticos foram os primeiro a levantar questões racionais no Ocidente:
- Tales de Mileto 624-545 a.C., tudo é água ou úmido.
- Anaximandro 610-547 a.C., o princípio é o infinito.
- Anaxímenes 596-525 a.C., o princípio é o ar.
Como já falamos anteriormente, esses filósofos arrolados acima, foram os primeiros porque enfrentaram racionalmente – e, portanto, sem recorrer a uma explicação mítica – o problema do princípio primordial (arché, em grego), do qual tudo deriva.
A filosofia, em resumo, tem início quando o pensamento se torna racional, seja no sentido de procurar acompanhar processos lógicos, seja no sentido de encontrar na realidade provas que sustentem as afirmações produzidas. Por mais que hoje nos pareçam pobres, as respostas de Tales e dos outros Pré-Socráticos, que sistematicamente recusaram-se a receber o fantástico e o provável, não podemos negar que foram idéias e conceitos genuinamente racionais.

3ª O conhecimento Científico.

Se no primeiro caso, conhecimento mítico-religioso-teológico, o saber tem conotações sobrenaturais, portanto, dogmático; no segundo caso, conhecimento filosófico, o saber adquire características especulativas, ou seja, nada deve ser aceito sem que antes passe pelo crivo da razão. A “racionalização” do conhecimento conduz, necessariamente, a uma logicidade e sistematização do pensamento, nesse caso, a proposição (questão) inicial deve conduzir o pensamento à questão seguinte e assim consecutivamente.
Essa forma de se colocar diante dos problemas possibilitou o surgimento daquilo que hoje denominamos ciência. A ciência é acima de tudo um saber demonstrativo, empírico e experimental.
A chuva torrencial que cai em épocas do ano seria explicada pelo conhecimento mítico como sendo ação exclusiva dos seres divinos, tais como: o deus do trovão, São Pedro e etc. A filosofia procuraria relacionar de forma concatenada os fenômenos diversos que produzem o fenômeno, até que ele fosse racionalmente explicado; no caso da ciência, ela faria o mesmo que a filosofia, porem só inicialmente, pois logo em seguida à postulação (teoria), o fenômeno deve ser demonstrado.

Leia o exemplo abaixo:
O arco-íris é um conjunto de cores produzidas na atmosfera quando a luz do Sol atinge gotículas de água num determinado ângulo. O arco-íris é observado na atmosfera geralmente após chuvas fortes, ou sempre que existir em suspensão uma grande quantidade de gotículas, como nas proximidades de quedas d´ água e nos esguichos de molhar jardim. Estudar o arco-íris é interessante pelo fato desse fenômeno meteorológico ser uma demonstração da dispersão da luz do sol (luz branca) que sofre refração pelas gotas de chuva. A luz sofre uma refração inicial quando penetra na superfície da gota de chuva, dentro da gota ela é refletida e finalmente volta o sofrer refração ao sair da gota. Por ser um fenômeno de grande beleza, sempre chama a atenção das pessoas.

Professor: Claudio Fernando Ramos 15/02/2011 Natal-RN

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

FAÇA A COISA CERTA

Um restaurante popular do Brooklyn, cujo proprietário é descendente de italianos , localiza-se na comunidade de Bedford-Stuyvesant, e é muito frequentado por moradores do local, em sua maioria, negros. No conhecido estabelecimento, há uma “parede da fama” onde encontram-se pendurados apenas alguns retratos de italo-americanos famosos , entre eles , Robert de Niro e Al Pacino. No entanto, um dos frequentadores , também negro, não admite a ausência de fotos de sua etnia na “parede da fama”. Será o estopim para o início de um confronto dito “racial” entre brancos e negros. Trata-se de um filme de 1989, dirigido, atuado e escrito pelo afro-americano Spike Lee. Foi indicado ao Oscar por melhor roteiro original e ator coadjuvante (Danny Aiello), e mais tarde , seria escolhido pelo Instituto de Filmes Americanos (AFI) , após uma nova atualização em sua lista dos 100 melhores, como o 96° melhor filme de todos os tempos. O filme em questão intitula-se FAÇA A COISA CERTA.A temática racial e os problemas sociais dos E.U.A são constantes na filmografia do diretor , e seus filmes mostram a sua visão do cotidiano das minorias. Faça a coisa certa não apresenta-se apenas como um filme onde negros são discriminados por brancos. Existem também outras etnias, tão discriminadas quantos os negros e que não passam de uma minoria excluida : latinos, orientais, mestiços, e outras etnias presentes. No filme, não existe mocinho ou vilão, todos são iguais, todos são ambivalentes, até os negros tidos como agredidos, também agridem. O cineasta mostra como todas essas etnias também sabem ser preconceituosas e intolerantes.Assim como Amor, sublime amor ( 1961), que mostra o preconceito contra etnias, no caso, latinos, em um subúrbio de NY , Faça a coisa certa também trata da mesma temática, mas com uma abordagem geral. Não achem que os criticos gostam de Amor, sublime amor por ser apenas um musical ou Faça a coisa certa por ser apenas uma leve comedia racial . Ambos, embora alguns momentos pareçam monótonos e muito comuns, possuem uma temática universal: o preconceito, a dificuldade em aceitar as diferenças do outro.Para o elenco, nomes conhecidos como Danny Aiello , John Turturro e Samuel L. Jackson ( na época, Sam Jackson). O filme inicia-se com uma sequência inusitada: Garotas dançando em um palco ao som de Public enemy. Em seguida, vários personagens são apresentados ao público, cada um com uma determinada personalidade e caráter. Mas o filme passa a impressão de não ter uma história. Á principio parece um filme comum, mostrando diversos personagens, na maioria negros, moradores de um subúrbio de Nova Iorque: Samuel L. Jackson como locutor de uma rádio ( não participa diretamente da história); Um velho senhor chamado Prefeito; Sorridente , um homem gago e com problemas mentais;o entregador de Pizzas, Mookie ( Spike Lee) e sua companheira; Sal(Danny Aiello), um italo-americano ,dono de um restaurante, onde trabalha com os seus dois filhos; uma velha senhora conhecida como Mãe-irmã; Radio Raheem (Bill Nunn) e o seu grande radio tocando sempre a música “Fight the power” do public enemy; um coreano,dono de um mercado; e tres velhos senhores que conversam durante toda a tarde , encostados a uma parede, entre outros. Todos vivem à margem da exclusão e do clima quente , dominante na cidade.Afinal, existe algum roteiro, ou ele é confuso demais? São muitos pesonagens e mesmo assim naõ há uma historia, o filme mais parece uma análise descritiva do local através de imagens. A direção consegue contornar esse problema com os movimentos de câmera. Alguns personagens poderiam ser retirados , pois nada acrescentam ao filme. Algumas cenas parecem não ter sentido algum, como aquela em Spike lee dialoga com o personagem de John Turturro, após este ter feito alguns comentarios racistas , dizendo-lhe que o mesmo naõ gosta de negros, mas admira negros famosos como Magic Johnson, Eddie Murphy, Prince. Ao que o personagem de john Turturro retruca afirmando que “os negros famosos são mais que negros”. Outra cena interessante , ocorre aos 45 minutos, vários personagens de etnias diferentes proferem ofensas uns aos outros , não diretamente , e sim olhando para a câmera, olhando para o espectador.As cenas de xingamentos são compensadas por outra interessante cena , aquela em que Radio Raheem, "o cara do gravador" faz seu discurso frente a camera e atraves das duas mãos, onde encontram-se duas soqueiras em cada uma , fala sobre a eterna luta entre o amor e o ódio ( uma cena inspirada no clássico de Charles Laughton, O mensageiro do diabo.O filme é uma critica racial leve que aos poucos torna-se acentuada e tem o seu estopim, quando chatonildo, um dos personagens, resolve discutir com Sal o fato de não haver nenhum retrato de um negro famoso na parede do restaurante, apenas italo-americanos. Planeja, então, um boicote mal sucedido tendo como único parceiro , Radio Raheen, ressentido com Sal devido a uma discussão com o mesmo . A partir de uma hora e meia é que o filme ganha fôlego e acaba por impresionar e surpreender o espectador. Uma confissão: Se não fosse a lista da AFI, eu nunca saberia da existência desse filme e muito menos o teria assistido. Quer saber qual é a escolha certa? Então assista ao filme , tire suas próprias conclusões e tente descobrir porque os criticos o elegeram como o 96° melhor filme de todos os tempos.
Por Jackson Moreira Ferreira, em 28/08/2008 Eu, Cacau indico esse filme...