sexta-feira, 8 de agosto de 2014

MORRER MIL VEZES


 Por: Claudio Fernando Ramos, 08/08/2014. Cacau ":¬)

Nosso governo, através dos canais diplomáticos, opina sobre a questão dos Palestinos. Penso que seria interessante para nós todos se ele cuidasse melhor da nossa "Faixa de Gaza" doméstica! Mesmo guardadas as devidas proporções, afinal somos cerca de duzentos milhões, nossos números são de "Matar" literalmente! Geopolítica e diplomacia assemelham-se aos rigores religiosos, no fundo no fundo não passam de uma fábrica de hipocrisias mil. Queres um exemplo? Alguns setores da economia nacional estão super felizes... Por quê? Simples: por conta dos separatistas na Ucrânia, o governo de Moscou, que os apoia, está sofrendo impedimentos de alguns países europeus e do EUA... Com isso nossas exportações para o leste europeu só tendem a aumentar... Negócios, negócios, humanidades à parte! Se quiseres mais, é só pensar no Chavismo da Venezuela. Ninguém apoiou mais esse sistema político do que o nosso governo, por vezes mais até que seus próprios idealizadores. Cacau ":¬) 

EPICURO DE SAMOS (341 a 240 a.c.)



O epicurismo e outros saberes

 
“Aquele que inspira medo aos outros não está, ele próprio, livre desse medo.” (Epicuro)

Fragmento 1 - O Período Helenístico inicia-se com a conquista macedônica das cidades-Estado gregas:
- As correntes filosóficas desse período surgem como tentativas de remediar os sofrimentos da condição humana individual.



A - O epicurismo ensinando que o prazer é o sentido da vida:


- Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela ausência de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma.

- Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque nada é para nós enquanto vivemos e, quando ela nos sobrevém, somos nós que deixamos de ser.   



B - O estoicismo instruindo a suportar com a mesma firmeza de caráter os acontecimentos bons ou maus:



- Os estoicos, acreditando na ideia de um cosmo harmonioso governado por uma razão universal, afirmaram que virtuoso e feliz é o homem que vive de acordo com a natureza e a razão.

- Conforme a moral estoica, nossos juízos e paixões dependem de nós, e a importância das coisas provém da opinião que delas temos.   



 C - o ceticismo de Pirro orientando a suspender os julgamentos sobre os fenômenos:



- O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas as opiniões são igualmente válidas e nossas sensações não são verdadeiras nem falsas, nada se deve afirmar com certeza absoluta, e da suspensão do juízo advém à paz e a tranquilidade da alma.   



Fragmento 2 – Segundo a filosofia de Epicuro para sermos felizes, o essencial é o que se passa em nosso interior, pois é deste que nós somos donos.   



“O mundo me condena, e ninguém tem pena

Falando sempre mal do meu nome

Deixando de saber se eu vou morrer de sede

Ou se vou morrer de fome

Mas a filosofia hoje me auxilia

A viver indiferente assim

Nesta prontidão sem fim

Vou fingindo que sou rico

Pra ninguém zombar de mim

Não me incomodo que você me diga

Que a sociedade é minha inimiga

Pois cantando neste mundo

Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo

Quanto a você da aristocracia

Que tem dinheiro, mas não compra alegria

Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente

Que cultiva hipocrisia.” (Noel Rosa)




Fragmento 3 - De forma resumida, a doutrina de Epicuro é uma filosofia do prazer. Achar o caminho de maior felicidade e tranquilidade, evitando a dor, era a máxima epicurista. No entanto, não se trata da busca de qualquer prazer, que é evidente na canção de Noel Rosa quando exalta sua vida de sambista e nela encontrar indiferença para os que vivem em função do “dinheiro que não compra alegria”. Para Epicuro, a música era um dos prazeres no qual o ser humano ao encontrar, não devia jamais se separar. Epicuro não faz uma defesa do carpe diem ou da libertinagem irresponsável. O prazer em questão não é nunca trivial ou vulgar. Na carta a Meneceu, Epicuro afirma que “nem todo o prazer é digno de ser desejado”, da mesma forma que nem toda dor deve ser evitada incondicionalmente. A deturpação do conceito de prazer usado por Epicuro foi algo que ocorreu durante a sua vida, e ele teve, portanto, a oportunidade de rebater: “Quando dizemos então, que o prazer é a finalidade da nossa vida, não queremos referir-nos aos prazeres dos gozadores dissolutos, para os quais o alvo é o gozo em si. É isso que creem os ignorantes ou aqueles que não compreendem a nossa doutrina ou querem, maldosamente, não entender a sua verdade. Para nós, prazer significa: não ter dores no âmbito físico e não sentir falta de serenidade no âmbito da alma”. Em outras palavras, a ataraxia, a quietude, a ausência de dor, a serenidade e a imperturbabilidade da alma.  



Fragmento 4 - “Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade. Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver. É tolo, portanto, quem diz ter medo da morte, não porque a chegada desta lhe trará sofrimento, mas porque o aflige a própria espera.”

(Epicuro, Carta sobre a felicidade [a Meneceu]. São Paulo: ed. Unesp, 2002, p. 27. In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. SP: Saraiva, 2006, p. 97).



Fragmento 5 - Para Epicuro, não devemos temer a morte, pois, enquanto vivemos, a morte está ausente e quando ela for presente nós não seremos mais; portanto, a vida e a morte não podem encontrar-se. Devemos exorcizar todo temor da morte e sermos capazes de gozar a finitude da nossa vida.   



Fragmento 6 - O pensamento de Epicuro é marcado pela identificação do bem soberano com o prazer, todavia não se pode derivar dessa relação à liberação para uma vida dos prazeres. Os epicuristas determinavam que a felicidade se encontra em uma vida regrada definida segundo uma inteligência prática capaz de ter as paixões como normais, e não como inimigas.  



Fragmento 7 - Os deuses de fato existem e é evidente o conhecimento que temos deles; já a imagem que deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as pessoas não costumam preservar a noção que têm dos deuses. Ímpio não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos do povo a respeito dos deuses não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença de que eles causam os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons. Irmanados pelas suas próprias virtudes, eles só aceitam a convivência com os seus semelhantes e consideram estranho tudo que seja diferente deles.

EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. de A. Lorencini e E. del Carratore. São Paulo: Editora da UNESP, 2002. p. 25-27.



Fragmento 8 - Segundo a filosofia epicurista, o homem chega à felicidade por meio da ataraxia, que corresponde ao estado de tranquilidade da alma. Tal estado só é possível de ser alcançado se os homens deixam de temer a morte e os deuses. Uma vez que os deuses são indiferentes aos homens e existem somente em uma dimensão que não pode influenciá-los, a falsa crença de que os deuses “causam os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons” cria no homem um estado de angústia, que o impede de chegar à ataraxia.  



Fragmento 9 - “(...) o prazer é o começo e o fim da vida feliz. É ele que reconhecemos como o bem primitivo e natural e é a partir dele que se determinam toda escolha e toda recusa e é a ele que retornamos sempre, medindo todos os bens pelo cânon do sentimento. Exatamente porque o prazer é o bem primitivo e natural, não escolhemos todo e qualquer prazer; podemos mesmo deixar de lado muitos prazeres quando é maior o incômodo que os segue.”

(EPICURO, A vida feliz. In: ARANHA, M. L.; MARTINS, M. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 228.)



Fragmento 10 - “De fato, prazer e dor são sensações e por isso são maneiras de conhecer. E porque são sensações, para ambos valem todas as afirmações feitas a respeito da sensação: são causados por objetos que afetam o corpo; são sempre verdadeiros; dependem das condições do corpo que afeta e daquelas de nosso corpo ao ser afetado etc. Sua peculiaridade, entretanto, decorre do fato de que sua passividade é inseparável da atividade. Em outras palavras, efeitos de causas externas, prazer e dor também operam como causas, pois além de discriminar as coisas que nos afetam são ainda uma ação de escolha ou de rejeição delas, São critério ou regra de nossa conduta.Com eles, a canônica se articula à ética”.

(CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia, vol. 2: as escolas helenísticas. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 96)



Fragmento 11 - Há de se ressaltar que não é o prazer que gera a dor, porém certos objetos que nos afetam de maneira prazerosa podem, de acordo com o tipo de afecção, ser dolorosos.  



Fragmento 12 - “Ao instaurar a ruptura entre mythos [mito] e lógos [razão], a cultura ocidental provocou um acontecimento desconhecido em outras culturas: o conflito entre a fé e a razão, que se manifestou desde muito cedo, já na Grécia antiga”

(CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011. p.332).



Fragmento 13 - Sobre as difíceis relações entre fé e razão:



A - Para enfrentar os questionamentos que a filosofia, através da razão, impõe à fé, a religião elabora uma ciência do conhecimento de Deus, isto é, a teologia, segundo a qual o conhecimento de Deus ocorre por meio da razão.



B - Epicuro considerou que a religião não passa de uma fabulação ilusória que os homens criaram por medo da morte e das forças da natureza.   



C - Santo Agostinho considera a fé e a graça como os únicos meios de aproximar-se de Deus, mas não condena a teologia pela prepotência em querer conhecê-lo através da razão também.



D – Santo Tomás de Aquino elabora as Cinco Vias, calcada no conceito de Primeiro Motor de Aristóteles, onde ele apresenta, de forma racional, a divindade (Deus) como causa inicial e final de todas as coisas existentes.



E - O deísmo é uma reação à religião revelada. Afirma a existência de um Deus, cujo caráter é uma força, uma energia inteligente, imanente à natureza e que pode ser conhecido pela razão.



F - Ludwig Feuerbach considerou a religião como uma expressão da essência transcendental do homem, todavia, condenou a teologia que, segundo ele, deve ser substituída por uma antropologia da religião.



G – Karl Marx concluiu que a religião é o ópio do povo.



Fragmento 14 - A filosofia de Epicuro pode ser caracterizada por uma filosofia da natureza e uma antropologia materialista; por uma ética fundamentada na amizade e a busca da felicidade nos princípios de autarquia (autonomia e independência do sujeito) e de ataraxia (serenidade, ausência de perturbação, de inquietação da mente).



Fragmento 15 - A filosofia de Epicuro fundamenta-se no atomismo de Demócrito. Epicuro acredita que a alma humana é formada de um agrupamento de átomos que se desagregam depois da morte, mas que não se extinguem, pois são eternos, podendo reagrupar-se infinitamente.



Fragmento 16 - “Embora esses dogmas pertençam à religião, os utopianos pensam que a razão pode induzir, por si mesma, a crer neles e aceitá-los. Não hesitam em declarar que, na ausência desses princípios, fora preciso ser estúpido para não procurar o prazer por todos os meios possíveis, criminosos ou legítimos. A virtude consistiria, então, em escolher, entre duas volúpias, a mais deliciosa, a mais picante; e em fugir dos prazeres que se seguissem dores mais vivas do que o gozo que tivessem proporcionado”

(MORE, Thomas. A utopia. Trad. Luis de Andrade, São Paulo: Nova Cultural, 1988. Col. Os Pensadores)



Fragmento 17 - A questão sobre a natureza da felicidade humana e a possibilidade de sua realização é uma das principais questões estudadas pela filosofia grega antiga, sendo discutida no interior de uma ética e relacionada a noções de virtude e de justiça. Sabe-se que uma das características principais do humanismo, presente no pensamento renascentista, é justamente a releitura dos filósofos antigos, buscando integra-los a concepção cristã de vida. A concepção ética do povo utopiano, descrita na obra A utopia, de Thomas More pode ser considerada, em suas linhas gerais, uma revalorização de que corrente filosófica grega?

MONTESQUIEU (1689 - 1755)





Montesquieu (1689-1755) é um filósofo político cuja obra O Espírito das Leis formula uma teoria sobre a tripartição dos poderes (executivo, judiciário e legislativo). Segundo esta teoria os poderes estariam separados, e seriam interdependentes. Assim se buscava resolver o problema do favorecimento daquele que estivesse hegemonicamente no poder garantindo que os poderes podassem uns aos outros.

Fragmento 1 - Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).

Fragmento 2 - De acordo com o filósofo iluminista Montesquieu, no livro clássico O Espírito das Leis, quando as mesmas pessoas concentram o poder de legislar, de executar e de julgar, instaura-se o despotismo, pois, para que os cidadãos estejam livres do abuso de poder, é preciso que “o poder freie o poder”.

Fragmento 3 - A liberdade não pode ser definida como a permissão de fazer tudo, mas sim apenas aquilo que se instituiu permitido através da Lei formulada por um legislador capaz. Ora, se todos pudessem fazer tudo que desejassem, pensa Montesquieu, então não haveria liberdade, pois todos abusariam constantemente dessa permissão de fazer tudo.

Fragmento 4 - “A liberdade política, num cidadão, é esta tranquilidade de espírito que provém da opinião que cada um possui de sua segurança; e, para que se tenha esta liberdade, cumpre que o governo seja de tal modo, que um cidadão não possa temer outro cidadão”.
(B. Montesquieu. Do espírito das Leis. In Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 169).

Fragmento 5 - Devemos considerar necessário um equilíbrio do poder para que não ocorra algum abuso dele, e a disposição das instituições deve se dar de tal maneira que os poderes se balanceiem. São livres, apenas os estados moderados, pois neles os poderes Legislativo, Executivo, Judiciário se contrapõem garantindo a integridade e autonomia de cada um, e a liberdade de todos os cidadãos.

Fragmento 6 - Montesquieu é considerado como o teórico da separação dos poderes. É sua a ideia da necessidade de divisão entre poder judiciário, legislativo e executivo, ideia esta que, ainda hoje, é defendida e vigora na Constituição da grande maioria dos países democráticos.

Fragmento 7 - É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).

Fragmento 8 - É certo que a liberdade da sociedade democrática é justificada pela sua limitação designada pela constituição da lei, porém a grande questão passa, então, a ser: qual é o conteúdo da lei? Se a democracia é um regime fundado sobre o valor da liberdade, então como a própria lei poderia livrar-se desse condicionamento primordial? O que Montesquieu estabelece é a necessidade de a lei ser a limitação da licença de se fazer tudo aquilo que não esteja de acordo com a racionalidade do espírito da lei.

Fragmento 9 - “(...) com exceção de Rousseau, o pensamento liberal do século XVIII permanece restrito aos interesses dos proprietários e portanto elitista.” “Embora o pensamento de Montesquieu tenha sido apropriado pelo liberalismo burguês, as suas convicções dão destaque aos interesses de sua classe e portanto o aproximam dos ideais de uma aristocracia liberal.”
(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 249).

Fragmento 10 - Segundo Montesquieu, a melhor forma de governo é definida segundo a possibilidade de existência de moderação entre os poderes. Apesar de o governo republicano ter a virtude como princípio, isso não garante a ele essa moderação, sendo um tipo de governo bastante frágil.

Fragmento 11 - Cada tipo de regime político possui, segundo Montesquieu, um princípio regimental. Para que as funções do governo sejam suportadas pela opinião geral dos cidadãos, o governante deve motivar e mobilizar um comportamento específico do cidadão a partir deste princípio.

A - Em governo despótico o princípio é o medo que os cidadãos possuem do governante.
B - Para a monarquia é o amor à honra que o governante consegue fazer florescer nos cidadãos.
C - Para a democracia é o amor à virtude.

Este amor à virtude significa que os cidadãos devem estar dispostos a priorizar os interesses da comunidade e considerar secundários os interesses privados. Em “Do Espírito das Leis” (1748) é dito que uma democracia se corrompe quando os cidadãos deixam de considerar que o interesse público se sobrepõe ao interesse privado.

Fragmento 12 - “Ninguém deverá se espantar se votos forem comprados a dinheiro. Não se pode dar muito ao povo sem retirar dele ainda mais, porém para retirar dele é necessário subverter o Estado. Quanto mais o povo pensa aproveitar de sua liberdade, mais se aproximará do momento em que deve perdê-la. Cria pequenos tiranos que possuem todos os vícios de um só. Em breve, o que resta da liberdade torna-se insuportável: surge um único tirano; o povo perde tudo, até mesmo as vantagens de sua corrupção”.
(MONTESQUIEU. Livro 8º: “Da corrupção dos princípios nos três governos”. Cap. II, p. 113. Rio de Janeiro: Pensadores, 1979).

Fragmento 13 - A valorização monetária do voto não é algo espantoso. Os exemplos são tantos que não podemos considerar estranho o abuso do poder e da liberdade. Mesmo sabendo que desta corrupção surge à tirania, o ato ingênuo de trocar o voto por dinheiro ocorre. A dignidade do governo e a plenitude da liberdade dependem da confiança que o cidadão possui, da segurança que o cidadão sente. O povo não adquire liberdade vendendo os votos, evidentemente, o povo adquire liberdade ao sobreviver sob a regulação de uma Lei protetora.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Thomas Hobbes (1588-1679)



HOBBES E O PODER ABSOLUTO DO ESTADO


·         Imaginem vivermos na seguinte situação: temos o direito a tudo, “[...] a liberdade que cada homem possui de usar seu próprio poder, da maneira que quiser, para a preservação de sua própria natureza, ou seja, de sua vida; e, consequentemente, de fazer tudo aquilo que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios adequados a esse fim”.
·         Quais as consequências da vida com essas características?

ESTADO DE NATUREZA

·         Para Hobbes no Estado de Natureza a guerra de todos contra todos é que vigora.
·         Ela é consequência óbvia da disputa infindável entre os seres humanos.
·         É um Estado de matança permanente.
·         Nas palavras de Hobbes,“o homem é lobo do próprio homem”.
·         Qual a solução encontrada para essa situação?

O CONTRATO SOCIAL

·         Segundo Hobbes, a criação do contrato social é uma solução artificial para da sociedade política,para a situação de guerra em que vivíamos no Estado de Natureza. Para criá-lo o indivíduo teve que transferir seu poder de governar a si próprio para um terceiro – o Estado – para que esse governasse a todos, impondo ordem, segurança e direção à conturbada vida social.
·         Hobbes defende, diferentemente de Aristóteles, que o homem não é sociável por natureza. É exatamente por isso que o ser humano precisa estabelecer algo artificial (não natural), a saber, o contrato social. O medo e o desejo de paz levam os indivíduos afundar um estado social e a autoridade política, abdicando de seus direitos em favor do soberano.
·         Qual a característica do poder legítimo resultante do acordo? Que tipo de soberania o pacto garante? Para Hobbes o poder do soberano deve ser absoluto, isto é, ilimitado. A transmissão do poder dos indivíduos – pelo pacto social – deve ser total, caso contrário, corre-se o risco de cair no Estado de Guerra (Estado de natureza)novamente.
·         -Julgar sobre o bem e o mal, o justo e o injusto;
·         -Ninguém pode discordar dele, pois tudo o que o soberano faz é resultado do da autoridade concedida a ele pelos súditos;
·         -Se não há limites para a ação do governante, não é sequer possível ao súdito julgar se o soberano é justo ou injusto, tirano ou não, pois é contraditório dizer que o governante abusa do poder: não há abuso quando o poder é ILIMITADO.
·         O absolutismo que ele defende é do Estado: uma vez instituído não pode mais ser contestado.
·         O poder do Estado é exercido pela força, pois só a iminência do castigo pode atemorizar os indivíduos.
·         Por isso Hobbes afirma: “Os pactos sem a espada não são mais do que palavras”.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna. 2009. BAKER, Ann; BONJOUR, Laurence. Filosofia: textos fundamentais comentados. Porto Alegre:Artmed. 2010. COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva. 2010. HOBBES, Thomas. O Leviatã. Lisboa: Imprensa Nacional. 2002.