domingo, 21 de agosto de 2011

O Melhor não é o Fácil (Filosofia Existencialista de Botequim)

Autor: Claudio Fernando Ramos (Cacau) 21/08/2011
O mais Fácil não só não é como também não pode ser o melhor. É certo que o Melhor, vanguardista e exímio conservador, quase sempre conta com a incompreensão das pessoas e, deve ser por isso que vem sendo tão negligenciado, ao passo que o mais Fácil desconhece essa realidade e, consequentemente, é largamente cortejado . Nesse mundo de imediatismos e ‘facilidades’, é quase sempre “melhor” e extremamente Fácil dançar conforme a música.
Com todos os avanços e conquistas do mundo pós-moderno, olho ao meu redor e constato, tomado de uma letargia inexorável, que nada mais existe para se fazer ou dizer que já não se tenha consumado... Será?  Essa impressão imediata é fruto de um senso comum viciado; pondera, com forte desconfiança, m’alma.
Hoje, bem mais velho que ontem, vejo-me no caminho de todos os homens de bom senso, ou mesmo os de senso nenhum, o de fazer escolhas. Não refiro-me aquelas escolhas efêmeras, semelhante às que fazemos diariamente sobre o que vamos ou não comer, à que horas vamos ou não nos deitar etc. Mas refiro-me as escolhas permanentes: deixo a vida me levar ou posiciono-me em um dos lados da embarcação e, de remo nas mãos, tomo o rumo dos fatos que me são cabíveis?
O Fácil é ser caprichoso, possuidor de renomada galhardia, de olhar penetrante, com poucas ou nenhumas palavras e por isso extremamente sedutor.  Engana não de forma vil, mas de um jeito alegre e carismático. Como um parasita silencioso, instala-se sem fazer alardes. Só com o passar do tempo, e às vezes nem isso, nota-se que carrega-se um aleijão. Mas o que fazer? Recusar essa falsa, mas alegre sedução ( a “energia” que se perde é fartamente compensada pelo prazer que se ganha)? E para quê? Para assumir a verdade presumível do Melhor? Logo ele sempre tão correto, irrepreensível, norteador, imparcial, incorruptível e talvez por isso cansativo... Este, recatado como uma virgem vitoriana, só se mostra para olhos perspicazes. Enquanto aquele, como fêmea despudorada, revela-se o tempo todo, para todo e qualquer transeunte, pouco importando as quantas andam as suas cataratas.
 A juventude faz concessões, a velhice, cobranças. O Fácil é eterno adolescente, diferentemente disso, o Melhor é adulto intransigente.
Estou, como se pode perceber, diante de um dilema. Ainda não sei direito o que farei diante de tamanho problema: decidir  entre as vantagens do Fácil ou a completude do Melhor. Mas, de qualquer forma, uma coisa é certa: não posso mais continuar, a exemplo da maioria, vivendo uma vida Fácil, ao mesmo tempo em que anelo, incessantemente, a conquista de uma vida Melhor. Porque nesse caso não estarei vivendo um dilema, eu serei o próprio dilema. E isso, verdadeiramente, não é o Melhor nem muito menos Fácil.    

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