domingo, 10 de fevereiro de 2013

Humanização, o desafio da educação





Por: Claudio Fernando Ramos, Cacau “:¬)


Imagem extraída da net.



É bem provável que no passado, principalmente em períodos mais remotos da história da humanidade, as poucas pessoas que se dirigiam as, também poucas, instituições de ensino, o faziam com a finalidade de se informarem. Hoje, esse hoje também inclui um ontem ressente, as coisas não se dão exatamente dessa maneira; as pessoas se dirigem as instituições com a única finalidade de se formarem. Desde a Revolução Industrial, passando pela Revolução Francesa, as sociedades, as ocidentais principalmente, vêm passando por ininterruptas transformações. As estruturas econômicas, políticas e sociais, há muito, deixaram de ser as mesmas. Nada, nem ninguém, foi poupado! Assim sendo, não é difícil concluir que a educação também não tenha passado incólume.



 Imagem extraída da net.







Um pouco antes das revoluções acima citadas, houve uma outra “revolução”: a revolução científica. Os racionalistas, dentre os quais destacamos: Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561-1626) e René Descartes (1596-1650), substituíram, nos fenômenos existentes, às qualidades por quantidades. Essas quantificações dos eventos os tornaram mais compreensíveis, previsíveis e controláveis, todavia, o encanto com o universo e o mundo chegara ao fim. Às três revoluções somadas garantiram, inegavelmente, incomensuráveis benefícios aos homens; porém, os novos desafios propostos são igualmente inegáveis.
                                                 



  

 Imagem extraída da net.



Dentre os novos desafios vividos pelos docentes/escolas, indivíduos/famílias e grupos/sociedade, está o da humanização. Como educar no sentido mais lato que o termo exige, no âmbito de uma sociedade cada vez mais pragmatizada, sem negligenciar o aspecto mais relevante desse processo: a humanização? A generalização, filha predileta da “revolução científica”, tem sido temerariamente utilizada por vários segmentos da sociedade: nas igrejas se ouve dizer que ‘todos’ somos filhos de Deus; nos grupos sociais ouve-se que todos nascemos humanos; e, por fim, no Estado de direito, afirma-se que a cidadania é um direito de todos e, por conseguinte, somos todos cidadãos. Essa automação de prerrogativas tão caras ao homem (filiação, humanização e cidadania), tem nos afastado das profícuas discussões sobre como educar; discussão que deveria ter/ver na sala de aula o fórum/laboratório mais que adequado para frutíferas transformações, do indivíduo e, por extensão, de toda a sociedade.Talvez nascesse daí a tão sonhada areté dos gregos antigos. Ao invés disso a única conclusão resignada a que chegamos é: discutir por que se eu já sou! E mais: ignoro totalmente os valores, os significados e a importância de qualquer coisa, mas sei que tenho direitos, e isso é o suficiente. Essa situação facilmente pode nos conduzir à lembrança de um personagem de humor: “O que foi? Tô pagannnndooo!”. 

Como já dissemos, a sala de aula, em todos os seus níveis (infantil, fundamental, médio e superior), é o fórum mais adequado para o fomento de tais discussões. Não devemos repetir os erros do passado, deixar de fora uma significante parcela da sociedade (os jovens), é agir em conformidade com aqueles que proclamaram a Independência do Brasil (1822), a Proclamação da República (1889) e o fim da democracia em (1964). Em todos esses casos o povo foi violentamente negligenciado; o mesmo já não pode ser dito quando o assunto é: copa do mundo FIFA, carnaval, novelas e consumos mil... Nesses momentos, as massas são convocadas a plenos pulmões.

Deixar a condição de criatura para tornar-se filho de Deus; avançar para além da definição biológica de espécie humana para contínuas ações humanizadoras; e, ‘retirar’ do papel o conceito de cidadania e cultivar atitudes cidadãs diárias, deve fazer parte da formação integral do discente.


 Imagem extraída da net.


 

Em reportagem a uma revista de grande circulação no país, o atual prefeito da cidade de São Paulo, quando ainda Ministro da Educação, disse que as instituições de ensino superior devem ser menos ideológicas e mais pragmáticas. Sua proposição faz sentido se levarmos em consideração o atual quadro do trabalhador profissional brasileiro. A qualificação dos trabalhadores está muito aquém da necessidade do mercado. O mercado é dinâmico, e essa dinâmica o torna cada vez mais seletivo, o que implica dizer que, o profissional necessita estar cada vez mais especializado. A pragmatização, portanto, é necessária; isso é indiscutível! Mas, o que não é indiscutível é o custo disso. Não podemos declinar dessa pergunta: à custa do quê devemos priorizar a pragmatização da educação? Da ‘ideologia’ de humanizar? Definir o processo de humanização, nas escolas brasileira, como pura ideologia, não seria uma forma de minar-lhe a importância? Como podemos ver, um novo cobertor deve ser tecido, pois uma cabeça aquecida não consegue esquece, facilmente, os pés congelados. Cacau “:¬) 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário