sábado, 31 de janeiro de 2015

Filosofia Social: os Gregos e a Democracia




"A era de Péricles" Phillipp von Foltz 1853
Discurso de Péricles sobre a democracia ateniense 
Homenagem aos guerreiros mortos na primeira batalha da guerra do Peloponeso

Era costume dos atenienses escolher alguém de sabedoria comprovada e reputação eminente para proferir um discurso fúnebre em homenagem aos mortos na guerra, após o seu sepultamento. Péricles, o grande general que comandou Atenas na guerra contra Esparta e reconhecido pela sua habilidade oratória, foi o escolhido para homenagear os guerreiros mortos na primeira batalha da guerra do Peloponeso. 
Na ocasião, em 431 a.C., o general fez o elogio de Atenas e sua democracia, indicando assim que eles haviam morrido por uma causa nobre. Na época, Atenas vivia o ápice da democracia e o discurso, além de ser um dos maiores clássicos da oratória política, é também uma perene exaltação deste sistema de governo. O discurso tornou-se, ao longo da história, um modelo adotado por oradores políticos para enaltecer o orgulho dos integrantes de uma comunidade - nação, cidade, instituição -, exaltando as virtudes e qualidades que a tornam superior ética e politicamente na comparação com outras. Procedendo desta forma, o político demonstra sua capacidade de "entender o espírito" da sua comunidade, estabelece uma profunda "comunhão de sentimentos" com seus ouvintes e identifica sua imagem e sua pessoa com aquelas virtudes que são por todos admiradas. O discurso de posse de Kennedy, em 1960, é um exemplo típico do uso desta estrutura de discurso nos tempos modernos. 

O Discurso 

"Nossos homens públicos, além da política, possuem atividades privadas, e nossos cidadãos, ainda que ocupados nos seus negócios, são julgadores sensatos das questões públicas. Mas qual foi a estrada que nos levou a atingir esta posição, qual a forma de governo sob a qual nossa grandeza desenvolveu-se, quais os hábitos nacionais que a geraram; estas são as perguntas que eu vou tentar responder antes de fazer o meu panegírico destes homens. Nossa constituição não copia as leis de outros estados; nós somos um modelo para os outros e não imitadores. Nossa administração favorece aos 'muitos' ao invés dos 'poucos' e é por isso que é chamada de democracia. Se olharmos as nossas leis, elas asseguram justiça igual para todos nos seus litígios privados; o progresso na vida pública depende da reputação, de capacidade e as considerações sobre classes não podem interferir com o mérito; se um homem é capaz de bem servir ao Estado ele não é impedido pela obscuridade de sua condição. A liberdade que gozamos no nosso sistema de governo estende-se também para a nossa vida em sociedade. Nós não exercemos uma invejosa espionagem uns sobre os outros (...) embora toda esta liberalidade nas relações privadas não nos torne cidadãos que não respeitam as leis. Este temor (desobediência às leis) é a nossa principal salvaguarda. Ele nos ensina a obedecer aos magistrados e às leis, tanto as que estão impressas em documentos, como as que integram aquele código que, embora não seja escrito, não pode ser quebrado sem causar conhecidas desgraças (lei natural). Além disso, nós nos proporcionamos meios em abundância para aliviar nossas mentes dos negócios e trabalhos. Celebramos jogos e sacrifícios durante todo o ano (...) ao mesmo tempo em que a importância de nossa cidade atrai a produção do mundo para nossos portos, de tal forma que, para o ateniense, os frutos de outros povos são luxos tão familiares quanto os que produzimos. Nossa política em matéria militar também difere da de nossos antagonistas. Nós mantemos nossa cidade aberta para o mundo e nunca excluímos os estrangeiros da oportunidade de aprender e de nos observar, ainda que os olhos de um inimigo possam beneficiar-se ocasionalmente de nossa liberalidade. Na educação, enquanto nossos rivais são treinados desde o berço para a guerra, em Atenas vivemos exatamente como queremos, e, assim mesmo, estamos preparados sempre para enfrentar qualquer desafio. Mas não são apenas estes os pontos em que nossa cidade é merecedora de admiração. Nós cultivamos o refinamento sem extravagância e a sensibilidade sem efeminação; a riqueza, preferimos empregar para o uso e não para exibição. Nossos homens públicos, além da política, possuem atividades privadas, e nossos cidadãos, ainda que ocupados nos seus negócios, são julgadores sensatos das questões públicas. Diferentemente de qualquer outra nação, nós não consideramos o cidadão que não participa das questões públicas como uma pessoa sem ambições e sim como um inútil. Nós Atenienses somos capazes de opinar sobre todos os temas, e, ao invés de encararmos as discussões como um obstáculo para a ação, nós as consideramos como a preliminar indispensável para qualquer ação prudente e sábia. Na generosidade também somos singulares. As amizades nós conquistamos fazendo favores e não os recebendo, e somente nós os atenienses, sem medo, outorgamos benefícios não por interesse e sim na expectativa da reciprocidade. Esta é a Atenas pela qual estes homens, na afirmação do seu desejo de não perdê-la, nobremente lutaram e morreram."

Disponível em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=1124. Consultado em 31/01/2015.

Grécia Antiga, berço da cultura ocidental.

Nenhum povo do mundo antigo contribuiu tanto para a riqueza e a compreensão da Política, no seu sentido mais amplo, como o fizeram os gregos de outrora. Os nomes de Sócrates, Platão e Aristóteles, no campo da teoria, de Péricles e de Demóstenes na arte da oratória, estão presentes em qualquer estudo erudito que se faça a respeito e mesmo nos mais singelos manuais de divulgação.
Entendiam-na - a política - como uma ciência superior, determinante de qualquer organização social e com inquestionáveis reflexos sobre a vida dos indivíduos. Para Aristóteles era a arte de governar a cidade-estado (pólis). Por não conviverem com estados-nacionais, mas sim com organizações menores, as cidades, para os gregos, tornaram-se o objeto da sua maior atenção. Como nenhum outro povo, interessaram-se pela administração da coisa pública,
envolvendo-se nos intensos e acalorados debates políticos que afetavam a comunidade, manifestando extraordinária consciência sobre a importância e o significado da palavra eleutéria , entendida como liberdade e independência da cidade em relação a qualquer outro poder vindo de fora - num mundo cercado pelo despotismo e pela tirania. A sua contribuição não se confinou somente ao teórico, pois também legaram os grandes discursos de Demóstenes e de Ésquines que imortalizaram a oratória voltada para a ação...

A DEMOCRACIA


Demóstenes (384-322 a.C.) e seu rival Ésquines (389-314 a.C.).

As origens da democracia    


Harmódio e Aristógiton, os tiranicidas, considerados heróis da democracia.


Atenas, a mais próspera das cidades-estados da Grécia Ocidental, no decorrer do século IV a.C., estava sendo governada por um regime tirânico. Em 560 a.C. Pisístrato, um líder popular, havia tomado o poder por meio de um astucioso estratagema, tornando-se o homem-forte da pólis. Apesar da ilegalidade da sua ascensão, isso não o impediu de fazer uma administração que muito impulsionou a prosperidade e o bem-estar da capital da Ática. Seus filhos, Hípias e Hiparco, que o sucederam em 527 a. C., não tiveram o talento paterno para manter a fidelidade dos cidadãos. Em 514 a.C., Hiparco foi morto por dois jovens, Armódio e Aristógiton, que passaram a ser venerados como os tiranicidas. Sentindo a perda do prestígio do regime, Hípias fugiu de Atenas, refugiando-se num protetorado persa. A queda da tirania abriu caminho para que os dois partidos tradicionais da cidade, o dos ricos, chefiado por Iságoras, e o dos populares, liderado por Clístenes, passassem a disputar o controle de Atenas. Iságoras, apoiado pelo rei espartano Cleômenes, conseguiu desterrar Clístenes. 
Mas o povo se sublevou e conseguiu trazer o líder de volta, dando-lhe plenos poderes para elaborar uma nova constituição. A tirania havia perseguido os partidários da aristocracia, enfraquecendo a nobreza urbana, criando-se assim as condições para a implantação de um regime novo. A monarquia, por sua vez, já fora abolida há muitos séculos e o título de rei (basileus) era mantido apenas por tradição. O regime oligárquico, por seu lado, também sucumbira à tirania de Pisístrato. Abriam-se as portas, depois da expulsão do descendente do tirano, para uma experiência inédita: o regime governado diretamente pelo povo, a democracia.

Tucídides, historiador que registrou o discurso de Péricles.

A constituição democrática

Com poderes delegados pelo povo como nomotheta, Clístenes implementou uma profunda reforma política que tinha como objetivo deslocar o poder das mãos dos nobres para as dos demos, palavra que significava não apenas povo, como também os bairros e comunidades habitados.
A antiga divisão política da cidade de Atenas estava baseada nas quatro tribos (filiai) formadoras originais da região, denominadas de guerreiros (Hoples), cultivadores (Geleôn), pastores (Aegicoros) e artesãos (Argadês), todas filhas de um mítico antepassado, Ion (daí vem a palavra jônico, que denomina o povo que habitava Atenas e as regiões vizinhas). Cada uma delas era chefiada por um patriarca, o filobasileus, que mantinha uma relação de domínio sobre seus integrantes, favorecia os membros da nobreza, os quais integravam o sistema das tribos e exerciam sua autoridade baseada na tradição.
Deuses da pólis

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Clístenes, em 502 a.C., desativou a divisão por tribos e reestruturou a cidade em uma outra, baseada em 10 demos que estavam distribuídos pelo interior, na cidade e no litoral. Considerava-se cidadão (thetes) qualquer ateniense maior de 18 anos que tivesse prestado serviço militar e que fosse homem livre. Da reforma em diante, os homens da cidade não usariam mais o nome da família, mas, sim, o do demos a que pertenciam. Manifestariam sua fidelidade não mais à família (gens) em que haviam nascido, mas à comunidade (demói) em que viviam, transferindo sua afeição de uma instância menor para uma maior. O objetivo do sistema era a participação de todos nos assuntos públicos, determinando que a representação popular se fizesse não por eleição, mas por sorteio.

A crítica à democracia

Esse foi um dos aspectos da democracia ateniense que mais crítica sofreu por parte dos filósofos, especialmente de Sócrates e Platão. Eles não aceitavam que a nave do estado fosse conduzida aleatoriamente, ao sabor do acaso. Platão afirmava que adotar esse costume era o mesmo que realizar um sorteio entre os marinheiros, num mar escalpelado, para ver qual deles deveria ser o piloto a conduzir o timão para levar o barco a um porto seguro. Parecia-lhe evidente que se exigisse que mesmo as tarefas comuns fossem assumidas por profissionais, hoje diríamos técnicos; o estado só poderia ser dirigido por especialistas, pelos filósofos ou pelo rei-filósofo, como logo abaixo será exposto. O questionamento dele tornou-se, desde então, um tema clássico no debate político sobre quem deve reger o estado, a maioria ou somente os técnicos?


A família, núcleo das instituições.

A igualdade
Ágora grega

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A base da democracia é a igualdade de todos os cidadãos. Igualdade perante a lei (isonomia), e igualdade de poder se pronunciar na assembléia (isagoria), quer dizer, direito à palavra. Essas duas liberdades são os pilares do novo regime, estendidos a ricos e pobres, a nobres e plebeus. O sistema de sorteio evitava, em parte, a formação de uma classe de políticos profissionais que atuassem de uma maneira separada do povo, procurando fazer com que qualquer um se sentisse apto a manejar os assuntos públicos, eliminado-se a alienação política dos indivíduos.Procurava-se, com o exercício direto da participação, tornar o público coisa privada. Sob o ponto de vista grego, o cidadão que se negasse a participar dos assuntos públicos, em nome da sua privacidade, era moralmente condenado. Criticavam-no por sua apatia ou idiotia. Quem precisava de muros para se proteger era a comunidade, não as casas dos indivíduos.


Instituições da democracia:

A) O Conselho dos 500
Uma vez por ano, os demos sorteavam 50 cidadãos para se apresentarem no Conselho (Boulê) que governava a cidade em caráter permanente. Como eram 10 demos, ele denominava-se "Conselho dos 500". Entre estes 500 deputados eram sorteados 50 que formavam a pritania ou presidência do Conselho, responsável pela administração da cidade por 35 ou 36 dias. Cada demos era chamado, alternadamente, a responder pelos assuntos da pólis, durante um certo período. O Conselho determinava a pauta das discussões, bem como a convocação das assembléias gerais populares (a Ecclesia), que se realizavam duas vezes por semana.

B) A Ecclesia
A assembléia geral que reunia o povo inteiro não tinha um lugar fixo. A palavra ecclesia era utilizada para definir, genericamente, qualquer reunião para debater questões públicas, semelhante ao comício (comitiu) romano em sua forma original. Entretanto, em Atenas costumou-se fazer esses grandes encontros num lugar chamado Pnix, uma grande pedra que dominava uma colina, a qual comportava parte considerável dos cidadãos. Quando a ecclesia estava reunida, não só entravam na liça os problemas mais candentes da comunidade, como se escolhiam os magistrados eletivos. As funções executivas estavam divididas entre os magistrados sorteados e os escolhidos por voto popular. Eles eram responsáveis perante a ecclesia por todos os seus atos, podendo ser julgados por ela em caso de falta grave.

C) Os magistrados
As magistraturas eletivas concentravam maior prestígio. É o caso dos estrategos, que formavam uma espécie de estado-maior que reunia os comandantes militares que chefiavam os soldados de infantaria (hoplitas) em tempos de guerra. Cada estratego tinha que ser indicado (eleito diretamente) pelo seu demos e aprovado pela ecclesia. O comando supremo era entregue ao arconte-polemarco, chefe das forças armadas e virtual líder político da cidade. Explica-se a longa liderança de Péricles, por mais de 30 anos, de 460 a 429 a.C., como resultado de suas sucessivas reeleições para o cargo de estratego.
A segunda magistratura em importância era a dos juizes (arcontes) que formavam o Tribunal de Justiça (areópago), em número de nove. O título de rei (basileus), como já vimos, era mantido para o responsável pelo cerimonial religioso. A diferença entre as magistraturas escolhidas por sorteio das determinadas por voto é de que as primeiras não podiam ser reeleitas.


A sota de Atenas, onde os sofistas e os filósofos atuavam.

Os excluídos

Quem participava efetivamente da vida democrática da cidade de Atenas? Estimativas calculam que sua população, no apogeu da cidade, nos séculos V-IV a. C., dificilmente ultrapassava 400 mil habitantes [ 130 mil cidadãos (thètes), 120 mil estrangeiros (métoikion) e 120-130 mil escravos (andrapoda)]. A sociedade ateniense vivia em parte do trabalho dos escravos, sendo esses estrangeiros, visto que, desde os tempos das leis de Sólon (cerca de 594 a.C.), gregos não podiam escravizar gregos. Além dos escravos, tanto os públicos como os domésticos (oikétès) - ex-prisioneiros de guerra ou comprados nos mercados de escravos - excluídos da cidadania, contavam-se os estrangeiros (métoikion) e seus filhos, que igualmente não eram considerados cidadãos. As mulheres, independentemente da sua classe social ou origem familiar, encontravam-se afastadas da vida política. A grande parte da população, dessa forma, não participava dos destinos públicos, estimando-se que os direitos de cidadania estavam à disposição, no máximo, de 30-40 mil homens, mais ou menos um décimo da população total.

O ostracismo
Sócrates, crítico e vítima da democracia.


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Uma típica instituição da democracia ateniense foi o ostracismo (ostrakón). Tratava-se da votação feita anualmente para excluir da vida política aquele indivíduo que fosse considerado uma ameaça às instituições democráticas. Consta ter sido Clístenes quem por primeiro se utilizou dele para banir da cidade velhos seguidores da tirania. Para o cidadão perder seus direitos políticos por 10 anos era necessário, entretanto, que seu nome fosse apontado, geralmente em pedaços de cerâmica, em eleições secretas por mais de 6.000 votos. Isso evitava que ele fosse vítima do capricho de um líder político que desejasse exilá-lo da comunidade. Pode-se considerar o ostracismo como uma prática civilizada, pois evitava-se executar o adversário político, sendo aplicado principalmente contra os chefes do partido aristocrático, que sempre conspiravam contra o bom funcionamento da democracia. Além do mais, não se tocava nos bens do atingido, comprometendo-se o estado a não causar nenhum dano a seus familiares, que ficavam sob sua proteção. Cumpridos os dez anos de exílio, ele podia retornar e assumir plenamente os seus direitos de cidadania.

Apogeu e crise da democracia
Péricles, encarnação viva dos ideais da democracia.





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Como qualquer outro regime político, a democracia ateniense foi testada pelas guerras. Por duas vezes os gregos estiveram ameaçados de perder sua liberdade. A primeira deu-se quando uma expedição naval dos persas tentou desembarcar nas praias de Maratona, sendo derrotada pelo general ateniense Milcíades, em 490 a.C., e a segunda, quando os persas invadiram a Grécia sob o comando do rei Xerxes, em 480 a.C., sendo novamente derrotados nas batalhas de Salamina e Platéias, desta vez por Temístocles. A vitória de Atenas projetou-a como líder das cidades gregas, formando-se então uma simaquia, ou liga federada entre as polis, denominada de Liga de Delos (formada em 478 a.C. e extinta em 404 a.C.). Durante o trintênio de Péricles, também considerado como o período do seu apogeu, aproveitou-se dessa liderança para lançar mão dos recursos financeiros da Liga para embelezar a cidade, restaurando então o célebre templo do Pártenon (em honra à deusa Atena Pártenos, a protetora) em mármore e ouro. Isso serviu de motivo para que as demais cidades integrantes da Liga de Delos se sentissem lesadas, situação que terminou sendo explorada por Esparta, que liderou uma confederação contra os atenienses, levando-os a uma guerra desastrosa: a Guerra do Peloponeso.

Elfíades e Péricles

Dois líderes do partido democrático se destacam naquela época de esplendor: Elfíades e Péricles. O primeiro conseguiu reduzir o poder do Areópago ateniense (espécie de senado vitalício e símbolo do poder dos aristocratas) e o outro introduziu o pagamento em forma de subsídio a todo cidadão pobre que participasse das tarefas políticas das cidades, denominado de mistoforia (o misthos ecclesiastikós). Dessa forma, os de origem humilde, podiam ter sua atividade garantida nas assembléias, bem como exercer algumas das magistraturas. Essa prática desagradou profundamente os nobres e os ricos. Sócrates, que não tinha simpatias pela democracia, lamentava que as assembléias estivessem tomadas por sapateiros, carpinteiros, ferreiros, tendeiros e até vendedores ambulantes, o que fazia com que as pessoas de bom gosto e fortuna se afastassem da vida pública, abandonando o campo da política nas mãos dos demagogos e dos sicofantas (delatores profissionais).


Irene, paz e boa ordem.

A guerra do Peloponeso


Aspasia, esposa de Péricles.

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Mas a verdadeira causa do declínio das instituições democráticas foi, como vimos, resultado da derrota ateniense, perante as forças espartanas na longa Guerra do Peloponeso (431 - 404 a.C.). A oligarquia tentou retomar o poder do meio do governo dos "Trinta tiranos", em 404-403 a.C., mas uma rebelião pró-democracia conseguiu restabelecê-la. Em 338 a.C. os atenienses sofreram um novo revés, dessa vez perante as forças do rei da Macedônia, Felipe II, e seu filho Alexandre, na batalha de Queronéia, fazendo com que a cidade terminasse por ser governada pelos sucessores (diádocos) macedônicos. Seu eclipse final ocorreu durante o domínio romano, quando a Grécia inteira se torna uma província do Império, a partir de 146 a.C.

O mito das virtudes democráticas
Platão, num dos seus diálogos, o Protágoras, ou os Sofistas, reproduz o seguinte mito, narrado pelo filósofo Protágoras a Sócrates, que duvidava ser a política uma atividade ao alcance de todos:
"O homem, ao participar das qualidades divinas (a sabedoria das artes úteis e o domínio do fogo), foi primeiramente o único animal que honrou os deuses e se dedicou a construir altares e imagens das deidades: teve, além disso, a arte de emitir sons e palavras articuladas, inventou as habitações, os vestidos, o calçado, os meios de abrigar-se e os alimentos que nascem da terra. Apetrechados dessa maneira para a vida, os seres humanos viviam dispersos, sem que existisse nenhuma cidade; assim, pois, eram destruídos pelos animais, que sempre, em todas as partes, eram mais fortes do que eles, e seu engenho, suficiente para alimentá-los, seguia sendo impotente para a guerra contra os animais; a causa disso residia em que não possuíam a arte da política (Politike techne), da qual a arte da guerra é uma parte. Buscaram, pois, uma maneira de reunir-se e de fundar cidades para defender-se. Mas, uma vez reunidos, feriam-se mutuamente, por carecer da arte da política, de forma que começaram de novo a dispersar-se e a morrer.

Zeus lhes envia o pudor e a justiça


Zeus distribuiu pudor e justiça.

Então Zeus, preocupado ao ver nossa espécie ameaçada de desaparecimento, mandou Hermes trazer para os homens o pudor e a justiça (aidós e dikê), para que nas cidades houvesse harmonia e laços criadores de amizade. Hermes, pois, perguntou a Zeus de que maneira deveria dar aos humanos o pudor e a justiça: "Deverei distribuí-los como as demais artes? Estas se encontram distribuídas da seguinte forma: um só médico é suficiente para muitos profanos, o mesmo ocorre com os demais artesãos. Será essa a maneira pela qual deverei implantar a justiça e o pudor entre os humanos ou deverei distribuí-los entre todos?" "Entre todos", disse Zeus, que cada um tenha a sua parte nessas virtudes, já que se somente alguns as tivessem, as cidades não poderiam subsistir, pois neste caso não ocorre como nas demais artes; além disso, estabelecerás em meu nome esta lei, a saber: que todo homem incapaz de ter parte na justiça e no pudor deve ser condenado à morte, como uma praga da cidade."(PLATÃO "Protágoras ou os Sofistas" In: Obras Completas. Madri: Aguilar, 1974, pp. 168/9.)

Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/politica/democracia5.htm. Consultado em: 31/01/2015.

VÍDEO AULA
https://www.youtube.com/watch?v=dvhODaUQu94

domingo, 18 de janeiro de 2015

A LUZ DA JUVENTUDE ANTE A SOBRA DA VELHICE

(Conto II)

Por: Claudio Fernando Ramos 17/01/2014. Cacau “:¬)

*Necessárias correções ortográficas serão feitas à posteriore.  Grato pela compreensão! 

Claudio F Ramos, autor. 01/2015 Cacau ":¬)


Introdução

Esse nosso segundo conto contempla um tema do interesse de todos, se não agora, amanhã certamente. Se no primeiro conto falamos sobre o suicídio, nesse discorremos sobre a velhice. Os temas são bastante abrangentes e, por conta disso, polêmicos. Porém, entendemos que esses contos não são tratados científicos, doutrinas religiosas ou até mesmo pontos de vistas pessoais. As obras, agradáveis aos leitores ou não, são apenas de caráter fictícios. Portanto, qualquer semelhança com uma possível realidade, deve ser arrolada como nada além que uma mera coincidência. No mais, qualquer opinião, contra ou a favor da obra de nossa autoria, ficará restrita ao universo que as cabem: meras opiniões. Boa leitura! Cacau “:¬)

Texto

Depois...
Alguns anos depois de tamanha claridade, brilho e intensa luz, uma sombra se fará sentir.
Essa sombra nunca é muito célere no seu aproximar, por conta disso alguns até acham que ela falhará. Mas ela virá, acredite, ela sempre vem e, quando o fizer, se fará extremamente eficiente no seu escurecer.
Leve para uns, um fardo para outros,  no entanto, escura para todos.
Com ela, o alvorecer cotidiano não deixará de existir, não necessariamente; porém, a exuberância, desse mesmo alvorecer, saudosos e iluminados dias de outrora, pecará pelo excesso de modéstia, limites e incontáveis contingências quando a sombra o alcançar.
Muitos, apesar da velocidade letárgica da mesma, serão atingidos por essa inexorável penumbra do existir.
Outros partirão antes de sua indeclinável presença.
Os que partirão prematuramente, inconscientes ou não, no momento da partida implorarão aos seus deuses, caso os possua, pelo privilégio de serem alcançados pela tal sombra.
Os que receberem a graça de verem o seu desejo atendido, descobrirão impotentes que não haverá razão alguma para agradecer pelo grande “milagre” obtido.
Mas os que ainda assim insistirem na gratidão, não encontrarão oportunidade alguma para o pleno regozijo.
Aos que vivem com a luz, tudo é permitido; principalmente fazer, errar, reinventar...

Quanto aos que sobrevivem sob a égide da sombra, restam-lhe a esperança...

Um longo silêncio se fez.
O jovem ficou no aguardo de mais algumas palavras do ancião. Mas elas não vieram.
Enquanto olhava a lateral do rosto do senhor que estava sentado ao seu lado, do interior do jovem surgiu um ímpeto questionador: - Esperança no quê Mestre?
Mas ele, a exemplo do ancião, preferiu manter-se em silêncio. Não quis ser inoportuno, talvez o mestre estivesse fazendo uma oração silenciosa ou coisa que o valha; quem sabe até mesmo mensurando a extensão, peso e significado de suas palavras. Quem sabe...
O idoso tinha os olhos fixo em um ponto qualquer à sua frente, o jovem não sabia bem no quê.
Do local de onde estavam, era possível ter uma perfeita visão do vale mais abaixo. Ao longe, sem ofender a serenidade harmônica do local, um pastor tangia algumas dezenas de ovelhas. As cores dos animais contrastavam suavemente com o verde da relva e, seus balidos, de forma fraca e agradável, chegavam até os seus ouvidos como uma canção que só a natureza seria capaz de compor. Sentindo-se um pouco desconfortável com as câimbras que impiedosamente fustigavam suas pernas, procurou uma posição mais confortável; encostou as costas na grama verde, cruzou as mãos por trás da cabeça, fazendo-as de travesseiro e, em seguida, pôs-se a pensar.  Com singular humildade, era cônscio da dificuldade que tinha em entender e aceitar boa parte de tudo o que havia ouvido. As palavras do ancião foram calmas e agradáveis aos ouvidos, semelhantemente aos balidos das coloridas ovelhas que tranquilamente pastavam no vale. Mas, apesar dessa tranquilidade no falar do idoso e da sua própria limitação cognitiva enquanto entendedor, algumas coisas lhe ficaram evidentes, a menos que estivesse muito enganado, percebia muito pessimismo naquele discurso; notava um quê de amargura fatalista por trás de cada frase, uma dor incontida entranhada em cada sentença. Ficou cansado de pensar, não era de seu hábito fazer isso com regularidade, inclinou levemente a cabeça para o lado esquerdo, a fim de poder, novamente, contemplar as ovelhas; essas, conduzidas pelo pastor, estavam um pouco mais distantes agora. Lenta, mas paulatinamente eram conduzidas para mais distante ainda; parecia que o pastor as estava recolhendo. Permaneceu observando enquanto elas e o pastor iam, aos poucos, sumindo no horizonte.
Perguntou para si mesmo:
- Por que os homens precisam sempre encontrar respostas? Por que fazem sempre perguntas? Tudo não seria bem mais fácil se aceitássemos a vida tal como ela é: nascimento, vida e morte?
Sentiu inveja das ovelhas que não mais podia ver, partiram. Teve vontade de rir de si mesmo por conta desse sentimento incomum, encontrava-se às voltas com uma melancolia barata e vulgar. Nada fez! No fundo, bem no fundo, sabia que era coisa séria o que agora sentia. Para ele, elas podem não saber de nada, nem serem livres como os homens acreditam que são; mas, mesmo sem terem consciência disso, possuem um tesouro inestimável para qualquer ser vivente: finalidade específica na existência. Por isso, sem rebeldias, vazios questionamentos e retóricas evasivas, generosamente, dia após dia, elas ofertam leite, lã e, por fim, a própria carne; tudo isso para que outras formas de vida possam continuar existindo, independentemente se esses outros seres merecerem ou não essa dádiva sacrificial.
- E quanto a nós humanos?
Seres superiores, inteligentes e racionais! Seus pensamentos estavam tomados de incontida angustia.
- Sabemos tanto, temos filosofias, tratados, ciências, religiões... No entanto, passamos a vida toda para sabermos quem, o quê, e o porquê somos... E no fim de tudo, só temos mais perguntas acompanhadas de capciosas respostas... Meu Deus, o que tudo isso significa?
Assustado, de um salto pôs-se de pé; sem aviso prévio dedos flácidos, mas determinados, haviam lhe tocado.
- Vamos! A sombra da noite se aproxima! Se formos alcançados por ela corremos o risco de nos perder pelo caminho!
As palavras do idoso interrompeu abruptamente sua imersão reflexiva. A força melancólica das palavras do ancião, o tocou como uma profecia messiânica. Olhou para o céu, não era mais possível ver o sol, no entanto, o horizonte ardia. Uma espécie de batalha parecia estar sendo travada entre as cores. O azul, que havia dominado o céu ao longo do dia, agora se encontrava meio que encurralado, restrito a uma pequena faixa no oeste; dava a impressão de resistir bravamente à investida do marrom-alaranjado que se formava um pouco acima do já combalido azul. Do outro lado, no leste, subindo detrás das montanhas, uma sombra poderosa surgia para revindicar todo o céu para si. À noite, com todas as suas prerrogativas, em breve se faria sentir. Pensou em Heráclito: a guerra é a mãe de todas as coisas! O universo, com tudo o que nele existe, não tem como declinar desse imperativo. O dia vai para que a noite venha, a juventude precisa ceder espaço à velhice, a morte porá fim à vida...
O idoso já estava distante, não esperou pelo jovem, preferiu deixá-lo com seus pensamentos por mais alguns segundos. - É sempre tão raro que se queira fazer isso à luz do dia. A velhice trás mais e melhores pensamentos; esse é de fato seu único mérito! Sentenciou o velho de si para si, em seguida, concluiu: - a noite clama por uma boa cama, com lençóis limpos e travesseiros macios, onde todos, não importando se velhos ou jovens, podem, com toda calma, refletir sobre os mistérios da vida! - Esse, concluiu com certa satisfação, é um dos motivos pelos quais não devemos temer as sombras da noite.
- Mestre! O jovem o havia alcançado, e agora lhe falava com certa ânsia.
- Lhe seria muito incomodo se... Bem, se em um dia qualquer pudéssemos retomar essa significativa discussão? Eu tenho tantas dúvidas!
O ancião nada lhe respondeu, simplesmente cobriu a cabeça com o capuz do roupão que vestia, sentia frio nas orelhas. Protegido pela fraca luz do crepúsculo e pela ocultação do capuz, seu rosto sustentava um sorriso enigmático; sorriso inacessível para o jovem que o acompanhava tentando acelerar os passos. Andar rápido e pensar ao mesmo tempo; mesmo do alto de sua juventude, não lhe era fácil fazer as duas coisas concomitantemente. Cacau “:¬)


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

TODOS TIVERAM MÃE, SÓ ALGUNS (PRIVILEGIADOS) TIVERAM AMIGOS!

Por: Claudio Fernando Ramos, 02/01/2015. Cacau “:¬)


Ouço, desde a minha mais tenra idade, as pessoas fazerem a cerca do amor materno, os mais efusivos comentários: como amor de mãe não há igual; amor de mãe é para sempre; amor de verdade só existe um: o de mãe; etc, tec, etc...


Bom, ao escrever essas linhas, nesse despretensioso aforismo, nossa intenção não é a de negar, de forma alguma, a incontestável importância desse tipo específico de amar e ser amado; mesmo porque, mal ou bem amados, todos tivemos mãe!


Porém, existe um tipo específico de amor que volta e meia nos chama atenção; sendo mais específico, estamos falando sobre o Amor de Amizade!

Se tentarmos compará-lo (Amor de Amizade) com essa outra forma específica e maravilhosa de amar (Amor Materno), todos (com raras exceções) seremos unânimes em preferir este em detrimento daquele.

Por que somos sempre céleres em fazer isso?

Certamente o laço sanguíneo (de sete a nove meses no interior de alguém), a dependência (física, emocional e psíquica), a educação (formal e informal), a religiosidade (principalmente, não unicamente, o marianismo católico-romano) e as normas sociais (autoridade tutorial) deram suas contribuições.

Todavia, aquilo que serve como legitimação dessa forma de amor (Materno) também pode ser utilizado como argumentação oposta!

Vejamos, se, situação hipotética, o Amor Materno não tivesse a seu favor todos esses expedientes que acima citamos, ele ainda assim, teria a força que tem?

Dificilmente!

É verdade que o Amor de Amizade mais parece um homem forasteiro (a) que chega sem dizer nada e logo ocupa significativo espaço no interior do coração do outro; entretanto, é exatamente isso que o torna interessantíssimo, digno de nota nesse aforismo despretensioso. Ele não possui auxílios, e, pior ainda, é posto à prova o tempo todo: Deus me proteja dos amigos, pois dos inimigos cuido eu; amigo de verdade nunca falha; se ele fosse seu amigo não teria feito isso; amigo de verdade é isso ou aquilo outro; etc, etc, etc.

Como deixamos transparecer no início, não possuímos a pretensão de provar, negar, valorar e desvalorar coisa alguma! Quanto mais amor melhor, sejam eles: maternos, paternos, amizades ou divinos; todos são bem vindos! Só não podemos deixar de render tributo ao Amor de Amizade. Amor esse que sem possuir a maioria dos predicados presentes e tão necessários nas outras formas de amor, consegue elevar-nos da condição de seres singulares e solitários que somos, nos fazendo, gentil e voluntariamente, interagir como se tivéssemos nascidos para sermos um corpo e não um ser.


Por último devemos trazer viva na mente a seguinte sentença: todos têm mãe, só alguns (privilegiados) têm amigos! Cacau “:¬) 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

DIA-A-DIA DO CONSUMIDOR

Por: Claudio Fernando Ramos, 16/12/2014. Cacau “:¬)
Sou cliente do Supermercado Nordestão há mais de quinze anos, desde que vim mora nessa linda cidade: Natal. O que mais admiro na rede é a sua variedade e a sempre boa qualidade no setor de hortifruti. Porém, há um sério problema na loja do conjunto Santa Catarina! De tempo em tempo, a exemplo do que faz minha namorada na casa onde moro, os chefes dos setores mudam as coisas de lugar; com isso o cliente sofre para achar as mercadorias. De pessoa autônoma, pois se sabia onde as coisas estavam, passa-se a pessoa dependente: onde está isso e aquilo? Para piorar, não se encontra um repositor disponível para ajudar e nem adianta buscar ajuda nos caixas e empacotadores, por conta das constantes mudanças, eles também não sabem! Afinal, a quem interessa tanta “mudança”? Ao cliente é que não é! Cacau “:¬) 

sábado, 29 de novembro de 2014

ALEGRIA DE “SER” AMERICANO

Por: Claudio Fernando Ramos, 29/11/2014. Cacau “:¬)



Eu deveria estar magoado, futebolisticamente falando, afinal o América do RN não só aplicou uma inusitada goleada no meu Fluzão, em pleno Maraca, mas também o desclassificou da Copa do Brasil. Porém, as piores coisas do mundo são o egoísmo e a ingratidão! Como eu posso, apesar dos pesares, ficar magoado com um time que nesse ano só meu deu alegrias? Não entendeu? Calma, eu explico. Quando o Fluminense veio jogar na Arena das Dunas, pela copa do Brasil, me disseram: seu time não ganha do América aqui (em Natal)! Paguei para ver; resultado: ganhei 72 latas de cerveja. Passado um período de tempo, me disseram: o América F. C não será rebaixado para a série “C” do Campeonato Brasileiro este ano (2014). Paguei novamente para ver; resultado: bom o resultado você já sabe! Como você pode perceber,  no ano corrente o América de Natal deu-me mais alegrias do que tristezas. Amanhã, na casa do meu amigo Aloísio (dono do Barretos Bar), tomarei algumas cervejas relacionadas ao jogo na Arena; na próxima segunda tomarei (no Bar de Carrilho – Mercado na Praia da Redinha) às relacionadas ao rebaixamento. Como é comum aqui no RN, o primeiro se diz torcedor do América e do Vasco ao passo que o segundo, afirma torcer pelo América e pelo Flamengo. Apesar de ser apenas Tricolor das Laranjeiras  eu gostaria de convidar você leitor, para juntos tomarmos essas cervejas, principalmente se fores americano, afinal de contas se não fosse o seu América eu nada teria ganho! Cacau “:¬)

domingo, 23 de novembro de 2014

Como surgiu a Sociologia


A Revolução Francesa (França, 1789) e a Revolução Industrial (Inglaterra, 1780 a 1860) são conhecidas como o cenário para o surgimento da Sociologia. A Europa estava sofrendo grandes mudanças, transformando a vida social da população, dando ênfase no processo de industrialização e urbanização da sociedade Capitalista que ali se implantava. Foram desfeitos alguns costumes e tradições, como a família patriarcal, a servidão e o trabalho manufatureiro, dando início à indústria capitalista.

A importância da Revolução Industrial no surgimento da Sociologia

Com a Revolução Industrial, as localidades devido a um crescimento demográfico significativo, acabavam por não disponibilizar para seus habitantes uma boa infraestrutura. Ao que tange moradias e serviço de saúde, as civilizações deixavam a desejar para aqueles que saiam do campo e vinham tentar a vida na cidade. Um importante crescimento que houve na época, sob um ponto de vista, foi na área de técnicas produtivas e na introdução da máquina a vapor, que proporcionava mais comodidade para os trabalhadores do ramo. Por outro lado, a substituição da energia humana pela energia motriz, das ferramentas pelas máquinas, bem como a produção doméstica pelo sistema fabril, trouxe alguns prejuízos para as famílias que começaram a se encontrar desempregadas. As consequências da rápida industrialização não foram as melhores possíveis, já que aumentos na criminalidade, alcoolismo, violência, prostituição e surtos de epidemias de tifo e cólera foram rapidamente constatados. Estas interferências terminaram por exterminar uma fatia considerável da população.

Já na Revolução Francesa, o objetivo era fazer triunfar os ideais seculares, como liberdade e igualdade sobre a ordem social tradicional, fazendo com que essas idéias se espalhassem pelo mundo. A antiga forma de sociedade (Ancien Regime) foi abolida, promovendo muitas transformações na política, na vida cultural e na economia do país, não havendo mais as instituições  aristocráticas e  tradicionais, possibilitando igualdade entre todos os cidadãos perante a lei. Muitas das explicações baseadas na religião passaram a receber criticas e serem suplantadas por pensamentos racionais e lógicos, radicalmente mudando do modelo teocêntrico (Deus) para o antropocêntrico (Homem).


O surgimento dos primeiros sociólogos

Os primeiros sociólogos procuravam entender o estado de organização da sociedade em formação, sendo o século XVIII muito importante para o surgimento dessa ciência profunda e complexa, a qual é estudada e analisada até os dias de hoje. Todas as transformações que ocorreram na época trouxeram consigo problemas para a vida em comunidade, daí surge a Sociologia e seus pesquisadores para esclarecerem e organizarem as mudanças ocorridas no meio social, juntamente com os processos que interligam os indivíduos em grupos, associações e instituições. O termo Sociologia foi criado por Auguste Comte, em 1838, que pretendia unificar a Psicologia, a Economia e a História, levando em consideração que todos esses assuntos giram em torno do homem e seu comportamento. Mas os fundamentos sociológicos só foram institucionalizados com Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, pensadores renomados que se tornam base para nosso estudo.

http://www.sociologia.com.br/surgimento-da-sociologia/

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Valeu Zumbi!

Por: Claudio Fernando Ramos, 20/11/2014.

Imagem de Zumbi dos Palmares, litoral de Aracaju - SE 2014.
As virtudes e/ ou os vícios nas ações diárias de um homem, não importando quem ou o quê ele seja, só podem ser  plenamente conhecidas se sua origem não for desprezada! Cacau “:¬)

Ouviu-se um grito na “floresta” do nordeste brasileiro, era Zumbi dos Palmares, chamando à liberdade do quilombo, seus filhos desumanizados pelos algozes da existência racial! Ainda hoje, 20 de novembro 2014, é possível ouvir os ecos desse sagrado chamado! Seu chamado insiste em ribombar nas mentes e corações afrodescendentes dessa nação. Por conta disso hoje é feriado!  Não tenho em mente um mero feriado legislativo, refiro-me, antes de tudo, ao feriado das consciências, ao feriado da alma de um povo que não quer, não pode e não deve  se esquecer de sua origem, sua história,  seu valor!  Decido gritar de volta! Meu grito há de superar os vários anos já passados! Transcendendo toda lógica e temporalidade conhecida, esse grito atemporal chegará aos ouvidos dos meus ancestrais que há muito jazem em repouso: Valeu Zumbi; Zumbi valeu! 
Essa é a minha convicção, essa é a minha gratidão, essa é a minha homenagem! Cacau “:¬)